O Natal e o mistério da vida

Autor: Daniel Costa

Gálatas 4:4
De novo é Natal! Que significado tem o Natal para você: troca de presentes, tempo de fraternidade, oportunidade para o consumo ou podemos perguntar por um sentido mais profundo para o Natal? O apóstolo Paulo descreve o nascimento de Jesus assim: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4:4). O tempo perfeito foi assim que Paulo compreendeu o Natal. O tempo perfeito para a vida acontecer.
O que será que o apóstolo quis dizer com isso – A plenitude do tempo? Que todas as coisas necessárias estavam prontas? O momento ideal? Que todas as circunstâncias e todos os fatos estavam alinhados oferecendo a oportunidade perfeita? Mas, se tudo estava pronto, quem ou o que, ou como elas chegaram ao ponto ideal? Eis aqui a mensagem do Natal – Deus tem seu caminho na história;  Ele passa com seus eventos seccionando o tempo e a eternidade, deixando o seu rastro, assombrando o determinismo, mas sem ferir as escolhas dos homens. Para alguns a vida se constitui de eventos soltos, aleatórios, onde somos conduzidos sem muita lógica. Para outros, somos nós os condutores da vida, a nossa plena liberdade e vontade através de nossas escolhas. Já para outros, imaginam que não há escolhas, os eventos são dados por um destino que quer queiramos ou não vamos viver. Mas para Paulo, o nascimento de Jesus é afirmação de que existe o homem e existe Deus na construção da vida.
Aceitarmos o Natal como as páginas da Bíblia o descreve é aceitarmos primeiro, que não há acaso, que por trás dos fatos, dos acontecimentos e através deles há uma linha condutora, uma mão soberana atuando e conduzindo tudo para favorecer a vida, para torná-la plena. Deus é esse intruso absoluto que invade a vida quebrando o ritmo e a direção, impondo o seu caminho. Hamlet tinha razão: “Há mais coisas entre o céu e a terra que imagina a nossa vã filosofia”. Há outras forças atuando nesse mundo para além da nossa vontade e escolha. Paulo diz que desde a criação os fatos vêm sendo conduzidos por Deus precisamente, para dá lugar ao evento do nascimento de Jesus, a plenitude da vida: “Vindo, porém, Deus enviou seu filho”.
Por outro lado, a soberania e planos de Deus não é uma negação da liberdade de escolha do homem. Temos os nossos caminhos, não precisamos ficar esperando que algo descida por nós. Porém, apesar disso, todos sabemos que há coisas na vida para as quais as nossas escolhas não contam. A nossa única opção está em como vivê-las e não se vamos vivê-las ao não. Somos livres, mas não independentes, estamos todos sujeitos a leis e condicionamentos naturais, morais, sociais, ou de nossa própria consciência. Mas isso não é prisão ou determinismo, porque o Natal é o anúncio de que em meio a essa liberdade e ao condicionamento em que vivemos não estamos sozinhos ou soltos no vento da vida, Deus interfere, envia, introduz a plenitude da vida. Você já imaginou o que seria da vida sem esses assombros de Deus? Se só acontecesse aquilo que é provável, normal, possível, previsível, a monotonia e o desencanto seria o nosso destino. O Natal é a afirmação de que na ação de Deus a probabilidade é questionada e o absurdo é estabelecido, o inesperado acontece: Nasce o Filho de Deus. O impossível é sempre possível quando Deus age.
Comemorar o Natal é afirmar a esperança de que a vida não está entregue nem ao acaso, nem ao destino, nem a nossa própria sorte e vontade, mas que em meio às dores e tormentas da vida, Deus sempre pode fazer surgir a plenitude dos tempos, o momento perfeito para a vida acontecer.

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