Oleiro

Autor: Vera DeSouza
Um oleiro se encarrega de fazer vasilhas de barro, de louça ou de cerâmica.  Um oleiro pode fazer humildes cântaros para portar água fresca como formosos vasos que embelezam os palácios dos reis. Um vaso tem mais valor no mercado que um cântaro, mas só no mercado, porque a função prática dos vasos é principalmente decorativa, enquanto os cântaros são utilizados para beber água fresca.
Entretanto, nem o cântaro nem o vaso podem existir sem o oleiro. O barro misturado com água ou a argila misturada com água, sem a intervenção dele, são nada. E nada sai deles. Os super milagres não existem. Podemos fazer a prova, recolhendo terra, misturando-a com água e então amassá-la. Se a deixarmos repouxando, obteremos nada, já que necessitamos das mãos e do engenho do oleiro para que tomem forma.
O oleiro toma este barro em suas mãos e decide fazer um jarro ou um cântaro. Põe a massa no torno e a vai modelando com suas mãos, dando-lhe forma. Suponhamos que o barro ou a porcelana tivessem vida e pudessem escapar do torno. Acaso não acabariam em nada? Em um montão de terra molhada, que a chuva arrastaria. Porém, no torno, vão tomando forma e se convertem em um cântaro ou um jarro.
Podemos pensar que já está acabado o processo, pois não, é preciso ainda que o oleiro as ponha no forno, na frágua, a fim de que suportem a prova do fogo. Esta fase deve ser muito dolorosa, se a imaginarmos coms sentimentos. E o que aconteceria se o cântaro ou qualquer um dos seus companheiros decidissem escapar do forno, da prova?
Quebrar-se-ia na primeira. Não serviria de nada.
E seria necessário desfazer-se dele como um traste inútil. Existe um oleiro diferente dos demais. Ele tem a particularidade de amar com loucura as suas obras.
Elas são livres e, às vezes, rechaçam o forno, inclusive o torno. Quando um destes objetos se quebra, este oleiro não deixa o cântaro quebrado, jogado em um canto, pelo contrário, o toma de novo, amassando-o no torno não com água, mas com sangue, com o Sangue do Seu Filho.
Porque este oleiro é Deus Pai. Seu Filho, Jesus. E o cântaro ou vaso, cada homem ou mulher. O torno, a fé. O forno, a vida.

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