Autor: Ralph Martin
Não faz muito tempo eu estava falando com um jovem casado sobre as responsabilidades de educar os filhos no Senhor.
Sabe — disse-me — não me parece que meus avós tenham posto muito empenho na criação de seus filhos, no entanto, estes tornaram-se bons cristãos. Será imaginação minha, ou atualmente é mais difícil educar os filhos?
Não, não é sua imaginação, disse-lhe, é mais difícil educar os filhos cristamente hoje. Assim como tudo na vida cristã tornou-se mais difícil.
Há somente uma geração, nossa sociedade dava-nos muitos subsídios que tornavam mais fácil viver e crescer cristamente. Hoje quase todos os apoios desapareceram e as atitudes de nossa sociedade para com o casamento e a família têm tomado direções opostas aos princípios cristãos. Podemos ver ao nosso redor, o número crescente de divórcios, desacordos entre pais e filhos oposição à estrutura familiar e ao casamento e o antagonismo sobre a maternidade. Essa mudança nas atitudes da sociedade têm um efeito muito grande nas famílias cristãs. Podemos ver o que está acontecendo com o divórcio. Há cem anos atrás quase todas as sociedades ocidentais mantinham um ponto de vista cristão sobre o casamento, considerando-o como uma relação monógama para toda a vida. Aonde existia o divórcio, este era concedido como uma solução extrema, válida somente naqueles casos de situações intoleráveis. Isto não quer dizer que todos os casamentos daquela época eram relacionamentos cristãos ideais; somente que as atitudes da sociedade apoiavam-se no compromisso cristão do matrimônio.
Hoje, entretanto, 25% dos casamentos celebrados recentemente terminam em divórcio. Com o aumento dos divórcios tem-se tomado uma atitude menos severa sobre esta situação. A sociedade agora considera o divórcio como uma opção razoável para um casamento que tornou-se aborrecido e que não traz muitas satisfações. Um casamento cristão que queira manter-se unido, mesmo nas circunstâncias mais adversas, tem dificuldade para fazê-lo, porque a atrativa solução do divórcio exerce pressão sobre eles. Os estudos sociológicos e históricos atribuem a muitos fatores a mudança de atitude para com o casamento e a família. O desenvolvimento de uma cultura tecnológica, a tendência para a vida urbana, o domínio do capitalismo tem contribuído para a grande mudança no pensamento social, uma mudança no que predomina a satisfação pessoal. Durante muito tempo a sociedade preocupou-se em proteger vários valores da tradição social. Agora o único que interessa é que cada indivíduo persiga, como única meta, sua satisfação pessoal ainda que à custa de ir contra o que é bom.
Naturalmente que essa mudança tem conseqüências significativas na atitude da sociedade para a unidade familiar. As cortes americanas, por exemplo, aboliram recentemente a opinião dos pais na decisão de abortar das suas filhas, mesmo naqueles casos em que são menores de idade. Esta decisão vai, muito claramente, contra a importância do laço familiar para demonstrar que se respeitam os direitos do indivíduo.
Outro dos fatores que talvez mais preocupa o cristianismo é o secularismo da cultura ocidental. Há uns poucos anos atrás os povos ocidentais identificavam-se pelo menos com algumas crenças e valores cristãos, agora estão quase completamente secularizados. Não se pode esperar o apoio cristão de nossas instituições governamentais, colégios ou meios de comunicação. Em alguns casos inclusive mostram-se francamente hostis. Há mais de um século o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche predisse essa tendência. Escreveu que a sociedade ocidental havia perdido seus fundamentos .
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