Autor: Ademar Rogato
Estamos vivendo os primeiros anos do século XXI e do 3º Milênio. Especulações e expectativas estão presentes em nossas conversas diárias. O que o futuro nos reserva? À primeira vista não vemos perspectivas de um futuro promissor. Pelo contrário, as previsões sobre nosso tempo não são nada alvissareiras. Por exemplo, estudo sobre o “efeito estufa”, conclui que o superaquecimento da terra continuará com maior intensidade nos próximos anos de tal forma que no fim deste século não haverá mais geleiras no planeta terra e, em conseqüência, os oceanos não suportarão a carga d’água fazendo com que cerca de trinta países que são ilhas serão inundados. Aí teremos, com efeito, o chamado Planeta Água.
Nosso tempo é o tempo de violência urbana. A vida humana não tem mais valor para um grande número de pessoas que, fruto, talvez, da condição social, econômica e moral ficam à margem da vida e, por isso, não vivem a vida plena. A violência é uma forma de agredir a vida, de mostrar a revolta contra ela. A pergunta de todos é: E isso um dia vai ter um fim? Será que haverá tempo de paz pelo qual os pacifistas lutam? A busca pela paz é um anseio de todos. Movimentos pela paz estão aí. Essa paz virá? Só virá por meio de Jesus Cristo. Aos Colossenses 3:15 Paulo recomenda: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações”.
Todo final de século e milênio traz consigo inquietações e suas conseqüentes angústias e temores por não dizer medos. Nostradamus nos deixou expectantes por causa de suas profecias do “fim do mundo” ao afirmar que o mundo acabaria em 1999. Em virtude disso, surgiu a célebre frase “mil passará, mas dois mil não chegará” e, pasmem, eis-nos, no ano 2001. Que terá acontecido? O profeta enganou-se em seus vaticínios ou o cosmo resolveu mudar de curso sem avisar a humanidade?
À luz do que temos vivenciado nesse final e início de milênio, nossa principal preocupação, como cristãos, é com relação ao Cristianismo. O que será de nosso Cristianismo de ora em diante? Haverá prosperidade para o Cristianismo? Cristo disse que por se multiplicar a maldade a fé de muitos esfriará? (Mt 24:12 BLH). Este é o tempo do desamor. A Bíblia diz que o “o amor jamais acaba” (1 Co 13:8) mas os relacionamentos humanos estão se deteriorando por falta da prática do verdadeiro amor, o ágape divino, que é a base sólida da fraternidade.
O Cristianismo tem perdido sua força evangelizadora com resultados não muito expressivos ao mundo. Alguém, questionando a falta de uma ação mais eficaz da igreja na cidade ou no bairro, pergunta se algum vizinho sentiria falta da igreja se ela deixasse de existir. Provavelmente muitos não tem tido interesse pela Igreja por estar escandalizado com fatos desabonadores que têm acontecido no meio evangélico e, quem sabe, decepcionado com a própria Igreja Católica Romana por sua conduta doutrinária enrijecida e sem perspectiva de uma abertura para o novo. Outras religiões não cristãs e movimentos de espiritualidade descomprometidos com a Palavra de Deus, têm tido êxito na propagação de sua mensagem em vista das pessoas estarem desejosas de encontrar verdadeira resposta às suas inquietações espirituais
Diante dos exposto podemos observar o seguinte:
Primeiro: Reconhecemos que as pessoas estão buscando respostas às suas inquietações. O ser humano é, por natureza, um ser religioso. A Bíblia diz que o homem foi criado por Deus e que recebeu Dele o sopro de vida o espírito imortal da vida de Deus. É por isso que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. O homem é um ser completo. Em 1 Tessalonicenses 5:23, Paulo menciona a tricotomia humana quando faz referencia à integralidade humana composta de corpo, alma e espírito. No livro de Eclesiastes 12:7 diz-nos que “o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu”. Aqui vemos então a eternidade do espírito. Vindo de Deus esse espírito carece da comunhão com Deus como o recém nascido carece do toque e proteção da mãe. O homem procura satisfazer esse anseio religioso através de práticas religiosas sejam elas cristãs ou não.
Segundo: Reconhecemos que a igreja não tem respondido satisfatoriamente aos anseios e questionamentos das pessoas. Possivelmente por falta de adequação à realidade moderna para o que, sem dúvida, exigiria uma tomada de decisão corajosa porque de certa forma afeta princípios e conceitos que são praticados há muito pela igreja. Mudar não significa renegar seus princípios de fé e moral. Mudar tem também o sentido de adequar-se, de atualizar-se, de oferecer sua contribuição para responder aos desafios modernos e propor rumos de vida, a bússola espiritual que conduzirá o navegante ao porto.
Terceiro: Não podemos ser pessimistas e fazermos coro com os profetas da desgraça e do desespero. Nós, cristãos comprometidos com Deus, devemos levar às pessoas as três virtudes cardeais da fé cristã: fé, esperança e amor.
Pela fé nós somos sustentados porque ela é a base, o alicerce sobre o qual estamos firmes. A fé, na definição de Hebreus 11:1, é a “certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem”. Já que somos espirituais porque de Deus viemos, não podemos viver sem fé visto que nosso relacionamento com Deus só se dá pela fé. O mesmo livro de Hebreus (11:6) nos diz que “sem fé é impossível agradar a Deus” e que aquele que se “aproxima de Deus” tem que crer que Ele existe. Portanto, a fé nos mantém na presença de Deus.
Pela esperança pomos em prática o exercício da fé e a reafirmamos quando aguardamos que promessas ou expectativas do porvir se tornem presentes um dia. É isso que Hebreus 11 descreve ao falar dos heróis da fé. Em Romanos 4:18 Paulo diz que Abraão esperou contra a própria esperança quando aguardava o cumprimento da promessa de Deus de que seria ele pai de numerosa nação, sendo que ele não tinha herdeiro e não havia mais condições humanas de gerar filhos. Entretanto, esperou porque crera naquele que Aquele que prometera é fiel. Esperar por coisas possíveis, coisas que podem acontecer, não é esperança. Portanto, ainda que o presente século e milênio não ofereçam boas perspectivas futuras tenhamos esperança de que o Senhor está no comando de tudo. A esperança não morre. E se morre não é esperança.
O amor, a fé, e a esperança dão sentido à vida. Os cristãos devem oferecer ao mundo estas três virtudes para que o presente milênio seja menos violento e o amor seja o “vínculo da perfeição” (Colossenses, 3:15).
Chegou o 3º Milênio e com ele a certeza de que o tempo de Deus (kairós) não é exatamente o tempo do homem (hcronos). Bem disse o apóstolo Pedro: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3:8). O tempo do homem está condicionado à contagem cronológica dos dias enquanto no tempo de Deus, o kairós, não é medido pelo chronos do homem mas, sim, pelos eternos desígnios daquele que tem o governo sobre todas as coisas.
Portanto, enfrentemos com coragem, com confiança e com destemor o novo milênio e com ele todas agruras da vida que porventura vierem. Que Deus nos abençoe.
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