Autor: Robson Brito
A forma como o evangelista João registrou a primeira multiplicação dos pães (João 6.1-12) nos revela que o nosso Salvador defrontou seus discípulos para com aquela multidão de mais de 15 mil pessoas famintas
Quem não percebe os desafios de Deus acaba se estagnando espiritualmente. Deus quer nos desafiar. Para os apóstolos aquelas mais de 15.000 pessoas famintas, naquele final de tarde tornou-se um desafio para Felipe e para todos os discípulos, que não queriam se responsabilizar pela alimentação daquele grupamento. Mas, Jesus não despede ninguém vazio. Ele nos desafia a alimentarmos as multidões famintas.
Hoje, em nossa contemporaneidade a igreja do Senhor é desafiada, dentre outros, em pelos menos três desafios, que podemos analisar a partir da …ª multiplicação dos pães narrada pelo evangelista João.
O DESAFIO DA FOME
Aquela multidão descrita no Evangelho havia estado com Jesus durante todo o dia. Gente simples que estava aflita pela vinda do Messias. Depois de ouvirem o Mestre o dia todo tinham muita fome. Não sabiam que Jesus podia saciar-lhes também o desejo de comerem comida material, pois o Nazareno ainda não tinha multiplicado pães.
Podemos imaginar mulheres pálidas; crianças choramingando pedindo algo para matar a fome; homens, com o estômago roncando, sem saberem o que fazer. Como terá sido esse quadro?
Atualmente, o mundo está faminto. Faminto de alimento material, mas principalmente, de um alimento que os supermercados não vendem e nem os navios carregam. As pessoas têm uma fome extrema: de paz; de sentido para a vida; de amor; de justiça; de esperança; enfim, de salvação.
O nosso salvador continua dizendo para nós o que disse aos seus doze obreiros: “daí-lhe vós de comer”!
O DESAFIO PELOS SINAIS
Lemos em Jo 6.2: “E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos”. O Espírito Santo nos diz por meio desse texto que também precisamos clamar pelos sinais.
A nossa fé e a dos nossos evangelizados não deve sustentar-se nos sinais, mas sim, na Palavra. Entretanto, o Senhor prometeu-nos que, se nos lançássemos à obra da evangelização, Ele nos usaria com sinais. Assim, como Ele confirmava a Palavra dos primeiros cristãos com sinais que os seguiam, irá fazer o mesmo nos últimos dias.
Mas, o Todo-Poderoso prefere agir mais, quando oramos. Então, vamos buscar mais os sinais para que as multidões sejam atraídas.
O DESAFIO DE UM MÉTODO EFICAZ
Em terceiro lugar, se quisermos cumprir o nossa missão de igreja na virada do milênio precisamos observar o método de Jesus.
Na primeira multiplicação dos pães, o Mestre dos mestres nos ensina o jeito de fazer com que o trabalho dê resultados . O Senhor revela na passagem que estamos utilizando que seu método tem quatro características:
Primeiro, começa com o teste: “Disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer”.
O senhor também nos testa, quando permiti-nos ver os menores abandonados; a prostituição; os viciados; os povos que não têm sequer um versículo Bíblico em sua língua; as necessidades dos povos não alcançados. Será que vamos passar no teste de Jesus?
Segundo, o método de Jesus é participativo: Ele não declarou: “Como vou fazer para resolver o problema?”; ou “como vou me virar”? Mas sim, disse: “Onde compraremos pão”.
A cada um dos apóstolos coube a responsabilidade de distribuir os pães multiplicados e depois cada qual deles teve que usar um cesto para colher as sobras. O senhor queria que eles se envolvessem em todas as dimensões do milagre. E Hoje, o Senhor continua querendo nos envolver na Sua obra! Vamos nos integrar.
Terceiro, o método de Jesus depende de Deus: Jesus, ao pegar a merendinha daquele rapaz, não ficou olhando para limitação dos recursos. O evangelista Mateus declara que Ele olhou para cima e orou. Aprendamos a desconfiar de nós e confiar mais em Deus. Vamos orar mais, confessar ao Pai que dependemos d’Ele.
Quarto, o método de Jesus é organizado. Chega de fazer a obra de Deus de modo desorganizado, ingênuo, somente na base do improviso!
Não podemos mais fazer as coisas para o Senhor de qualquer maneira e depois nos desculparmos dizendo que é bom deixar as nossas atividades por conta do Espírito. O Espírito Santo não organiza bagunça promovida pela negligência.
Jesus começa sua organização na multiplicação dos pães fazendo um levantamento dos recursos antes do milagre. Também, o evangelista Marcos diz que, antes de multiplicar os pães, Jesus mandou o povo sentar-se em grupos de 50 e 100 pessoas. Além disso, o Senhor proibiu o desperdiço – mandou guardar as sobras para que nada se perdesse.
Vamos nos organizar para fazer a obra do senhor da mesma forma e os resultados serão maravilhosos.
NOSSA RESPOSTA AOS DESAFIOS
Deus sempre tem alguém! Naquele final de tarde Jesus pôde contar com um rapaz, que doou seu lanche para que Cristo alimentasse a multidão faminta.
Esse moço nos ensina como devemos agir diante dos desafios de Deus nesse final de século.
Precisamos nos identificar com causa de Jesus. Aquele rapaz poderia estar em muitos outros lugares naquele dia quente. Poderia estar passeando a beira do Mar da Galiléia; brincando com seus colegas; vendo a marcha dos soldados romanos; mas, ele preferiu estar na presença de Jesus. Nós também precisamos “vestir a camisa de Jesus”, “vestir a camisa” de missões.
Precisamos ser voluntários. Mais pessoas poderiam ter trazido lanche naquela multidão de 15 mil pessoas. Mas, somente esse rapaz doou seu lanche. Certamente, quando André começou a procurar comida entre aquele mundaréu de gente, aquele menino presumiu que o alimento que ele procurava seria levada para Jesus, ou seja, para o líder se alimentar. E foi por isso que prontamente ele ofereceu tudo o que Ele tinha. Estamos sendo voluntários na obra do Senhor?
Precisamos estar preparados para servir a Cristo. Aquele jovem nos ensina que devemos seguir ao Senhor preparados, com recursos. Vamos nos preparar espiritual, teológica, psicológica, e culturalmente para fazer a obra de Deus! O método de Jesus exige auto-preparação de seus seguidores. É a ordem do apóstolo: “procura apresentar-te a Deus aprovado”. Vamos nos preparar!
Precisamos valorizar o que somos e o que temos. Aquele rapaz, não se subestimou porque só tinha pão de cevada para oferecer. É bom lembrar que o pão de cevada era o pão dos pobres, o pão da Galiléia (terra de gente marginalizada pela elite judaica). O senhor Jesus também não fez pouco caso da merenda do rapaz. Não exigiu pão de trigo. Ele multiplicou os pães de cevada mesmo, o recurso que dispunha, na ocasião.
Vamos entregar nossa cevada nas mão do Senhor. É isso que ele quer usar para saciar a fome das multidões! Valorize o que você é! valorize o que você tem! valorize o que você sabe fazer! Coloque diante do dono da obra a sua cevada!
Robson Brito é educador, conferencista
Faça um comentário