O que realmente importa

Autor: Autor Desconhecido
Nossa concepção de riqueza é muito medíocre, por isso nossa geração é tão infeliz… Passamos a vida toda correndo atrás de tesouros que, quando não são perdidos, roubados ou desgastados pelo tempo, simplesmente não são gozados e muito menos levados conosco quando de nossa morte… A angústia que muitos de nós passamos nestes dias decorre justamente de uma incompreensão da doutrina da simplicidade cristã, que redunda na aniquilação da preocupação e da ansiedade.

Jesus era um contador de histórias. Sabia que as histórias chegam mais no fundo do coração das pessoas do que as palavras feitas num discurso frio e metódico. Quantas vezes as parábolas e ensinamentos de Jesus nasceram quando Ele observava as pessoas nos seus afazeres, ou na contemplação das flores, pássaros. Os versos acima foram proferidos depois de um ganancioso jovem pedir para que Jesus resolvesse uma questão de divisão da herança; então, Ele chama seus discípulos e começa a ensinar sobre o que é prioridade na vida…

Será que não nos faz bem pensar no que é realmente prioridade na vida? Quando não sabemos responder tal questão, ficamos vagando de um lado para o outro, correndo atrás de uma riqueza que não nos torna ricos, de uma alegria que não torna felizes, de uma segurança que não nos torna seguros… Quando invertemos as prioridades, simplesmente nos ILUDIMOS. E só sofre de desilusão quem se ilude…

Se nossa confiança e segurança estão nas coisas que temos ou nas que fazemos, então é melhor vender e distribuí-las… Jesus não está dizendo que não podemos ter as coisas, nem que a propriedade privada é um pecado. O pecado consiste em atribuir às coisas o valor que elas não possuem. E a melhor forma de saber que valor as coisas têm pra nós é se estamos dispostos a me desfazer delas… Este é justamente o texto do verso 34: “onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração”. O nosso coração está naquilo que mais damos valor. É por isso que se colocarmos nosso coração nas coisas das quais podemos ser privados, correremos o risco de ser infelizes.

Jesus diz: “busque o reino de Deus, coloque seu coração no reino de Deus. Você não recebe o reino pelo que você tem ou faz, mas pela graça de Deus”. Portanto, isso nos traz a segurança de saber que Deus sempre nos guardará em Suas mãos. E que Ele sempre nos dá uma nova chance para começar, quando pensamos que não seríamos aceitos – haja vista nossos sucessivos fracassos.

Sobre o que realmente importa, Jesus tem a nos ensinar algumas lições simples, que nos lembram o que é prioridade:

1) Nós valemos mais do que aquilo que temos! “Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes.” (v. 23)

Parece ser tão óbvio, mas como nos esquecemos disso… Quantas vezes somos ‘medidos’ pela roupa que temos, pelo carro, pelas jóias, pelo relógio que usamos, pela casa em que moramos… Medimos o sucesso das pessoas pelo que elas têm e não pelo que elas são. Cuidamos mais do nosso carro do que nosso corpo. Descuidamos da alimentação, ficamos obesos, cansados, doentes. Onde está a prioridade?

Dizemos que nosso corpo é o “Templo do Espírito”, mas o tratamos muitas vezes como uma lata de lixo… A vida no Espírito se manifesta nos cuidados de si mesmo e dos outros, tanto que os frutos do Espírito (Gálatas, 5.22) formam uma lista que demonstra saúde em todos os aspectos, quer seja o físico, o mental ou o espiritual.

Quando não entendemos esta lição, nos tornarmos pessoas ansiosas, preocupadas com aquilo que erroneamente cremos que poderá nos fazer felizes ou nos tornar melhores e aceitos. “Quanto mais valeis que do que as aves…” (v. 24)

2) Nós valemos mais do que aquilo que fazemos “Observai os corvos, os quais não semeiam, nem plantam… Observai os lírios, eles não fiam, nem tecem…” (vs. 24-28). Jesus está destacando nestes versos o valor do “ser” em detrimento da sua utilidade. Somos uma sociedade pragmática. O pragmatismo mede as coisas pela sua utilidade. Pragmático é o sujeito que jamais vai plantar um Ipê na porta da sua casa porque ele não está preocupado com a beleza das flores, mas com o tempo que vai gastar para tirar as flores e as folhas da calçada…

Medimos as pessoas pelo que elas fazem… Medimos as pessoas pela sua utilidade. É por isso que perguntamos às nossas crianças: “O que você vai ser quando crescer”. Em outras palavras, estamos dizendo que “elas nada são até que se tornem úteis”. O pragmatismo faz com que literalmente joguemos os nossos idosos nos asilos; afinal eles ‘não servem mais para nada…’. Dentro da Igreja não estamos livres deste terrível sentimento. Quantas vezes já ouvimos pessoas dizerem: “Ah! Eu não sei fazer nada… não valho nada”. Desde quando o Senhor nos mede por aquilo que fazemos? Deus nos ama mais por aquilo que fazemos?

Às vezes a parábola dos talentos (Mateus, 15.14-30) é entendida na perspectiva do mérito. No entanto, percebemos que o proprietário divide os seus bens aos seus servos de forma diferente. A um é dado cinco talentos*, a outro dois e a outro um, “a cada um segundo a sua capacidade” (Mateus 25.15). Deus conhece nossas limitações e só espera de nós o que podemos dar, nada mais… O problema é enterrar os talentos e negar a Deus o que Ele sabe que temos condições de realizar.

Neste texto (vs. 27), é tremendo o que o Senhor está dizendo: “Salomão tinha dinheiro para se vestir todo de ouro, incrustado de diamantes, pérolas, rubis, esmeraldas… Mas isso o tornaria mais bonito aos olhos de Deus?” Jesus responde: “não!”.

Não é o que fazemos que nos torna melhores. Deus não nos mede pelos nossos méritos. Deus não é um juiz que dá prêmios para os que têm sucesso e castigo para os fracassados… Nós fazemos assim, Deus não! Ele retribui segundo a Sua Graça e não segundo nossos méritos. E quando a Palavra diz que seremos pelas nossas obras, não está falando de salvação, “porque pela Graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios, 2.8-9).

As obras são como os frutos. Nascem naturalmente das árvores, como manifestação da sua natureza. As nossas obras são conseqüência da nossa relação com o Senhor Jesus. Não somos aceitos por causas das nossas obras. Mas porque somos aceitos, frutificamos em abundância para a Sua honra e glória.

3) Aos olhos de Deus nós não merecemos, mas Ele se agradou em nos dar o Seu Reino! (vs. 31-34).

Jesus então nos ensina qual deve ser nossa maior prioridade: buscar o Reino de Deus. O Reino de Deus envolve, acima de tudo, intimidade com o Senhor. Estar sob o reinado de Deus significa viver como um súdito, que alegremente se sujeita e, por amor, obedece de maneira voluntária e prazerosa.

É maravilhoso ler no texto: “O pai Se agradou em dar-vos o Seu Reino”. É de graça! Não valemos mais aos olhos de Deus pelo que temos e nem pelo que fazemos… Tornamo-nos habitantes do Reino pela Graça de um Deus que nos mede pelo SEU amor e não pelos nossos méritos…

Rev. Ézio M. Lima
IPI de Jataí, GO.

*No antigo testamento, era uma peça ou barra de metal usada como meio de pagamento. O novo testamento refere-se ao Talento como prata, cf. Russel Shedd (1ª ed. 1998).

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