Teologia da modernidade

Autor: João Arantes Costa




"Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas". II Timóteo 4:3,4
Deixem-me começar o último ano deste milênio refletindo a realidade teológica dos segmentos religiosos do Brasil de hoje. A Folha de São Paulo, do último domingo, trouxe um caderno especial intitulado "Busca pela fé". Uma pesquisa muito bem feita, com análise profunda de vários sociólogos, estudiosos do fenômeno religioso brasileiro. Repensando esse trabalho jornalista da Folha de São Paulo, resolvi alinhavar alguns pensamentos que venho guardando em meu arquivo de Teologia Sistemática – matéria que leciono no Centro de Estudos Teológicos do Vale do Paraíba – e expô-los com o título de Teologia da Modernidade. Isto é, "A moda agora é esta":
1. Teologia geográfica – Para os adeptos da Teologia Geográfica, Deus concentrou a Sua graça nas regiões da antiga Palestina, especialmente nos vários acidentes geográficos, tais como: rio Jordão, monte das Oliveiras, Getsêmani, Calvário, etc. É lógico que a história do povo judeu e de sua terra é importante para os estudos da Bíblia. A teologia sadia é Emanuel – Deus conosco e não a "terra que mana leite e mel".
2. Teologia da prosperidade – Os que adotam essa postura teológica vêem o relacionamento de Deus com os homens através das chamadas bênçãos materiais. É, sem dúvida, uma teologia capitalista, egocêntrica, e, sobre tudo, materialista. Uma teologia que só consegue ver Deus nas coisas palpáveis e que trazem satisfação física. Essa teologia não é capaz de entender o encontro de Jesus com o moço rico, quando lhe disse: "Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e depois vem e segue-me" (Mateus 19:21). E diz o texto: "e o moço retirou-se triste, porque possuía muitos bens" (Mateus 19:22).
3. Teologia coreográfica – Esta é a teologia dos movimentos físicos. Para que o povo possa entender a pessoa de Deus, é preciso de uma teologia demonstrativa de beleza e de cores. Deus não precisa de representação. Para mim o que escreveu o escritor da Carta aos Hebreus basta: "Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da majestade, nas alturas" (Hebreus 1:3). Isto não quer dizer que a igreja não possa usar a arte no culto que se presta a Deus.
4. Teologia carismática – Esta teologia enquadra Deus nos limites dos dons. Fora desses limites, Ele não pode Se revelar. Se uma comunidade evangélica não adere ao carismatismo ela não conhece a Deus. Deus não se manifesta nos dons. Sabemos pela Bíblia, que os dons são instrumentos de serviço e não da revelação de Deus. Antes do Carisma Neotestamentário, Deus sempre se revelou aos homens – desde Adão até Malaquias.
5. Teologia de marketing – Para esta teologia Deus passou a ser um produto de mercado. Quem tiver uma melhor mídia é que sai lucrando. Vende mais. Daí os grandes Shows Gospel. Quem consegue colocar mais gente no estádio do Maracanã? E os animadores dos programas televisionados disputam as figuras chamadas carismáticas dos vários segmentos religiosos. E o povo vai atrás, não de uma relação íntima com Deus, mas de um entretenimento para as tardes de domingo.
Conclusão – Precisamos parar um pouco e pensar biblicamente o que vamos fazer para melhorar a vida espiritual do nosso povo. Estamos cedendo, sem nenhuma resistência de nossa parte, aos exploradores da teologia da modernidade. Temos que fazer alguma coisa "antes que venha o grande e terrível dia do Senhor".

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