Ordenação feminina

Autor: Joyce E. W. Every-Clayton
Texto apresentado na ocasião do Fórum Regional promovido pela UNIÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS DO BRASIL.

Seminário Teológico Congregacional do Norte,

Recife, 28 de março, 2002.

Desejo saudar este distinto auditório com palavras tiradas de 1a Timóteo 1:5 – e devidamente parafraseadas: “Ora, o intuito da presente fala (não se trata de admoestação – ainda!) visa o amor que procede de coração puro e de consciência boa e de fé sem hipocrisia. Desviando-se algumas pessoas destas cousas perderam-se em loquacidade frívola” (1 Tm 1:5-6). Rogo a Deus que Ele mesmo nos livre deste grande mal, e que o nosso debate promova “o serviço de Deus, na fé” (1 Tm 1:4), e isso de maneira amorosa, pura, desarmada e digna.

Aceitei com um certo prazer a honra de participar como preletora no presente fórum de debates: um prazer proveniente mais do meu amor para com a reflexão teológica, do que de uma paixão pessoal acentuada pelo assunto em si. E isso apesar de ele surgir cedo em minha caminhada cristã. O fato é que, concluído o curso universitário, e sentindo a chamada do SENHOR, fui orientada por meu pastor da época, um pastor presbiteriano da Igreja Presbiteriana de Irlanda, a P.C.I., a estudar teologia no seminário da denominação, e, no caso, a me tornar a primeira mulher a fazer isso em toda a história denominacional. E o pastor sonhava já com minha ordenação, pois, naquela época, a década dos sessenta, o assunto de ORDENAÇÃO FEMININA já começava a agitar as igrejas da bem tradicional Irlanda. Porém, mais por motivos de currículo – eu queria um preparo missionário – eu não aceitei o convite, com bolsa de estudos e etc.. E o resto é, como se diz, história.

Porém, a história da mulher naquela denominação não tem sido das melhores. Pouquíssimas foram ordenadas, e, das que foram, a grande maioria não está atuando em igrejas locais, e, sim, em trabalhos burocráticos. Além do mais, volta e meia, há grupos de pastores que exigem que o Supremo Concílio rescinda a decisão, há pastores que promovem boicotes contra colegas femininas, e etc.. Pior ainda, a situação da mulher dentro das igrejas locais não tem melhorado, o machismo e a discriminação continuando como antes.

Mas vamos ao assunto de hoje. O texto que ora apresento visa trabalhar somente duas áreas:

1. A ordenação em si.

2. A ordenação feminina. Neste pormenor, não tratarei da vocação geral e do exercício de ministérios por parte da mulher, por entender que nossa teoria e prática como congregacionais no Brasil já provêm de um reconhecimento de que a Bíblia jamais nega que a mulher possa ser vocacionada e/ou exercer ministérios.

A minha tese neste paper é a seguinte: Embora rejeitando fortemente os equívocos hermenêuticos, as traduções bíblicas tendenciosas, os machismos e as desigualdades que normalmente acompanham a posição aqui adotada, entendo que não convém que passemos a adotar a ordenação feminina na União de Igrejas, e isso por motivos bíblicos e também, embora secundariamente, motivos históricos. Ao mesmo tempo, entendo que urge questionarmos alguns pressupostos acerca da própria ordenação.

1. A ORDENAÇÃO EM SI

1.1. ASPECTOS BÍBLICOS

Essencialmente a palavra ordenação quer dizer “colocar em ordem”. Então, por exemplo, o Criador dispôs (ordenou) o sol e a lua (Sl 8:3); Deus preparou (ordenou) um lugar para Seu povo morar (1 Cr 17:9); Jesus “designou (ordenou) doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar” (Mr 3:14)… São algumas das coisas e pessoas “ordenadas” por Deus, e, na opinião de não poucos teólogos reformados, as diversas (ao todo, mais ou menos 30) palavras usadas “têm estreito relacionamento com a obra de Deus na eleição e na predestinação”[1]. Naturalmente nosso uso da palavra ordenação nunca poderá ser essa, pois qualquer ordenação humana será sempre finita.

O uso da palavra ordenação hoje se limita basicamente à cerimônia na qual certos homens são autorizados a ministrar nas igrejas. A Igreja Católica Romana e a Ortodoxa entendem que trata-se de um sacramento instituído por Cristo, um sacramento no qual a pessoa ordenada recebe uma graça especial da parte de Cristo. Semelhantemente, igrejas da comunhão anglicana tendem a ter a ordenação em alta conta.

Naturalmente, os reformadores discordaram destas posições – e, ainda, realçaram o ensino bíblico acerca do sacerdócio universal, o de todos os crentes. A posição de LUTERO tem sido apreciada da seguinte maneira: “Enquanto todos os cristãos têm parte igual nos tesouros da igreja, incluindo-se os sacramentos, nem todos podem ser pastores, mestres ou conselheiros… Todo cristão é ministro e tem o direito de pregar. Esse direito pode ser livremente exercido se alguém estiver em meio a não-cristãos… Entretanto, numa comunidade cristã, não se deve ‘chamar atenção sobre si mesmo’, assumindo tal ofício por conta própria. Antes, deve-se ‘deixar ser chamado e escolhido para pregar e ensinar no lugar de outros e sob o comando deles’… ‘O que lhe damos hoje, podemos tirar amanhã.’ O rito da ordenação não confere nenhum caráter indelével à pessoa ordenada. É meramente a forma pública pela qual alguém é comissionado mediante a oração, as Escrituras e a imposição de mãos, a fim de servir à congregação… Lutero excluía mulheres, crianças e pessoas incompetentes do ministério oficial da igreja, embora numa época de emergência ele pudesse chamá-las a exercer tal ofício, em virtude de sua parcela no sacerdócio de todos os cristãos.” [2] (Voltarei a falar a respeito disso)

CALVINO valorizou sobremaneira o ofício de pastor cuja função seria “representar o Filho de Deus” [3], ocupando o lugar dEle, obviamente algo impossível para alguém do sexo feminino. Ou, nas palavras de C. S. Lewis, “somente o homem pode representar Cristo à Igreja, pois todos nós, quer um grupo, quer indivíduos, somos fêmeas perante Ele. Nós os homens, muitas vezes somos péssimos sacerdotes (pastores). E isso porque não somos suficientemente homens. Não é solução convocar aquelas que não são homens!” [4]

Voltando a Calvino, esse falava do “rito solene de instituição”[5] ao ofício pastoral: nas palavras de George, “ordenação não era um sinal vão ou inútil, mas uma marca fiel da graça recebida da própria mão de Deus”[6]. Ao mesmo tempo, Calvino não hesitava em escrever: “Aqueles que primeiro trabalharam para plantar o Evangelho devem ser aceitos como pastores, sem outras formalidades.”[7] Talvez nós precisemos dar mais atenção à possibilidade de des-ordenação que há em Lutero, e à possibilidade de uma maior flexibilidade que há em Calvino.

As igrejas independentes que surgiram quase que simultaneamente com a própria Reforma nunca deram tanto valor à ordenação, considerando-a “de modo menos rígido… Simplesmente a aprovação do indíviduo depois de ele ter sido examinado doutrinariamente.”[8]

Em meio às diferenças todas, porém, um aspecto permanece imutável – a imposição de mãos. Desde cedo, a Igreja, seguindo o exemplo do A.T. e possivelmente o exemplo dos rabinos (muito embora afirmar isso não ajuda muito), incluía a imposição de mãos como parte de suas cerimônias de ordenação (At 6:5, 13:3, 1 Tm 1:18, 4:14, 5:21, 22 e 2 Tm 1:6). Tudo indica que, naquele período, o ato simbolizava que a pessoa ordenada estava sendo separada para uma tarefa especial, e, que, ao mesmo tempo, estava recebendo um dom especial da parte de Deus.

O teólogo evangélico, Leon Morris,[9] após examinar todas as possíveis ordenações no N.T., conclui que pode-se ter certeza de duas coisas: primeiro, que o dom de Deus é imprescindível para o ministério, e, segundo, que o rito mais antigo parece ter sido acompanhado pela imposição de mãos e pela oração. E só.

Ao mesmo tempo, há uma dimensão a ser trabalhada: o conceito popular acerca daquilo que esta cerimônia – muito singela, conforme o N.T. – faz à pessoa ordenada. Sem dúvida, a grande maioria de nosso povo entende que a cerimônia que parte do reconhecimento de um chamado divino e a confirmação do mesmo pela igreja local, desemboca na transformação automática daquela pessoa. O leigo passa a fazer parte da classe clerical, pode ser chamado de “reverendo”, possui o direito de ficar no lugar de Cristo presidindo à mesa da Ceia, realizando os atos pastorais, e pronunciando a bênção apostólica. Eu tenho a forte impressão de que essa implícita e explícita divisão clero/leigo presente na grande maioria das igrejas evangélicas não tem um embasamento bíblico seguro. Alguns estudiosos até chegam a afirmar que: “não existia qualquer tipo de hierarquia na igreja primitiva.”[10] E mais: o livro “Abuso Espiritual” publicado recentemente em São Paulo traz uma alerta muito séria: “A distinção clero versus leigo é essencial à construção de hierarquias que frequentemente se tornam abusivas.”[11] Milhares e milhares de igrejas evangélicas no Brasil – inclusive não poucas congregacionais – que o digam!

Entendo então que, muito embora o N.T. reconheça a necessidade de se ter igrejas organizadas e lideradas, e apresente muitos ensinamentos acerca da liderança cristã, a ordenação do jeito que ela é interpretada hoje não reflete o ideal neo-testamentário, nem para os homens, e nem para as mulheres.

Mary Evans tem observado que, enquanto no A.T. a liderança do povo de Deus ficou por conta de reis, sacerdotes e profetas, no N.T. estas funções não são atribuídas à liderança das igrejas. Elas são atribuídas OU a Cristo OU a todo o povo dEle (1 Pd 2:9, At 2:17).[12] Todos os crentes são sacerdotes e podem entrar na presença de Deus – o véu foi rasgado. Logo, presume-se que, se todos podem entrar, todos podem sair para falar daquilo que ouviram ali dentro. Se todos possuem o Espírito, todos podem ouvir a Palavra de Deus e discernir se o ensino de alguém está ou não de acordo com o Espírito de Deus. Ninguém tem o monopólio aqui – os ordenados não ouvem mais ou melhor, e nem sempre discernem mais ou melhor. Então, quaisquer estruturas ministeriais que inibem o pleno desenvolvimento destas capacidades nos membros de uma igreja estão aquém do ideal apresentado no N.T..

Além deste aspecto da questão, há um outro: toda a dolorosa constatação de nossa interpretação errada das lindas palavras neo-testamentárias, ministro, diácono, pastor. “São palavras acerca do servo, do serviço, mas nós as transformamos em palavras de status.”[13] O seguinte trecho oferece um exemplo típico da ênfase de Cristo, o líder-servo. “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está no céu. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo” (Mt 23:8-11). Evans comenta: “Claro que, como bons crentes evangélicos, jamais chamaríamos nosso pastor de Pai (Padre – a mesma coisa). Mas chamá-lo de Pastor ou Reverendo? Será que há realmente uma diferença?”

Novamente, volto a insistir que ordenação do jeito que ela é interpretada hoje, ordenação a uma posição especial de status, e que dá direitos a títulos e privilégios especias (e até de roupas em alguns casos, inclusive de congregacionais), não reflete o ideal neo-testamentário, nem para os homens, e nem para as mulheres. Desde os inícios da Igreja milhares de mulheres têm servido às igrejas e nas igrejas sem título nenhum, sem privilégio nenhum. Bom seria se as mulheres de hoje pudessem abraçar com alegria a biblicidade profunda desta sua posição, em vez de correr atrás de modelos masculinos (e mundanos) de poder que, tantas e tantas vezes, são bem distantes do ensino da Palavra de Deus.

Quanto a estas questões todas, a ênfase da teóloga feminista, Elisabeth Fiorenza, é um pouco diferente, mas desemboca no mesmo grito: “Simplesmente juntar-se à procissão de homens formados levará as mulheres à guerra, à exploração, ao elitismo, à sede pelo poder, à degradação da raça humana… A questão central para o problema teológico feminista hoje é se é ou não possível mudar religiões hierárquicas… Não é a questão da mulher que domina estudos feministas da religião atualmente. Antes é a questão se as instituições religiosas e as disciplinas teológicas podem ser mudadas, re-definidas e transformadas… Não basta buscar integração… na igreja e moldar teoria e teologia feministas que imitem as dos homens, sejam estes tradicionais ou não. Precisamos de nada menos do que a transformação radical de todas as disciplinas acadêmicas e práticas religiosas.”[14] Sem dúvida, há algo de verdade no radicalismo de Fiorenza.

1.2. ASPECTOS HISTÓRICOS EM RELAÇÃO AO CONGREGACIONALISMO

Por abençoada coincidência, nossa ecclesiologia congregacional pelo menos em suas propostas teóricas e em seus melhores momentos de práxis, estaria em harmonia com o teor geral das reflexões anteriores. Nesta parte, então, citarei, em ordem essencialmente cronológica, somente alguns poucos exemplos da maneira como nosso assunto vem sendo tratado no meio congregacional.

Henry Jacob, pastor de uma das primeiras igrejas congregacionais na história, a de Southwark, Londres (fundada em 1606) preparou uma confissão de fé para os membros da mesma. O décimo-oitavo artigo afirma: “Cremos que o exercício sombrio, discreto, ordeiro e bem-governado de expor e aplicar as Escrituras na congregação – algo chamado Profecia pelo Apóstolo, e permitido por ele a qualquer membro da igreja, exceto mulheres, está permitido agora.”[15]

A Declaração de Savoy foi assinada em 1658 e expressa princípios congregacionais clássicos. Um comentário a respeito publicado pelas igrejas evangélicas congregacionais da Inglaterra afirma: “No Congregacionalismo há a verdadeira ‘sucessão apostólica’. Não se trata da sucessão através das mãos consagradoras de bispos paramentados. É a sucessão da verdade do Evangelho passada de geração em geração através do testemunho de homens e mulheres que confessam a fé dos apostólos. São descritos, primeiro, como aqueles que “perseveravam na doutrina dos apostólos” (At 2:42), e que receberam a exortação de Judas no sentido de que batalhassem “diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd v.3). [16]

Quanto a nós, congregacionais no Brasil, Robert Reid Kalley foi ordenado: “Veteranos no serviço dEle (de Cristo) oraram comigo e por mim, impondo as mãos na minha cabeça, e me dando sua bênção… concordando no reconhecimento daqueles dons que eu creio possuir, como dádiva de Deus e para o serviço dEle.”[17] Mesmo ordenado, Kalley abominava o título Reverendo por ser ele um vestígio do Romanismo: “Esse título é próprio de Deus só.”[18] (Trabalho toda esta questão em outro texto.[19])

As duas esposas de Kalley mostraram-se hábeis na área de teologia: “Em qualquer circunstância é desejável que uma mulher seja bem-instruída na erudição teológica… Ela (Margaret) poderia fazer tanto o trabalho de tradução ou o de escrever, quanto o de dirigir ou ensinar em escolas.”[20] Assim Kalley acerca da primeira esposa em carta à Sociedade Missionária de Londres. A segunda sempre dirigia classes bíblicas (e outras) de homens e mulheres, e, enquanto no Brasil, auxiliava o esposo e outros homens no preparo de sermões,[21] e na orientação dos colportores. Naturalmente Sarah Kalley não foi ordenada, muito embora o casal, sem dúvida, tomasse conhecimento de um evento ocorrido no mundo congregacional da América do Norte, precisamente na época em que ele ali estava durante uma visita aos refugiados madeirenses.

Trata-se da ordenação de Antoniette Louisa Brown (1825-1921), a primeira mulher norte-americana a ser ordenada, e talvez a primeira no mundo. Após cursar teologia – a primeira aluna a fazer isso em Oberlin – foi-lhe proibido participar da cerimônia de formatura, e, durante um bom tempo, seu nome nem constava na relação oficial de formandos do seminário. Em 1853 ela foi enviada como delegada à Convenção Mundial de Temperança mas não teve permissão para falar. Porém, em 15 de setembro de 1853, ela foi ordenada na Igreja Congregacional de South Butler e Savannah, estado de Nova Iorque. Na ocasião, o Revdo Luther Lee pregou do texto de Gálatas 3:28. Seu tempo de pastorado durou somente um ano e pouco – a própria Brown pediu para ser demitida da igreja. Após seu casamento ela dedicou-se mais à obra social nas favelas de Nova Iorque, publicou dez livros, e assim por diante. Vale salientar, contudo, que Brown saiu da denominação congregacional em sinal de solidariedade com sua grande amiga, Lucy Stone, expulsa devida a sua posição abolicionista. Brown se tornou membro de uma igreja unitariana, uma denominação cuja teologia liberal estava mais em harmonia com a sua. Quando Brown faleceu, 68 anos após sua ordenação, havia mais do que 3000 mil ministras nos Estados Unidos. Mas nada disso Kalley comenta, nunca – embora tivesse amplos contatos com líderes congregacionais durante sua viagem aos Estados Unidos, uma viagem que incluiu visitas a diversas igrejas congregacionais da cidade e região de Nova Iorque.

O congregacionalismo de nossa União de Igrejas se rege pelos Vinte e Oito Artigos que Kalley e os oficiais da Igreja Evangélica Fluminense redigiram em conjunto, e os mesmos insistem: “Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecer sacríficios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo, que é o Mestre, Pontífice e única Cabeça da sua Igreja.”[22]

Não obstante a minha posição contrária à ordenação feminina, não há como negar que existe uma tensão muito real aqui, uma tensão que ocorre quando se tenta defender a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes (já notada em Lutero, na Declaração de Savoy, etc.), e o ensino acerca da liberdade dos crentes no Espírito, e, ao mesmo tempo, admitir a existência de proibições e limitações para mulheres que querem andar pelo mesmo Espírito, o Espírito que liberta, democratiza e capacita.

2. A ORDENAÇÃO FEMININA.

Conforme já esclareci, não penso em examinar todos os trechos problemáticos acerca do comportamento geral da mulher na igreja: há uma infinidade de estudos acerca do gênero de Júnias (Rm 16:7), do igualitarismo de Gálatas 3:28, do cumprimento de Joel 2:28-32 na ocasião de Pentecostes, das palavras véu e cabeça em 1 Coríntios 11:3-16, e do clamor pela ordem nos cultos que há em 1 Coríntios 14:33b-38. O presente paper não propõe nenhum exame de tais trechos bíblicos, e nem tampouco das questões por eles levantadas.

Ainda a título de introdução a esta parte da reflexão, gostaria de observar o seguinte:

1. Limitar discussões da questão da mulher na Igreja a somente este tipo de texto citado logo agora, e não desenvolver um estudo hermenêutico sério daquilo que toda a Bíblia diz acerca dos múltiplos ministérios e das diversificadas atividades da mulher ao longo de todo o texto sagrado é inadmissível. A junção de assim chamados ‘textos-de-prova’ (acerca de Débora, Miriam, Zípora ou Hulda, por exemplo) tirados de seu contexto não é a maneira correta de se fazer teologia cristã.

2. Deve-se dar a primazia ao texto da Palavra de Deus, em vez de tentar formular teologia cristã tendo como ponto de partida a mentalidade e as expectativas da sociedade em que se está inserido. Um exemplo desse último é um texto apresentado aqui no Recife na ocasião de um fórum semelhante a este onde se lê: “Fica claro que o contexto de origem e o contexto de caminhada [da mensagem da Bíblia] não nos oferecem base para a ordenação de mulher ao ministério pastoral. Se, porém, construirmos nossa reflexão a partir do contexto da aplicação, entendido como realidade contemporânea, podemos encontarar razões para a ordenação de mulheres ao ministério pastoral… sem ofender a Bíblia, nem os Cânones sagrados.”[23] Zaqueu Oliveira, também defensor da ordenação feminina, parece querer argumentar da mesma maneira: “Hoje, quando a sociedade já aceita a liderança feminina, muitos insistem que é apostasia reconhecer o pastorado feminino. Na realidade, concordamos que mulheres podem exercer qualquer atividade secular… Também estamos de acordo que podem ser… reitoras de seminários teológicos… diaconisas… Contudo, ainda existe rejeição ao pastorado da mulher!”[24]

3. Um outro modismo, o da ordenação por parte de alguns pastores de suas próprias esposas, é uma aberração que, não possuindo fundamentação bíblica ou precedentes históricas confiáveis, não merece consideração.

4. Ao falarmos sobre a teoria, a teologia, paulina é preciso recordar que a mesma nunca estava desvinculada de uma prática missiológica que incluía, sim, homens e mulheres trabalhando juntos, mas em proporções bem interessantes e instrutivas. Andreas Kostenberger tem calculado que “das pessoas mencionadas em relação à missão paulina nos escritos do próprio Paulo, 82% são homens e 18% são mulheres. Uma vez eliminadas as referências repetidas à mesma pessoa, as epístolas paulinas identificam, por nome, uns 55 homens como ligados a Paulo em sua obra missionária, e 17 mulheres. Claro que estes números não dizem nada acerca do status destas pessoas na Igreja Primitiva. No entanto, conclui-se que referências a mulheres nas cartas paulinas são poucas (especialmente fora de Romanos 16), e que a responsabilidade maior pela missão paulina ficou por conta dos homens.”[25]

A passagem a ser considerada aqui – 1 Timóteo 2:11-15 – é o texto chave sobre a questão e, logo de início, parece bem claro, impondo “duas restrições ao ministério de mulheres: elas não devem ensinar doutrina cristã aos homens e não devem exercer autoridade diretamente sobre os homens na igreja… Não devem fazer isso por causa da sequência em que Deus criou o homem e a mulher e por causa de como eles caíram em pecado.”[26] A elucidação do trecho, ao meu ver, procede da seguinte maneira: seu contexto maior é o da igreja reunida em culto (v.8-9). E no culto havia oração, conforme orientação em 2:1-2. Após a pequena digressão que são os versículos 3-7, Paulo retoma a questão de oração nos cultos, e dos cultos em si.

Algumas das nossas palavras chaves, pelo menos em português, já aparecem desde o início do capítulo.

– Autoridade (v.2), huperoche, tem a conotação de elevação, superioridade, preeminência. Em Aristóteles a palavra aparece como “Suas Excelências”.[27]

– Designado (v.7) traduz bem o sentido da palavra tithemi, embora algumas versões em inglês usem ordenado aqui. No contexto, Paulo se entendia como investido de autoridade pública – como era o caso do kerux, do arauto, da época – para divulgar uma mensagem autoritativa da parte de outrem. O fato de Paulo ter sentido uma necessidade tão forte de defender seu ministério no v.7 pode ter algo a ver com as tensões implícitas nos versículos 11 e 12. Havia quem contestasse até Paulo.

Retomando o assunto do culto público no v.8: a tarefa dos homens é óbvia e de aplicação universal (v.8). A frase “da mesma sorte” (“da mesma forma” em Mt 20:5) vincula v.8 ao v.9: “Da mesma forma” deviam as mulheres orar, isto é, “em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” – contanto que elas se apresentem na atividade espiritual, pública, de maneira bem especial. A radical usada (duas vezes) é kosmo mas, em vez de notar que ela é nossa palavra para cosméticos, devíamos notar que, no contexto, ela descreve ordem. O cosmos é algo altamente ordenado, harmonioso. Então, as mulheres não são eliminadas do culto público a menos que não preencham a condição estipulada.

O “bom senso” exigido no versículo 9 re-aparece no versículo 15 funcionando como moldura para todo o bloco: sophrosune tem a ver com auto-controle, sobriedade mental, sendo “o domínio total das paixões e desejos”.[28] Sem dúvida, a palavra expressa algo daquilo que faltava em Eva na ocasião da tentação, incidente relembrado por Paulo nos versículos logo a seguir. Eva se mostrou crédula e não mentalmente sóbria.

É fascinante notar que as palavras kosmo e sophrosune aparecem de novo no capítulo seguinte, onde são aplicadas àquele que aspira ao ministério (3:2): em termos de exigências éticas, comportamentais, não há diferença entre homens e mulheres.

Três palavras como que gritam em voz bem alta no versículo 11: aprenda, silêncio, e submissão. A primeira, sem dúvida, entrou em choque com a cultura da época na qual nem sempre a mulher tinha pleno acesso à educação formal. Então, trata-se de uma ordem – a mulher tem que aprender! A segunda, pelo menos em nossas versões em português, padece de uma tradução infeliz, tendenciosa, pois a mesma palavra hesuchia aparece no versículo seguinte, bem como em 2:2, 1 Ts 4:11, 2 Ts 3:12 e 1 Pd 3:4. Em nenhum destes casos a tradução silêncio faz sentido. No caso, nossa interpretação tem que passar pelo crivo do contexto geral do capítulo, um contexto que frisa ordem e não afobação, calma e não confusão. A terceira palavra, submissão, tem sido definida como “a atitude apropriada dos cristãos para com aqueles que estão em autoridade sobre eles”.[29] E submissão não implica em inferioridade já que Cristo Se submeteu ao Pai (1 Co 11:3). Mas há na epístola de Timóteo evidências de uma certa cultura de insubmissão (1:7-8, 20; 5:19; 6:1, 4-5, 20).

Além disso, um ensino ascético errôneo – “proíbem o casamento” (1 Tm 4:3) – passava a idéia de que as mulheres estavam livres para fazer o que desse e viesse, para viver “ociosas, andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não devem” (1 Tm 5:13). Elas cederam à tentação de inverter as coisas, de trocar seu papel tradicional no lar por um papel inovador, que incluía o de “exercer no culto funções até então privativas dos homens cristãos”.[30] Consequentemente, “Já algumas se desviaram, seguindo a Satanás” (5:15). Como se deu isso? Por meio de homens “que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade… São homens de todo corrompidos na mente”(2 Tm 3:6-8). Mas as mulheres se deixaram enganar.

Primeiro Timóteo 2:12 introduz outras palavras: ensine, exerça autoridade, marido. Didaskein ocorre muitas vezes na Bíblia[31] e o uso bíblico geral não admite que se proiba todo e qualquer ensino por parte da mulher. “Paulo proíbe que as mulheres dêem um certo ensino… Devemos pensar no ensino que é dado com autoridade…. Quando a mulher ensina com autoridade, ela tem autoridade sobre o homem. Assim, ela esquece seu lugar na igreja.”[32]

Esta ênfase num certo tipo de ensino fica claro a partir do trabalho da classicista, Catherine Kroeger, em texto intitulado, “Heresias antigas e um verbo grego estranho.”[33] Kroeger demonstra que a tradução exercer autoridade do verbo raro, authentein, remonta ao terceiro ou quarto século da era cristã. Na época do N.T. o verbo tinha conotações de “original, primordial, criativo”, e, já que nas crenças populares de então, atos criativos eram essencialamente sexuais e procriativos, surgiu a conotação erótica e imoral da palavra. Assim, Kroeger traduz o trecho da seguinte maneira: “Não permito que a mulher ensine ou se envolva em práticas religiosas sexuais com um homen.” Tais mulheres existiam, como se vê em Apócalipse 2:20 e talvez em 2 Timóteo 3:6. E, ao fazer seu comentário sobre 1 Timóteo 5:6, Crisóstomo usou authentia da viúva que se entrega à licenciosidade.

Se a tradução de Kroeger for correta, o que quer dizer a ordem paulina? Éfeso, onde Timóteo se encontrava, era a cidade de Diana, de imoralidade, de prostitutas e prostitutas religiosas, de professoras pagãs que, após suas aulas, se colocavam à disposição dos alunos para atividades sexuais. Era também a cidade em cujos cultos pagãos prevaleciam orgias malucas e barulhentas. Obviamente, a mulher cristã, salva deste ambiente, precisava demonstar novidade de vida, especialmente no culto a Deus, e em sua maneira de se comportar perante os homens durante o culto. Ela não devia assumir uma posição de autoridade (authentein) sobre o homem na igreja.

Mas a versão Atualizada diz: marido. E não homem. O original não tem o artigo, portanto seria melhor traduzir como um homem. Igualmente é uma mulher. A tradução marido aqui só faz confundir.

Augustus Nicodemos resume o sentido deste versículo da seguinte maneira: “Paulo corrige a situação [vigente, errada] determinando que elas não assumam posição de liderança autorizada nas igrejas para ensinarem doutrina cristã nos cultos, onde certamente homens estariam presentes. Paulo não está proibindo todo e qualquer tipo de ensino feito por mulheres nas igrejas… Para o apóstolo, a questão é o exercício de autoridade sobre homens e não o ensino.”[34]

Em toda esta discussão é mister observar que Paulo não baseia sua argumentação nos problemas culturais e comportamentais encontrados em Éfeso, e nem na possibilidade de algumas mulheres dessas ofenderem os bons crentes da cidade. Nos versículos 13 e 14 Paulo fundamenta tudo na Criação e na Queda, e nas implicações de ambas para o homem e a mulher – implicações que transcendem culturas, épocas e situações locais, quaisquer que sejam. O homem foi criado primeiro e portanto deve exercer liderança, autoridade. E Adão fez assim, como, por exemplo, quando deu nomes aos animais (Gn 2:19) e a própria mulher (Gn 2:23). Adão foi o primogênito dos primogênitos, com todos os privilégios e deveres descritos no resto do A.T.[35]

São relativamente poucas as vezes em que o N.T. argumenta a partir da Criação – um outro caso ocorre em 1 Coríntios 11 – mas me parece que, aqui em Timóteo, uma parte, pelo menos, do intuito do apóstolo foi demonstrar que Criação e Redenção não são conceitos antagônicos. Já que nossa redenção em Cristo não desmancha a ordem natural da Criação, a igreja também tem que refletir a ordem natural entre os sexos. Paulo então dilata o ensino acerca da relação entre o casal, estendendo-a à Igreja. Isto é, já que, na frase feliz de Porto Filho, a igreja é “uma família de muitas famílias”, ela tem mais do que funcionar como Deus quer que cada lar funcione. Faz bem observar que, mais adiante, Paulo fala “de como se deve proceder na casa de Deus que é a igreja do Deus vivo” (1 Tm 3:15).

Mas, conforme v.14 frisa, a bela ordem inicial foi invertida na ocasião da Queda, a mulher tomou a iniciativa e “caiu em transgressão.” O “visto que atendeste a voz de tua mulher” (Gn 3:17) não deixa de ser uma crítica da parte de Deus por Adão não haver exercido a liderança que lhe pertencia por direito. Então, quando os papéis são invertidos o resultado é caos, pecado, heresia – como vimos em cima em relação a algumas mulheres em Éfeso. E, vale salientar, como vemos em algumas igrejas pós-pentecostais no Brasil e fora dele: nelas a liderança feminina é forte, como forte é a inclinação para a velha heresia dos judaizantes, para dar somente um exemplo.

O versículo final continua relembrando a Queda e as palavras duras que Eva ouviu acerca de gravidez e dores de parto (Gn 3:16). Mas Eva foi preservada! Ela deu à luz a Caim (Gn 4:1), e, muito mais adiante, o Salvador veio, nascido de mulher. A tragédia foi transformada em bênção. De maneira semelhante, Paulo entende que há esperança, há futuro, para a mulher na Igreja: “Aceitar seu papel como mulher é encontrar seu verdadeiro destino.”[36] Claro que o texto não está dizendo que ser mãe é garantia de salvação eterna, e nem tampouco que nenhuma mulher morrerá na hora do parto. Mas está sugerindo que é preciso aprender a trabalhar, a ministrar, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Criador.

“Se permanecerem” em fidelidade. O sujeito do verbo no original pode ser elas ou eles: se elas, talvez se refira às mulheres dos versículos 9,11,12 etc.. (Já notamos a palavra de moldura do trecho todo, ‘bom senso’.) Toda e qualquer mulher cristã precisa desenvolver estas (e outras) virtudes cristãs e permanecer nelas. Se a referência é a homens e mulheres (já vimos que ‘bom senso’ se aplica a homens em 3:2. As demais virtudes citadas são exigidas de homens em 4:11.) trata-se de um lembrete para ambos os sexos. Quando homens e mulheres agem de acordo com este ensino, quando nem o homem e nem a mulher inverte o papél estabelecido pela ordenança da Criação, a Igreja é abençoada.

Concluindo, a orientação dos versículos 11-12 é de aplicação universal da mesma maneira como são as demais ordenanças da Criação – tais como a santidade da família, a necessidade do trabalho e do descanso, o cuidado para com a natureza etc.. A redenção por meio de Cristo não desmancha nem redefine esta estruturação básica do universo: pelo contrário, toda a criação anda gemendo, aguardando a plena redenção da criação, inclusive redenção na dimensão da relação correta entre os sexos. NAquele grande Dia estaremos todos, homens e mulheres, diante do Noivo, todos noivas alegremente submissas ao SENHOR da Igreja. Que nossa temporada aqui enquanto membros de igreja local, seja, em todos os sentidos, um preparo para o encontro glorioso com o Noivo!

BIBLIOGRAFIA

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3. Revista Teológica, Campinas, Seminário Presbiteriano do Sul: HAVINGA, Theodoro, O Lugar da Mulher na Igreja, agosto, 1993.

Notas

[1]. LIGHTNER, R. P., Ordenar, Ordenação em Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã, vol.3, p. 64.
[2]. GEORGE, Timothy, Teologia dos Reformadores, p. 97-98.
3]. ibid. p. 240.
[4]. LEWIS, C. S., God in the Dock, p. 91.
[5]. GEORGE, op. cit., p. 240.
[6]. ibid. p. 240.
[7]. ibid. p. 241.
[8]. ELWELL, Walter A., (edit.), Enciclopédia Histórico-Teológica Da Igreja Cristã., Ordenar, Ordenação, vol.3, p. 64-65.
[9]. MORRIS, L., Ordination: In: DOUGLAS, J.D., (edit.) The New Bible Dictionary, Ordination, p. 912-913.
[10]. BLUE, Ken, Abuso Espiritual, p. 149.
[11]. ibid. p. 148.
[12]. Recomendo o livro: SNYDER, Howard A., Radical Renewal – The Problem of Wineskins Today, Houston, Texas, Touch Publications, 1996. “A igreja começou sem sacerdócio, sacrifício ou tabernáculo porque a igreja e Cristo, juntos, eram os três. Durante mais de um século a Igreja encarnou com fidelidade esta verdade – e conquistou o Império Romano. A grande tentação da igreja organizada tem sido a de reintroduzir estes três elementos entre o povo de Deus… [Por exemplo,] temos constituído um sacerdócio profissional… Quando isso acontece, um retorno à fidelidade [bíblica] deve implicar em retornar, tanto em nossa soteriologia como em nossa eclesiologia, à simplicdade profunda do Novo Testamento. Geralmente, porém, reforma doutrinária não tem sido vinculada a uma reforma suficientemente racical de estruturas eclesiásticas” (p. 56).
[13]. EVANS, Mary J., Women and Ordination – Some Reflections, p.3.
[14]. FIORENZA, Elisabeth Schussler, Sharing Her Lord – Feminist Biblical Interpretation in Context, p. 41 e 48.
[15]. LLOYD-JONES, D.M., The Puritans – Their origins and Successors, p. 165-166.
[16]. BOOTH, Gordon T., Evangelical and Congregacional, p. 45.
[17]. KALLEY, R. R., Documento Avulso, s/d. In: Arquivo da Igreja Evangélica Fluminense.
[18]. ROCHA, J. G. da, Lembranças do Passado, vol. 2., p. 288.
[19]. EVERY-CLAYTON, Joyce Elizabeth Winifred, Um Discurso Missionário no Século XIX, Recife, Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, tese de doutorado, 1995.
[20]. ROCHA, J. G. da., notas alusivas a 1837. In: Arquivo da Igreja Evangélica Fluminense.
[21]. ROCHA, J. G. da, Lembranças do Passado, vol. 2, pp. 141-142.
[22]. PORTO FILHO, M., Congregacionalismo Brasileiro: Fundamentos Históricos e Doutrinários, p. 76.
[23]. SANTOS João Ferreira, Ordenação de Mulheres ao Ministério Batista: Problema, PonderaçΣes e RecomendaçΣes
[24].OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de, Imposição de Mãos – Mulheres Pastoras? p. 52-53.
[25]. KOSTENBERGER, Andreas J., Women in the Pauline Mission, In: BOLT, Peter e THOMPSON, Mark (edit.), The Gospel to the Nations, p. 225.
[26]. MOO Douglas, O que significa não ensinar ou ter autoridade sobre homens? In: PIPER, John e GRUDEM, Wayne, Homem e Mulher, p. 54.
[27]. SIMPSON, E. K., The Pastoral Epistles, p. 40.
[28]. WUEST K S. Word Studies – the Pastoral Epistles, p. 46.
[29]. MOO, op. cit., p. 57.
[30]. LOPES, Augustus Nicodemus, Ordenação Feminina – o que o Novo Testamento tem a dizer? p. 8.
[31]. Conferir Mt 7:29, 28:20; Cl 3:16 etc.. O texto de Moo, op. cit., p. 58-59 trabalha bem a questão.
[32]. HAVINGA, Theodoro, O Lugar da Mulher na Igreja, In; Revista Teológica, Campinas, Seminário Presbiteriano do Sul, agosto, 1993, p. 79-80.
[33]. KROEGER, Catherine Clark, Ancient Heresies and a Strange Greek Verb.
[34]. LOPES, op. cit., p. 8.
[35]. Conferir Dt 21:15-17; Gn 27:19 etc..
[36]. WILSON, Geoffrey B., The Pastoral Epistles, p. 46.

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