Simplicidade

Autor: Samuel R. Pinheiro

2004-Maio-31

Uma das características do Evangelho de Jesus Cristo é a sua simplicidade. Não é preciso cursar nenhuma universidade teológica, não é preciso dominar os conceitos complicadíssimos da ciência e da filosofia, para entendê-lo e para vivê-lo. Apenas é necessário um coração disposto a aprender e uma vontade inclinada a fazer a vontade de Deus.
Isto mesmo expressou Jesus quando os Seus setenta discípulos retornaram da sua viagem missionária, entusiasmados pela constatação prática do poder divino manifesto através deles.
“Naquele momento, Jesus, cheio de alegria por acção do Espírito Santo, disse: ‘Agradeço-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque mostraste aos simples as coisas que tinhas escondido aos sábios e entendidos. Sim, Pai, agradeço-te, por ter sido essa a tua vontade. Meu Pai entregou-me tudo. Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai, e ninguém sabe quem é o Pai senão o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser dar a conhecer.” (Lucas 10:21,22).

O Evangelho de Jesus Cristo não é elitista. O ensino de Jesus é simples e acessível para quem é simples e aceita com simplicidade a verdade. Até uma criança pode entender e aceitar.
Hoje existe um grande desenvolvimento na reflexão sobre a inteligência e as suas capacidades. Fala-se em inteligência cognitiva ou racional e em inteligência emocional.
Para compreender e aceitar o conteúdo da fé cristã não é necessário ser um génio, ter um elevado coeficiente de inteligência cognitiva ou emocional. A nossa sociedade é muito exigente e é pautada pela concorrência. Neste processo muita injustiça é gerada para além do progresso que de alguma forma pode beneficiar a generalidade da população. No que diz respeito ao evangelho todos podem percebê-lo e aceitá-lo.
O conhecimento científico sobre uma flor não supera o deleite de contemplar a sua beleza e deixar-se inebriar pelo seu perfume. O mesmo acontece com um pôr de sol em relação ao estudo da astronomia.
Não se trata da apologia da ignorância ou da mediocridade. Todos podemos constatar que ao longo da História muitos intelectuais, génios mesmo, nas mais distintas áreas do conhecimento desde a literatura à pintura, à escultura, à arquitectura e à música exprimiram à sua maneira o seu deslumbramento face às realidades cristãs. O mesmo se pode dizer da filosofia e da ciência.
Ao contrário o cepticismo acaba por aprisionar a mente num sistema tortuoso em que a limpidez e a clareza da pessoa, da vida e do ensinamento de Jesus são distorcidos. A verdade não obriga ninguém a crer. É assim a liberdade. Existe sempre espaço para dizer não. Quem não quer crer terá sempre argumentos, quaisquer que eles sejam. O que para quem crê é tão simples, tão fácil, tão claro, tão lógico; para quem não crê tudo se torna complicado e contraditório.

O Evangelho de Jesus Cristo não depende da inteligência humana. Jesus deu largas à sua alegria pelo facto de os simples terem sido contemplados pelo conhecimento das coisas mais importantes e determinantes que concernem à vida presente e eterna, ao passo que os sábios e entendidos não são privilegiados e muitas vezes tropeçam nesse mesmo pretenso conhecimento. Não é pela via da investigação, pela imaginação, pela reflexão ou pelo auto-conhecimento que o homem pode alcançar Deus. Qualquer escada que o homem possa construir ficará sempre a anos-luz de distância de quem realmente Deus é, da Sua essência, da Sua vontade, dos Seus propósitos. É pela revelação, por aquilo que Deus nos diz que podemos vislumbrar tudo isso.
Por isto eu admiro Jesus, por isso O amo, por isso O sigo.
Jesus. Divino e humano. Mestre da vida e do amor.
Também eu me quero juntar ao hino de gratidão de Jesus e agradecer ao Pai pelo facto de ser incluído no número dos que querem depender d’Ele para entender e para perceber. Também eu quero estar incluído na graça que acolhe a todos os que nela querem abrigar-se. O mais simples e o mais humilde, o menos capaz e o menos conceituado pelos padrões humanos está em condições de ser alcançado pela mente de Cristo.

O Evangelho de Jesus Cristo ilumina e dilata a inteligência humana. Quando o coração se abre para o amor e a justiça divinas a mente é iluminada pela luz que deles irradiam. O Evangelho de Jesus Cristo está protegido pelo mandato do Pai. Ninguém pode invalidar a decisão do Pai. Como Ele determinou assim será eternamente. Os esforços humanos para desacreditar o Evangelho são inúteis. Todos os que dele se abeiram com ouvidos dispostos a ouvir e um coração receptivo deleitam-se na sua limpidez. Não se trata de credulidade, nem de um passo dado no escuro. Não se trata de fé na fé, nem de crer por crer. Não é a crença que torna verdadeira a verdade, é a verdade que torna verdadeira a crença.

O Evangelho de Jesus Cristo tem toda a força da evidência no dia a dia de quem crê, dos que o abraçam e praticam. Isso os discípulos constataram com os seus próprios olhos, com as suas mãos, com os seus ouvidos e com a sua boca. À semelhança daqueles dias pioneiros também nós hoje podemos verificar a consistência das propostas e desafios do Evangelho de Jesus Cristo mediante o testemunho de uma multidão de homens e mulheres. Quantas vidas contagiadas por essa alegria que jorra em abundância do amor e do perdão divinos.

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