Autor: Igreja Evangélica Batista
Estudo 1 – Os Apóstolos
Texto base: Efésios 4:7-13
Textos para meditação semanal:
2a. Feira: Atos 14:14
3a. Feira: 1 Tessalonicenses 2:6
4a. Feira: 1 Coríntios 15:4-10
5a. Feira: Romanos 1:1
6a. Feira: Filipenses 2:25
Sábado : Gálatas 2:7-9
Texto-Chave: “Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós, porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor” – 1Co 9:2
Introdução
Neste trimestre estaremos meditando a respeito dos cargos espirituais da Igreja baseados na passagem de Paulo aos Efésios. Nossa expectativa é acrescentar conhecimento a muitos e renovar ou aprimorar o conceito já existente no coração de outros tantos dentro da Igreja de Cristo.
Os Dons de Cristo
A passagem que elegemos como base é muito especial em seu conteúdo. Ela revela os fundamentos dos chamados “dons de Cristo”, os quais são diferenciados dos dons do Espírito pelos estudiosos, embora em outras passagens os encontremos de forma conjugada (1Co 12:28) ou postos em condição de igualdade como objetos de dádiva divina (1Co 12:4-6).
Desta observação nos voltamos aos versos 7 e 8, e este último citando o Salmo 68:18, para apontar que os cargos espirituais na igreja são concedidos por Cristo, o que demonstra haver uma espécie de capacitação prévia àquele que é chamado ao exercício de algum ministério na igreja (E1).
Desta conclusão nasceu como ponto pacífico o fato de que cada dom é dado previamente e prepara o homem ou a mulher para um ministério específico (E2).
Daí o porque do fracasso ou do sucesso de muitos líderes, pois o erro ou o acerto no assentamento de um trabalho ou missão está diretamente relacionado à concessão que seus líderes devem ter recebido de Cristo. Todo obreiro legitimamente constituído por Deus em sua Igreja recebeu primeiro a vocação e depois o chamado à obra, independente de suas condições ou limitações (embora esta última nunca deve adentrar os limites do pecado e da incoerência espiritual) (E3).
Para tanto é que a passagem de Efésios 4 prova que cada um dos ministérios são dons divinos cujo objetivo central é o amadurecimento, edificação e a condução da igreja até à estatura de Cristo (v. 12-13) (E4).
Nesta oportunidade estudaremos um pouco sobre cada um dos cinco dons ministeriais encontrados nessa passagem.
1 – O Apóstolo
Assim que ouvimos o termo apóstolo imediatamente o associamos aos primeiros ministros do evangelho convocados pessoalmente por Jesus.
De fato, os apóstolos foram os primeiros líderes da igreja tanto no tempo, quanto na autoridade, no ministério e no registro de seus atos, além do que, foram também as primeiras ferramentas que Cristo usou para fundar sua Igreja.
Entretanto a palavra grega “apóstolo” significa “um mensageiro, alguém enviado com uma comissão, um apóstolo de Cristo”. Este significado quando considerado junto a outras variáveis como por exemplo o verbo “apostello” que significa “enviar de ou para fora”, resulta que o apostolado também se consiste numa “atividade missionária” ou “de missionário”.
No NT encontramos o título de apóstolo atribuído não somente aos doze discípulos (Mt 10:2; Lc 6:13), mas também a Barnabé (At 14:14), a Silas e Timóteo (1Ts 2:6) a Tiago (1Co 15:7), a Paulo (Rm 1:1) e provavelmente também a Andrônico e Júnias (Rm 16:7), bem como a Epafrodito quando foi chamado por Paulo de “mensageiro” em Fp 2:25.
Além disso, esse título parece ter tido mais de um sentido conforme reparamos em Mt 10:2;19:28; 1Co 15:5,7; Gl 2:7-9 e At 14:14.
a – Existem apóstolos ainda hoje?
A passagem de 1Co 15:4-10 parece mostrar que o apostolado nos dias da ressurreição tinha diversos níveis de autoridade e prestígio. Nessa passagem Paulo mesmo se intitula o “último” dos apóstolos, um a quem o Senhor se revelou como que “nascido fora do tempo”.
Se considerarmos literalmente essa declaração de Paulo concluiremos não ser possível que houvessem apóstolos no sentido original do termo depois daqueles dias, comprovando que foram pessoas a quem o Senhor se revelou pessoalmente, mesmo após sua ascensão.
Contudo concordamos com os estudiosos da Bíblia quando afirmam ter sido o cargo apostólico um encargo divino exclusivo dos primeiros dias da igreja na Terra, mas que quando o termo aparece nas Escrituras significando “missionário” trata-se do dom divino presente em todas as eras da igreja e manifestado mesmo em pessoas que nunca o reclamaram para si. Sendo tal dom o principal responsável pela ampliação dos horizontes da pregação e da implantação do Reino de Deus entre os homens desde os dias de Cristo na Terra.
Desta forma concluímos que mesmo nesses dias de hoje, todos nós que fomos adotados como Filhos do Senhor, convivemos com verdadeiros apóstolos – homens chamados por Deus ao cumprimento de missões especiais, tal como sucedeu-se com os companheiros de Paulo em Antioquia – Barnabé, Silas, Timóteo, Tito e Epafrodito, todos intitulados “missionários” sob a mesma original grega “apóstolos” e cujas vidas expuseram publicamente seus inegáveis dotes espirituais.
Os apóstolos missionários são aqueles que pelo dom que possuem, tem seus alvos fora dos limites da igreja local, atuando como verdadeiros multiplicadores do Reino, deixando igrejas fundadas (e vivas!) por onde passam, num verdadeiro trabalho de desbravamento e ampliação de fronteiras.
Conclusão
A envergadura do peso que o apostolado trouxe sobre os ombros dos primeiros discípulos comprova que com tal responsabilidade somente alguém muito especialmente comissionado e previamente preparado pelo Senhor poderia apresentar tamanho êxito como o que os primeiros apóstolos alcançaram diante da igreja.
Nessa lição iniciamos o embasamento dessa realidade espiritual estudando os dotes concedidos por Deus desde os primeiros até aos apóstolos dos dias de hoje, porém reservando maiores detalhes para as próximas lições, nas quais através dos outros três dons estaremos ampliando nosso aprendizado.
Perguntas para Revisão
1. Quais são os chamados dons de Cristo?
2. Segundo Efésios 4, qual é o objetivo central de cada um dos cinco ministérios?
3. Quais são os significados da palavra “apóstolo”?
4. Dê o nome de pelos menos três homens chamados apóstolos no NT?
5. Qual a diferença entre os apóstolos dos primeiros dias e os de hoje?
Estudo 2 – Os Profetas
Texto base: Efésios 4:7-13
Textos para meditação semanal:
2a. Feira: Atos 11:27
3a. Feira: Efésios 20:20
4a. Feira: 1 Coríntios 14:24,31
5a. Feira: Atos 13:1, 21:21
6a. Feira: 1 Pedro 4:11
Sábado : Levítico 8:8
Texto-Chave: “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus…” 1Pe 4:11-a
Introdução
O segundo dom de Cristo é o de profeta. Veremos aqui como é esse ministério segundo as Escrituras, e como muitos podem estar certos ou errados em sua concepção ou administração desse dom na igreja .
I – O Profeta
O dom ministerial do profeta na igreja, segundo a passagem de Efésios 4:11, em termos de importância e proeminência só está abaixo do apóstolo, e quando examinamos o trabalho do profeta na igreja primitiva verificamos que não se tratava de uma pessoa que apenas profetizava mas que também exercia liderança entre os cristãos juntamente com os apóstolos e mestres (At 11:27; Ef 20:20).
Nosso estudo se motiva pelo fato de o profeta ser um personagem envolto por histórias pagãs de magia, misticismo e não raro – crueldade, fruto de uma imagem desterrada de povos antigos, idólatras e invocadores de demônios que a mídia através de filmes de cinema, televisão e teatro realçam com aparente prazer. Por causa disso, na mente de muitas pessoas, inclusive crentes em Jesus, a figura do profeta está mais ligada a maldições do que a bênçãos, mais a alertar sobre o diabo do que a recomendar sobre Jesus.
Posto assim, voltemos ao profeta crente em, e por Jesus Cristo da igreja. Examinando 1Co 14:24,31 e depois Atos 13:1;21:21 concorda-se que havia (e cremos que ainda há!) dois tipos de profetas na igreja: aqueles que transmitem palavra de edificação pelo dom de profecia, e aqueles que além disso são os líderes espirituais da igreja por possuírem o dom adicional de liderança.
No NT encontramos como profetas-líderes os nomes de Barnabé, Silas, Judas e Ágabo, além de outros que Atos 13:1 deixa transparecer (E1).
1 – O Ministério Profético
O verdadeiro profeta-líder se constitui num oráculo de Deus, dada a inspiração e a extrema confiança que suas palavras devem merecer (1Pe 4:11; Hb 5:12) e reúne em si o cargo dado por Cristo e o dom dado pelo Espírito Santo (1Co 12:10) e sua atuação na igreja, desde os primeiros dias até hoje, segue a natureza de quem os concedeu – não muda nem se altera.
Desta forma, não é muito difícil delinear algumas características deste importante personagem eclesiástico:
a – Sua Fala
Pedro define perfeitamente como um profeta de Deus deve falar quando afirma “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus (…) para que em todas as cousas seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos s3éculos” 1Pe 4:10-11. Meditando nisso, observamos que:
a1 – A fala do profeta, deve estar “de acordo com os oráculos de Deus”. Os dicionários definem oráculo como sendo qualquer entidade física que represente perfeitamente a vontade absoluta e verdadeira de uma crença ou religião, podendo se consistir em objetos (Ez 21:21; Lv 8:8) ou pessoas (I Sm 28:6) – (E2) .
a2 – O profeta de Deus tem extremo compromisso com a verdade de Deus, diferente dos não poucos que insistem em manifestar suas “verdades pessoais”, ou seja, aquilo que ele acha certo ou errado, como sendo a vontade de Deus.
a3 – Na maioria das vezes a mensagem é dada ao profeta no momento em que fala, embora como em muitas vezes aconteceu nos relatos bíblicos, o conteúdo de uma mensagem pode ser dada ao profeta durante uma oração, visão ou sonho, para ser publicada mais tarde (Is 6:9-13).
a4 – A mensagem pode ser também transmitida através de informações de conhecimento do profeta, tais como histórias bíblicas, testemunhos pessoais ou de outrem (At 2:14-37; 7), seguindo um método previsto nas Escrituras (veja-se Ef 6:18-20).
a5 – O ministério do profeta está muito mais relacionado a falar do que a predizer, entretanto em alguns casos pode englobar a predição do futuro. No NT encontramos Ágabo predizendo por profecia em duas passagens (At 11:27,28; 21:10-14) a fome que atingiu a Judéia e a prisão de Paulo em Jerusalém.
a6 – O profeta fala o que Deus manda falar, portanto nunca mente – as profecias sempre se cumprem, o que inclusive, é um dos meios de saber se uma profecia ou um profeta procede ou não de Deus (1Jo 4:1) (E3).
a7 – Outro detalhe no qual os falsos profetas falham é no amor pelo rebanho. O Senhor Jesus é reconhecido naqueles que são usados pelo Espírito pelo seu entranhável amor por suas ovelhas, muito ao contrário do que vemos em certos “profetas” que abordam os filhos de Deus para lhes dizer algo como “O Senhor me revela que o diabo está te esperando ali na esquina”, depois viram as costas e saem dizendo “fiz a minha obrigação” deixando a “vítima” para traz, sem instrução nem orientação. O recado de Deus, seja qual for seu conteúdo, sempre traz instrução e orientação dentro de sua mensagem, de modo que ela nunca parecerá “uma revelação de Deus seguida por um conselho de amigo”. Se alguém achar que tem um recado de Deus para alguém no qual não se veja orientação ou conselho é melhor ficar calado até que os obtenha do Senhor.
a8 – Um profeta é um ministro de Deus, sua função é tornar acessível aos outros cristãos as revelações d’Ele, e quanto mais normal e social ele for, tanto maior será sua aceitação. Já tivemos oportunidade de observar certas “imitações” que se deleitam em parecer misteriosos e místicos, donos de um semblante carregado e amedrontador, com olhares vagos ou parecendo estar enxergando figuras do além em todos os cantos.
a9 – Nem sempre um perigo profetizado significa ordem de fuga, veja-se a segunda profecia de Ágabo pela qual ele alertou a Paulo sobre o que lhe esperava em Jerusalém. Entretanto, apesar da legitimidade da profecia, Paulo tendo discernimento da parte de Deus aproveitou o recado para expor sua convicção sobre o que deveria fazer, ainda que seus irmãos em Cristo clamassem para que não fosse (At 21:4, 10-13).
a10 – O profeta deve amar a Palavra de Deus acima do que procede de seus lábios, e tanto lembrar como promover entre seus ouvintes a prova das revelações que recebeu. Fazendo isso estará zelando pelo nome de Cristo, da Igreja e dos dons que recebeu do Espírito (I Jo 4:1).
II – Onde estão os profetas hoje?
Reunindo-se as características de líder e profeta que esse dom de Cristo outorga a seus agraciados, veremos que os profetas da igreja atual são muitos dos nossos pastores, dirigentes e líderes. Se prestarmos atenção em suas pregações poderemos conferir essas qualidades.
Conclusão
Haveria muito o que falar sobre os profetas, mas o que meditamos até aqui já é bom material de aula para a compreensão desses admiráveis líderes espirituais da igreja.
Perguntas para Revisão
1. Em termos de importância o profeta está abaixo de qual outro dom na igreja?
2. Quais são os dois tipos de profeta na igreja?
3. Quando o conteúdo de uma mensagem pode ser dada a um profeta?
4. Quando uma profecia revela perigo, é sinal incontestável de ordem de fuga?
5. Quem são e onde estão os profetas hoje na igreja?
Estudo 3 – Os Evangelistas
Texto base: Efésios 4:7-13
Textos para meditação semanal:
2a. Feira: Atos 21:8
3a. Feira: Efésios 4:11
4a. Feira: 2 Timóteo 4:5
5a. Feira: Marcos 16:17,18
6a. Feira: Atos 8:39,40
Sábado : Atos 8:5-13
Texto-Chave: “… sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra dum evangelista, cumpre o teu ministério” 2 Tm 4:5
Introdução
O evangelista é mais um dos líderes espirituais da igreja, o qual, na nossa opinião se diferencia dos outros num ponto que lhe é extremamente peculiar: pregar aos que ainda não conhecem. Acreditamos que esta seja uma das lições mais interessantes que estaremos cursando desta série de quatro.
I – A História
No NT a palavra evangelista aparece apenas três vezes (At 21:8; Ef 4:11; 2Tm 4:5), mas seu significado deixa transparecer sua principal característica.
Em Atos 21:8 encontramos o único homem chamado explicitamente de evangelista – Filipe, embora homens influentes da igreja primitiva como Timóteo (2Tm 4:5), Lucas (2Co 8:18), Clemente (Fp 4:3) e Epafras (Cl 1:7; 4:12) apareçam no NT como homens que talvez tenham exercido esse cargo.
Em Efésios 4:11 encontramos Paulo declarando ser o evangelista um dos ministérios de dons para a igreja.
II – O Significado
A forma original desta palavra é “evangelistes” que significa “alguém que proclama boas novas”. Desta forma, autoridades no ensino da Palavra aceitam que o evangelista é “aquele que se dedica inteiramente a pregar o evangelho pelo anúncio das boas novas”, isto é, ele é um especialista em pregar aos ímpios – aqueles que não seguem a Jesus (ainda que já tenham ouvido falar).
III – O Trabalho
A passagem que melhor descreve a atividade de um evangelista está em Atos 8:5-13, e dela é que podemos tirar os principais pontos que caracterizam esse maravilhoso cargo na igreja de Cristo:
1 – Filipe deixou a igreja em Jerusalém para descer até Samaria, para uma única coisa: pregar a Cristo. Vemos que mesmo sendo um dos apóstolos, por ter o dom de evangelista Filipe não se importou em deixar Jerusalém para ir “à campo” em atendimento ao necessitado de salvação.
2 – Sua pregação era confirmada e reforçada pelos sinais de Deus manifestados pelas curas e libertações, o que fazia com que todos lhe ouvissem unanimemente. Os sinais de Deus permeiam a vida de todos os obreiros legítimos por ordem e profecia do próprio Cristo (Mc 16:17,18).
3 – Seu dom lhe possibilitava falar a multidões ou a indivíduos, pois deixando Samaria, Deus o dirigiu à carruagem do eunuco etíope que ao final da pregação pediu que fosse batizado. Essa característica demonstra que o evangelista é um pregador dedicado – sua paixão pelas almas o faz apto a falar de Jesus onde e a quem for possível, seja a um indivíduo, uma grande multidão ou a cidades inteiras.
4 – Filipe não foi um homem que se considerou realizado apenas com a pregação à cidade de Samaria – um evangelista não pára de pregar a salvação – em Atos 8:39, 40 vemos que ele foi levado de cidade em cidade pelo Espírito, inclusive por arrebatamento.
5 – Atos 8:4 mostra que em resposta à perseguição que se desatou em Jerusalém, Deus despertou os que foram dispersos, à obra, como evangelistas. Essa passagem registra que estes “iam por toda parte anunciando a palavra”, mostrando o fervor que impulsiona esse pregador por excelência.
IV – O Ministério
O Evangelista se aproxima bastante do missionário (Apóstolo) no tocante a ter sua área de trabalho fora de sua igreja, embora os resultados sejam direcionados para ela. A diferença está em que o trabalho do apóstolo resulta na maioria das vezes na fundação de uma igreja, enquanto que a do evangelista é a de sair “ao mar alto” para buscar um ou muitos para o Caminho, resulte o trabalho numa nova igreja ou em novos membros para a sua ou outra igreja local.
Poderíamos ilustrar o ministério desse homem de Deus como o caçador que vai mata adentro atrás da caça – ao contrário dos outros ministérios, que atuam dentre os cristãos se assemelhando àqueles caçadores que esperam a caça chegar até onde eles estão ou onde prepararam a armadilha. Todos esses são os caçadores de almas que contrariam a ilustração apenas num detalhe: caçam para fazer viver e não para matar.
Um grande historiador do século IV deixou anotado sobre o evangelista: “E eles espalharam as sementes salvadoras do reino do céus por toda a parte, através do mundo inteiro… A seguir, partindo para longas jornadas, desempenharam o cargo de evangelistas, cheios de desejo de pregar Cristo aos que não haviam ainda ouvido a palavra de fé” (Eusébio)
V – A Cautela
Todo aquele que exerce um dom Divino é consciente dos riscos que corre por atuar diante do povo, especialmente o de ensoberbecer-se. O evangelista não é exceção, especialmente quando ele próprio não entende muito bem o que é ser um evangelista.
Vemos hoje alguns que ostentam esse título cujas atividades não passam de uma “profissão perigo” no meio dos cristãos, pois, passando a maior parte do tempo ausente de suas igrejas locais vivem de igreja em igreja, não por compunção do Espírito, mas simplesmente por atender a convites de pregação, as quais sempre lhe rendem prestígio e elogios não importando a situação de sua vida particular ou espiritual. Assim, sem perceber, passa a armazenar e supor em sua mente que sua “fama” deve-se a aprovação de Deus a seus atos, e muitos se têm por aprovados em plena vida de pecado.
Entretanto, isso não significa que um verdadeiro evangelista não atenda a convites, mas certamente a dedicação e apresso que seu dom lhes traz pelo ímpio que não conhece a Jesus, não lhe dará muito tempo para falar a auditórios cheios de crentes, por questão de prioridade.
VI – Quem são os evangelistas hoje?
Os evangelistas são aqueles cuja atividade se encaixa na descrição acima (item IV). Nos diversos ministérios que compõem a fé evangélica, o evangelista possui maior ou menor projeção na vida ministerial das igrejas locais. Entretanto, sendo o evangelista um dom e não uma credencial, em qualquer ministério divinamente inspirado este dom sempre acha seu campo de trabalho, e de fato tem se manifestado desde cedo na vida de muitos homens e mulheres (E1).
Conclusão
O evangelista é em última análise um enviado de Deus, que age do lado de fora da cerca do aprisco, como que numa operação militar de assalto, sem abandoná-lo, pois se o fizer deixará de ser um líder entre os seus semelhantes, e portanto não estará enquadrado nesse dom de Cristo.
Perguntas para Revisão
1. Qual foi o único homem chamado explicitamente de evangelista no NT?
2. O que significa a palavra evangelista?
3. Qual a passagem bíblica que melhor descreve a atividade de um evangelista?
4. Qual a diferença entre o ministério de um evangelista e o de um missionário?
5. Qual foi a cautela que apontamos necessária àqueles que exercem o evangelismo de liderança?
Estudo 4 – Os Pastores e Mestres
Texto base: Efésios 4:7-13
Textos para meditação semanal:
2a. Feira: 1Tm 5:17
3a. Feira: 1Tm 3:2; 2Tm 2:24
4a. Feira: Sl 23:4; 80:1,2
5a. Feira: Hb 13:20
6a. Feira: Is 40:11
Sábado : Hb 13:7,17
Texto-Chave: “Portanto, ide, ensinai todas as nações (…) ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado…” Mt 28:19,20
Introdução
Os pastores e mestres compõem o quarto e o quinto grupo de líderes espirituais da igreja, cujas características mostram sua grande importância no tocante ao ensino e condução do rebanho de Deus.
I – Pastores ou Mestres?
No texto de Efésios 4:11 o sentido da palavra “mestre” não se encontra muito bem definido, como que parecendo ser sinônimo de pastor. Entretanto, outras passagens dão conta de que haviam atividades que definiam esses dois ministérios na igreja.
Considerando certos detalhes, autoridades na matéria atestam sempre ter havido pastores e mestres nas igrejas, mas de tal modo que pode haver mestres que não sejam pastores, enquanto que não pode haver pastores que não sejam mestres, conforme vemos nas palavras de Paulo a Timóteo: “É necessário, pois, que o bispo seja… apto para ensinar” (1Tm 3:2). Em igrejas que tem vários presbíteros trabalhando, alguns podem possuir o dom de liderança, sem no entanto serem mestres (1Tm 5:17), entretanto, o verdadeiro pastor sempre é um mestre (veja-se 1Tm 5:17b). Paulo ao aconselhar Timóteo ensinou que eram dignos de dupla honra os presbíteros que governam bem, mas “principalmente os que trabalham na palavra e no ensino” (2Tm 2:24).
1 – Sobre os Pastores
A figura do povo de Deus como rebanho apascentado pelo Senhor foi registrado nas Escrituras como um laço afetivo entre as duas partes desde tempos remotos (Sl 23:4; 80:1,2; Is 40:11; Jr 23:4; 25:34-38; Ez 34; Zc 11).
No NT vemos Cristo assumindo a posição de “bom pastor”(Jo 10) e sendo reconhecido como “grande pastor”(Hb 13:20), além de ter herdado o título profético de “verdadeiro pastor”(Is 40:11) e “supremo pastor”(1Re 5:4).
A figura do pastor de ovelhas não foi escolhida arbitrariamente – a forma como se porta na condução do rebanho animal quase pode ser aplicada literalmente na condução do rebanho do Senhor, dadas as semelhanças do zeloso condutor e das ingênuas criaturas sob seus cuidados. Como base, nas Escrituras encontramos a palavra “poimen” (“rebanho” no grego) sendo aplicada à igreja, e a palavra “poimaino” (“pastorear” no grego) aplicada ao trabalho do líder espiritual da igreja.
Quanto a natureza da ovelha temos informação de que se trata de um animal que por natureza é propenso a cair em penhascos, ferir-se em buracos e espinhais, sendo muito dependente da vigilância de seu pastor, de quem, ao contrário dos outros animais, reconhece e atende a voz.
Se reunirmos todas essas informações veremos quão digno de respeito e reconhecimento são os pastores do rebanho de Deus (Hb 13:7,17) – pois são homens que receberam de Cristo o dom de apascentar, trabalhando na posição de “sub-pastores” do “supremo pastor”.
Entretanto podem haver pessoas ocupando esse lugar, sem que no entanto estejam cumprindo o ministério ordenado por Cristo (Jr 23:1; Ez 34:2), os quais são responsáveis pelo descrédito que muitas pessoas nutrem contra ele, prejudicando os verdadeiros guardiões do rebanho, acentuando ainda mais sua perigosa exposição às hostes infernais (Mt 26:31).
2 – Sobre os Mestres
A palavra mestre significa literalmente “homem que ensina”, e o ministério do ensino foi notavelmente destacado na grande comissão (Mt 28:19,20). A igreja dos primeiros tempos tinha no ensino uma atividade diária dentro de seu cotidiano: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo” (At 5:42).
A importância do mestre é realçada pelo dom da palavra de conhecimento concedido pelo Espírito Santo, o que é uma informação importante para quem deseja diferenciá-lo do dom da palavra de sabedoria atribuído aos profetas.
João deixou registrada a origem da unção dos verdadeiros mestres: “E vós possuís unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento” (1Jo 2:20), palavras que atuam mais no campo da erudição, ou seja, da pesquisa e estudo das sagradas letras (2Tm 3:15), do que da revelação repentina e “improvisada” que marca a palavra do profeta – o mestre é usado no esclarecimento e na perfeita interpretação e ciência das Escrituras, enquanto que o profeta é usado na palavra específica para um certo momento, lugar ou circunstância com o fim de estimular os cristãos de forma mais pessoal e íntima.
Nas Escrituras encontramos que em Antioquia havia uma igreja que possuía um exemplo salutar de equilíbrio entre profetas e mestres (E1), também encontramos referências diretas sobre o ministério do ensino, o qual não era difundido apenas no templo: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo” At 5:42.
a – Quem são os mestres?
Parece óbvio, mas os mestres são aqueles que ensinam na igreja. Entretanto, não podemos permitir que o sentido aparentemente vulgar da frase oculte um poderoso instrumento de Deus na igreja local.
O mestre ao qual nos referimos não se resume a alguém que possui uma credencial de professor, líder de departamento, diácono, presbítero ou mesmo pastor, os quais tenham sido “encaixados” na função de ensinadores.
Estamos estudando aqui aquele que recebeu de Cristo o dom do ensino, o qual não depende de circunstâncias ou credenciais. Como todos os demais dons, o ensino é uma virtude que emana naturalmente daquele que recebe o impulso de multiplicar o conhecimento e as revelações de Deus aos outros irmãos.
Em qualquer lugar, tempo ou circunstância, aquele que recebeu o dom do mestrado estará ensinando, mesmo que tenha se convertido há pouco tempo, e seu esforço se concentra sempre em aprimorar sua atividade ou métodos de expor o que o Senhor lhe tocou a ensinar.
b – Qual a importância do mestrado na igreja?
O ensino prepara e conscientiza o indivíduo a trabalhar de forma mais segura e mais perfeita em qualquer esfera de atuação humana. Isso se aplica também à igreja, e de tal modo que o escritor aos hebreus demonstrou pesar pelo pouco preparo dos irmãos à compreensão das escrituras (Hb 5:12).
Conclusão
Finalizamos aqui nossa série de pequenos estudos sobre os dons de Cristo, resumindo que os mesmos se encontram em perfeita harmonia dentro da igreja, complementando-se mutuamente no sustento e na edificação da mesma: “Apóstolos e evangelistas têm a tarefa específica de plantar a igreja em cada lugar, profetas a de trazer uma palavra específica de Deus para uma dada situação. Os pastores e mestres são dotados para assumirem a responsabilidade pela edificação da Igreja dia a dia” (E2).
Perguntas para Revisão
1. Existe distinção entre pastores e mestres? Como?
2. Dê uma passagem bíblica onde vemos a imagem do pastor e do rebanho relacionada ao Senhor e seu povo.
3. Quem são os pastores na igreja?
4. Quem são os mestres na igreja?
5. Qual a harmonia dos cinco dons de Cristo na igreja?
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