Ser ou não ser membro de igreja?

Autor: Sebastião M. Arruda

Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles (Heb 13:17).
Deus nos deu Sua Palavra escrita, imutável, registrada na Bíblia Sagrada; e hoje Ele comissiona pregadores para expor e aplicar esta Palavra às situações que enfrentamos: no relacionamento familiar, no relacionamento com Ele próprio e  no relacionamento com as demais coisas do mundo, como serviço, estudo, etc. O pregador  fala em nome de Deus, porque Deus falou na Bíblia; a voz dele ressoa como o familiar “Assim diz o Senhor.” A Igreja tem a responsabilidade de ouvir e avaliar tudo que é dito à luz da verdade revelada de Deus.
Consideremos o fenômeno contemporâneo do crente sem vínculos com a Igreja. Esta espécie não-muito-rara se imagina um membro da Igreja de Cristo de alguma maneira, mas não da igreja local ou de qualquer denominação. Como José de Arimatéia, que “era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus” (Jo 19:38).
Sob inspiração do Espírito Santo, o escritor sagrado exorta seus leitores, convertidos do judaísmo, a não abandonar a Igreja cristã em busca da velha religião, a sua religião apóstata. Para aquelas almas valentes, abraçar o cristianismo  envolveu grande sacrifício e dor. Muitos foram expulsos da família, da comunidade, do templo e da sinagoga, perdendo posições na sociedade, parentes e amigos. Deixaram uma religião que, naquele tempo, estava desviada da verdade de Deus e comprometida com tradições e inovações humanas. Perderam tudo e passaram a ser fugitivos que nada possuíam, exceto as promessas divinas. Seguidamente encontramos em Hebreus advertências fortes a estes crentes para que não retrocedessem, não abandonassem a verdade do Cristianismo a nenhum preço: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns” (Hb 10:25). Em nosso texto o escritor ordena-lhes: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles”. É para  estes dois mandamentos do texto – obedecei e sede submissos – que voltamos nossa atenção. O que eles querem dizer, e como podemos obedecer?
Alguns pensam que ser membro formal de uma  igreja é u’a mera tradição sem nenhuma base bíblica. Certamente há muitos problemas com a idéia de filiação a uma igreja, pelo menos com o modo descuidado como isso é praticado freqüentemente em nossos dias, mas a necessidade de ser membro de uma Igreja continua e tem suas raízes na Palavra de Deus.
O rol de membros típico de uma igreja inclui nomes de pessoas que podem ter deixado há anos a congregação e podem estar freqüentando  outras igrejas ou nenhuma igreja. Uma vez que uma pessoa tenha sido batizada em uma igreja local de uma determinada denominação, ela, geralmente, permanece Batista, Metodista, Presbiteriana, etc., independentemente de freqüentar ou não aquela igreja. Para ajudar a minimizar o embaraço e para evitar as dificuldades requeridas em omissão bíblica formal, igrejas modernas inventaram a idéia de um rol de inativos. Esta improvisação diminuiu o valor de um rol degreja, tornando legítimo o status de “membro inativo” para alguém que está supostamente fora do âmbito de disciplina da Igreja.
Mas não podemos perder a exigência divina inconfundível do texto, “Obedecei aos vossos guias”. Este mesmo ensino se evidencia em  duas outras ocorrências desta frase notável, neste mesmo capítulo (vv. 7, 24) Os líderes da Igreja, não os da família ou da autoridade civil, são mencionados. Cabe aos presbíteros a responsabilidade de pastorear o rebanho de Deus a eles confiado, exercendo uma supervisão espiritual satisfatória (I Pd 5:1-2). Isso envolve autoridade sobre aqueles que são membros da Igreja. Como ministros, eles governam em nome de Cristo. Quando obedecemos à sua diretriz, estamos, na verdade, obedecendo a Cristo.
Mas alguém pode objetar: “eu não sou membro de  igreja e, portanto, nenhuma igreja tem autoridade sobre mim. Esta passagem não se aplica à minha pessoa”. Contudo, Hebreus 13:17 apresenta-nos aquilo  que deveria ser o caso de todos os que se dizem cristãos. Hebreus 13:17 apresenta uma norma para a vida cristã. Não deveriam todos os verdadeiros filhos de Deus, que entendem as implicações desta passagem, submeter-se a essa ordem expressa da Palavra de Deus? Não podemos nos esquecer de que uma pessoa é abençoada à medida que obedece a Deus: “Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração” (Sl 119:2).
Muitos cristãos rejeitam o conceito de que as autoridades da igreja governam sobre eles. O individualismo egocêntrico e a escravidão ao erro rejeitam a idéia de submissão à autoridade. Gostamos de pensar que o que  adquirimos e a posição em que estamos na vida foram conseguidos pelo nosso próprio poder e que, portanto,  não precisamos nos submeter a qualquer autoridade. Mas submissão é um conceito bíblico. Devemos obedecer aos que ocupam cargos de autoridade, pois assim estaremos sendo submissos ao próprio Cristo.
Como obedecemos? O texto esclarece este mandamento na palavras que se seguem: “sede submissos para com eles”. “Submissão”! A simples menção desta palavra faz as pessoas  arrepiarem-se. “Submissão? Por quê? Isso é humilhante! Isso implica inferioridade, alguém é superior a mim” – pensam. Interiormente essa idéia é rejeitada, mas, volto a dizer, ela é bíblica. Nosso Senhor Jesus Cristo submeteu-Se voluntariamente ao Pai. A esposa amorosa submete-se ao seu marido. Em que sentido Cristo é inferior ao Pai? Em que sentido a esposa amorosa é inferior ao seu marido? Em nenhum sentido! Ainda assim, ambos se submetem. De certa forma, há uma necessidade de submissão às autoridades da Igreja, se é que queremos ser obedientes a Deus.
Vamos dar uma pequena olhada em três salmos que nos falam das bênçãos da Igreja: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! … Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade” (Sl 84:1-2, 10). Aqui, o salmista expressa o seu profundo desejo de um íntimo relacionamento com o Deus vivo. Deus colocou este vazio no coração do homem, e isso não pode ser preenchido por nada além do próprio Deus. Às vezes nos envolvemos com muitas ocupações, tentando preencher esse vazio com coisas materiais, intelectuais ou sociais, mas nada disso pode satisfazer às necessidades humanas básicas. Onde podemos achar algo que satisfaça essa necessidade? Na igreja, o lugar onde a presença de Deus assiste (I Cor 3:16). “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil”. Só o verdadeiro relacionamento com Deus pode dar uma real perspectiva de vida.
Nas palavras de outro Salmo: “Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus. Seu santo monte, belo e sobranceiro, é a alegria de toda a terra; o monte Sião, para os lados do Norte, a cidade do grande Rei” (Sl 48:1-2).
Aqui, encontramos a Igreja de Deus sendo comparada a uma cidade. Esta é a cidade falada por nosso Senhor Jesus Cristo quando Ele disse, “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mt 5:14). Cristo compara os seus discípulos a uma cidade que está estabelecida em uma colina. Vejamos essa comparação em Hebreus 12:22-23: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia  e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados”. Essa é a realidade espiritual e o cumprimento daquilo de que a cidade de Davi era apenas um tipo. Por que o povo de Deus não iria querer entrar nessa cidade? Por que  iriam querer ficar do lado de fora? Por que eles se contentam em estar pró
ximos dos crentes? Por que eles não se identificam com o povo de Deus?  Por que tantos que se professam cristãos não querem entrar na Cidade,  tornarem-se parte da igreja visível de Deus? Alguma coisa está errada!
O salmista diz: “Eu amo, SENHOR, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste. Não colhas a minha alma com a dos pecadores, nem a minha vida com a dos homens sanguinários, em cujas mãos há crimes e cuja destra está cheia de subornos. Quanto a mim, porém, ando na minha integridade; livra-me e tem compaixão de mim. O meu pé está firme em terreno plano; nas congregações, bendirei o SENHOR” (Sl 26:8-12).
“Eu amo, SENHOR, a habitação de tua casa ” – Você pode, verdadeiramente, dizer isso? Você ama estar entre o povo de Deus? Afinal de contas, o que temos realmente em comum com os incrédulos? Mas temos tudo de real importância em comum com os verdadeiros cristãos. Se você está mais inclinado a gastar o seu tempo com os incrédulos do que com Deus e Seu povo, alguma coisa está errada, pois os filhos de Deus têm prazer na companhia dos filhos de Deus.
Considere as palavras de Jesus: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.  Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.  Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18:15-20).
Esta passagem inclui quase que palavra por palavra a declaração do Senhor a Pedro: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 16:19). No capítulo 16, Jesus dirige-se a Pedro somente como o representante da Igreja, usando um pronome da 2ª pessoa do singular: “o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus”. Mas no capítulo 18, Ele usa um pronome diferente, 2ª pessoa do plural: “tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.” Aqui Ele dirige-se a todos os Seus discípulos e, por extensão, à Igreja. Ele diz-lhes que, coletivamente, eles têm o poder de “ligar” e “desligar”. Essas palavras tinham originalmente um uso rabínico que significava “proibir” e “permitir” respectivamente. A idéia é que atitudes podem ser proibidas ou permitidas nos termos da vontade expressa de Deus revelada em Sua Lei.
O pensamento  moderno tem sido tremendamente influenciado pela “ética situacional”, largamente aceita hoje em dia, até mesmo em algumas igrejas. Muitos hoje estão convencidos de que certas ações más, às vezes, podem ser certas, debaixo de certas circunstâncias. Não é assim com Deus! Como o profeta do Antigo Testamento afirmou tão vividamente: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5:20). Nosso Senhor pretende que a Sua Igreja  exerça o “poder das chaves” na pregação autoritativa da Palavra de Deus e no exercício legal da disciplina da Igreja, admitindo os pecadores penitentes para uma comunhão com o Deus vivo, e sempre mostrando ao impenitente que ele está fora da cidade santa.
Os versos 19 e 20 são apresentados freqüentemente como uma referência a um pequeno grupo de oração: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Embora esta idéia seja verdadeira, esse não é o significado primário desse verso em seu contexto. O assunto de que trata a passagem é a disciplina da Igreja. Quando um conselho  de igreja, em sessão, pronuncia uma sentença sobre um de seus membros, condenando-o por um pecado não arrependido,  Cristo promete estar presente no meio deles. Se o julgamento do Conselho estiver de acordo com o que diz a Bíblia, a sentença do conselho é a sentença de Cristo! Note que é a maioria de um conselho legalmente constituído pela Igreja  – dois ou três concordarem em nome de Cristo – que pronuncia a sentença. (Se esta exigência bíblica fosse seguida, haveria menos escândalos na igreja.)
Das três agências  de governo  humano instituídas por Deus, a família, a igreja e o estado, somente a Igreja tem a autoridade diante de Deus de pronunciar a sentença de exclusão de um pecador que não se arrepende, dizendo claramente: – “Você será condenado para sempre,  a menos que se arrependa. A menos que você esteja em paz com Deus, nunca se iluda achando que  tudo está bem com sua alma. A menos que você se arrependa do seu pecado e tenha comunhão com o Juiz de toda a terra, você está em perigo medonho de tormento eterno no lago de fogo”. A Igreja está chamando o Juiz divino a honrar a Sua palavra, que Deus promete cumprir. Enquanto Deus reserva para Si o direito de  executar o julgamento final no  céu, em Sua sabedoria, Ele deu à Igreja a responsabilidade de pronunciar o julgamento temporal, na terra. A mais alta punição dada pelo estado é a de força coercitiva —a pena capital— mas a mais alta punição dada pela Igreja é a exclusão que diz “A menos que você se arrependa, a menos que você volte a Deus nas condições dEle, você vai ser condenado eternamente.”
A Confissão de  Fé de Westminster sugere que a suprema importância que Deus dá à Igreja é porque fora dela “não existe possibilidade ordinária de salvação”. Alguns, como o ladrão que se arrependeu na cruz,  podem chegar à fé salvadora em Cristo sem esse expediente, mas porque não tiveram a oportunidade formal de se juntar à Igreja antes da morte. Mas esse caso é uma exceção e não a regra. É por isso que a Confissão usa a palavra “ordinária”. Fora da Igreja “não há nenhuma possibilidade ordinária de salvação”. Mas quantas pessoas em nossos dias  pensam delas mesmas: “eu tenho uma fé pessoal em Deus. Eu não sou membro de igreja, pois há muitos hipócritas lá e eu não vou me unir a eles”.  Assim, vivem cegamente, como se tudo estivesse bem com a sua vida.
Há alguns anos, li  um caso curioso sobre uma senhora judia. Ela começou a freqüentar uma igreja, e lhe foi permitido até participar da ceia do Senhor, mas continuava  na prática de todos os seus hábitos, inclusive o de ir à sinagoga aos sábados. Ela nunca decidiu se dispor totalmente à vontade do Senhor. Ela não estava disposta a renunciar a sua religião e a ser batizada na Igreja Cristã, contudo teve (injustamente) o privilégio de tomar a Ceia do Senhor aos domingos. Isso representa uma violação muito séria da ordem de Deus com respeito a ser membro de uma Igreja, porque apenas aqueles que são parte da Igreja visível, que confessaram a Cristo como  Senhor e Salvador, que se submetem à ordenança do batismo e à autoridade legal da Igreja devem participar da Ceia do Senhor.
No mesmo livro, li ainda sobre uma certa senhora que tinha freqüentado a Igreja durante anos. Quando um presbítero foi questionado sobre a situação dela,  se havia tomado uma decisão de ser membro da Igreja,  ele disse: “Bem, de fato não, ela não tomou. Você vê, ela está envolvida com…” (e ele nomeou um certo ministério evangelístico paraeclesiástico cujos obreiros têm a política de nunca mencionar a sua afiliação eclesiástica). Ele continuou, “Ela sente que o seu ministério com aquela o
rganização seria impedido se ela tivesse um vínculo com uma igreja em particular.” Então observou o articulista: “Isso é incrível! Você quer dizer que ela sente que poderia servir melhor a Cristo desobedecendo a Cristo?”
A Bíblia diz: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles”. Isso não significa obedecer de algum modo vago, obedecer de boca somente. Você não pode obedecer a esses que estão autorizados a reger a Igreja de Cristo se você não se une a eles. Você simplesmente não pode submeter-se à liderança legalmente constituída da igreja a menos que você se torne um membro. Você nunca poderá ser excluído se você nunca for um membro comungante. Em nossa igreja, sempre que participamos da Ceia de Senhor, o ministro convida “aqueles que estão em plena comunhão com qualquer Igreja evangélica para participar da Mesa”. A Ceia de Senhor  é uma mesa de comunhão a ser dada apenas aos santos fiéis que se submeteram corretamente aos princípios da  Igreja, e dela são membros,  porque é requerido que todas as coisas sejam feitas com decência e ordem (I Cor 14:40).
Considerando que a própria Igreja é tida por muitos em tão baixa consideração hoje, os seus  poucos membros devem tê-la em alto valor.  Organizações cívicas ou associações de profissionais têm, às vezes,  exigências mais altas para  os associados do que as da Igreja. Em quantos clubes sociais você poderia permanecer sócio sem nunca pagar os títulos e as mensalidades devidas? Essas organizações sociais deveriam ter padrões mais altos de sociedade do que a igreja de Jesus Cristo? Isso, de fato, é  vergonhoso. Nenhuma outra organização tem o poder das chaves, o poder de declarar as pessoas admitidas  no céu ou declarar que estão privadas da presença de Deus.
Esta atitude é muito comum no evangelismo moderno. Nele, parece que o sentimento difundido é que as agências paraeclesiásticas, não a Igreja, estão realmente cumprindo a Grande Comissão, e se você quer fazer a sua oferta, onde ela alcançará reais resultados, você terá que dá-la a um ministério paraeclesiástico. Isso acontece porque há um engano geral de que a Grande Comissão tem um único papel de persuadir indivíduos a “convidar Jesus para a vida deles” —  para assinar um cartão de decisão ou falar com um conselheiro que lhes mostrará alguns versos da Bíblia, orará com eles e lhes dará garantia de salvação.  Mas isso não é evangelismo.  Gramaticalmente analisando, é evidente que a Grande Comissão é principalmente um mandamento para fazer discípulos. A igreja é enviada a todo o mundo para fazer discípulos de todas as nações da terra. Isso é realizado através de dois meios específicos: “batizando” e “ensinando”. Assim, parte da Grande Comissão envolve batizar e receber homens e mulheres na igreja visível, pelo sinal que Deus determinou no início da aliança. Obviamente, só a Igreja é guardiã dessa administração. Deus nunca deu essa autoridade a indivíduos, famílias,  junta de missão independente,  estado, ou organizações paraeclesiásticas. Então, se não estão sendo batizados, na Igreja, os homens e mulheres que professam-se discípulos de Cristo, a Grande Comissão simplesmente não está sendo levada a cabo. Só a Igreja, não os grupos paraeclesiásticos, por mais meritórios que alguns deles sejam, pode levar a cabo a Grande Comissão. É a Igreja – não as organizações paraeclesiásticas – que foi especificamente estabelecida por Cristo. Lembre-se das Suas palavras: “Eu edificarei a minha igreja” (Mt 16:18).
Ser membro de Igreja, então, é uma necessidade ou uma opção? Ponhamos de outro modo: obediência a Cristo é uma necessidade ou uma opção? Esta pergunta deve ser feita hoje porque muitas pessoas têm a idéia equivocada de que para ser crente tudo o que têm a fazer é apresentar uma oração simples, e estarão salvas para sempre. Nenhuma transformação particular precisa ficar  evidente na sua vida. Eles nunca podem  deixar seus pecados preferidos. Eles nunca precisam ter qualquer desejo de ler a Bíblia ou participar ativamente dos trabalhos da Igreja. Eles nunca precisam exercer liderança espiritual na família  ou ter um testemunho cristão saudável. Eles nunca precisam fazer qualquer coisa para Cristo. Mas, é isso que as Escrituras nos ensinam? De modo nenhum! O apóstolo João escreveu: “Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade… Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (I Jo 1:6, 2:4).  Assim, as Escrituras não reconhecem como crente alguém que não luta para deixar seus pecados, que não luta para guardar os mandamentos de Deus. Esses que se recusam a levar uma vida em conformidade com a vontade de Deus colocam-se a si mesmos em perigo mortal de eterna condenação.
Ser membro da Igreja é uma opção? Para o crente, que é chamado a levar uma vida em conformidade com toda a palavra que procede da boca de Deus, basta apenas perguntar: a Palavra de Deus requer isso ou não? O que diz nosso texto: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles”. Isso está bem claro, não está? Não há nenhuma dúvida quanto ao fato de que o discípulo de Jesus Cristo está debaixo da obrigação solene de submeter-se obedientemente à autoridade legal da Igreja de Cristo. Submissão às autoridades constituídas – quer na família, quer no estado, quer na Igreja.
Este não é um conceito popular em nossos  dias, mas é o que Deus requer no interesse de uma bem organizada e próspera sociedade, e a Igreja precisa começar a pregar esta doutrina novamente.
A título de aplicação, vamos sugerir quatro meios de ação:
Primeiro, é absolutamente essencial que você se coloque debaixo da autoridade formal de um ramo local da verdadeira Igreja que foi instituída por Cristo. A verdadeira Igreja pode ser identificada através de três marcas: a) a fiel pregação de todo o conselho de Deus; b) a administração correta dos sacramentos, batismo e santa ceia; c) e uma consistente prática da disciplina. Uma igreja que falha em qualquer uma destas três áreas não é uma verdadeira Igreja.
Segundo, transfira-se, caso seja necessário, para uma Igreja que possui essas três marcas. Você pode ter que ir um pouco mais longe  para encontrar uma. Obediência a Deus exige isso.
Terceiro, se você mudar-se para outro bairro, transfira-se imediatamente para a igreja que você freqüenta. Como uma igreja pode supervisionar espiritualmente um membro ao qual não acompanha?
Quarto, avalie o modo como você está contribuindo para o crescimento missionário. Assegure-se de que as organizações que você apóia têm uma compreensão bíblica correta da Igreja? Nenhuma organização que de algum modo não encoraja o estabelecimento de igrejas é merecedora de suas contribuições.
A Palavra de Deus requer: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com ele

Publicado em “O Presbiteriano Conservador” na edição de Maio/Junho de 1999.

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