Os três porquinhos e a dinastia suína

Autor: José de Souza Barbosa Junior
Há tempos escrevi sobre os três porquinhos, habitantes de Suinolândia, e a teologia da prosperidade. Pois é… muita coisa mudou desde então. O porquinho mais velho (vamos chama-lo de Wilsuíno), aquele que morava numa mansão, etc. chegou à prefeitura da cidade com o apoio dos porquinhos (que eram maioria na cidade). Com a idéia de que porquinho vota em porquinho, não deu outra: foi eleito!!

Suinolândia já não era tão pacata assim. A antiga “Nossa Senhora dos Porquinhos Aflitos”(lembram-se do antigo nome da cidade?) agora já começava a ser uma metrópole, porcos de todos os chiqueiros (e outros animais – Suinolândia era alvo da globalização) queriam ir para suinolândia… a cidade crescia desgovernadamente (sem governo mesmo), mas… “em nome de Jesus” (esses jargões tem cheiro de enxofre e me lembram o primeiro capítulo de As Cartas do Coisa-Ruim, de C.S. Lewis,) tudo aquilo iria mudar, afinal sob o governo de um porquinho cristão, toda a nação estava sob o domínio do próprio Deus… ledo engano.

Durante a administração de Wilsuíno, muitos porquinhos recebiam cestas básicas com muita lavagem… e a distribuição se deu através de vários órgãos do Estado e principalmente das igrejas de porquinhos. As igrejas de cães e de gatos recebiam menos… os terreiros dos cavalos menos ainda.

Wilsuíno fazia viagens por todo o território de Animalândia (o país onde Suinolândia estava inserida) dando testemunho de sua vida de porquinho transformado. Multidões queriam vê-lo. Algumas igrejas aproveitavam-se disso para realizar grandes eventos e atrair multidões, já que suas mensagens, antes bíblicas e coerentes, já não “agradavam” mais o público. O importante mesmo é ter o testemunho do porquinho que atraía outros porquinhos (e até outros bichos), mesmo que continuasse porco.

Wilsuíno ia a todas as igrejas que o convidassem, assim como outros porquinhos de outras cidades também faziam em toda animalândia (esse não era um fenômeno que só acontecia com Wilsuíno não… tinham porquinhos-cantores-candidatos, outros porquinhos-pastores-candidatos, porquinhos-donos-de-rádios-candidatos… e por aí vai…) transformando o país num verdadeiro chiqueiro eleitoral, onde para a alegria dos pastores-porquinhos que não eram candidatos mas que ganhariam “vantagens” com isso, pregavam a máxima descrita no início do texto: “porquinho vota em porquinho ”.

Os porquinhos do país inteiro então começaram a vibrar com a idéia de Wilsuíno chegar ao posto mais alto da nação. Já pensou?? Pensavam eles… um presidente porquinho… isso ia ser demais!!! Alguns começavam a sonhar com as atitudes de um governo de porquinhos… prédios governados por porquinhos… ensino obrigatório da Bíblia (Livro Sagrado dos Porquinhos) nas escolas, mesmo sabendo que em Animalândia haviam vários bichos… acabariam os feriados dedicados a outros bichos (o que até este autor é favorável, mas não através de uma ditadura suína), e outras coisas mais… e ai daqueles que falassem contra… iriam todos arder no “mármore do inferno” (hehehe… apesar de fora do contexto cristão-suínico do texto não pude resistir… e dá-lhe Rede Porco).

Wilsuíno gostou da idéia… e já começou sua campanha… pede orações para todos os porquinhos que encontra… até porque começa a crescer nas pesquisas, depois da queda da candidata da oligarquia dos leões marinhos (aqueles bichos com bigodes enormes) e da estagnação do reino dos tucanos… os sapos barbudos continuam na frente (para alegria deste escritor, que mesmo sendo porquinho, decidiu pensar diferente – como vários outros porquinhos)…

Esta história… não sabemos como acabará…

Até lá…

E pensem bem em qual bicho colocaremos no governo de nossa Animalândia.

Um abraço carinhoso,
merlin.jr@uol.com.br

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