Autor: Waterson José Ferreira
Uma das características marcantes da Igreja nascente, em Atos dos Apóstolos, é que era uma igreja que “contava com a simpatia de todo o povo”. Os cristãos, cheios do Espírito Santo, davam bom testemunho e tratavam todas as pessoas com respeito, amor e bondade, pois, através deles, o Espírito Santo fluía.
A maneira como recebemos as pessoas é um dos primeiros sinais de que a Igreja está viva. Quando acolhemos com amor aqueles que nos visitam, revelamos que não temos medo da comunhão e temos um tesouro a compartilhar. Quando nos fechamos ou não nos interessamos pelas pessoas, é sinal que nossos corações estão fechados para a comunhão e, quando isso acontece, o Evangelho fica encoberto para aqueles que ainda não conhecem a Cristo, e as trevas descem também sobre a Igreja. É preciso que queiramos conhecer as pessoas, e não ficarmos fechados em um gueto de relacionamentos, pois o Espírito Santo quer construir a unidade da Igreja através de nossas vidas. Neste sentido, não dispor as nossas vidas para novos relacionamentos é tentar resistir à obra do Espírito Santo. Precisamos crescer como pessoas, como Corpo, não permitindo que ciúmes e disputas interfiram na vida da comunidade.
Fico preocupado quando pessoas vêm à Igreja por minha causa, ou seja, por causa do pastor. Não quero ser presunçoso ao fazer tal afirmação, mas sei que isso é uma realidade que não acontece apenas comigo, mas com outros pastores também. A verdade é que as pessoas estão tão carentes e em busca de relacionamentos que tenham algum significado, que acabam por se fixar naqueles que lhes dão um pouco mais de atenção. Já ouvi dos lábios de cristãos a seguinte afirmação: “Fulano só vem à Igreja por causa do pastor!” É certo que isso não deveria ser assim, pois este tal “fulano” deveria vir à Igreja também por sua causa. Tentamos espiritualizar demais as coisas dizendo: “Eu venho à Igreja por causa de Cristo”. Mas quero apenas lembrar que não foram poucos irmãos que já tiverem a experiência de sair da Igreja e ir para outra Igreja por causa de pessoas. Se a única razão para virmos à Igreja é realmente Cristo, então não há sentido em sair da Igreja por causa de pessoas, ou por discordarmos deste ou daquele, pois uma pessoa ou um grupo de pessoas não é a Igreja, ou seja, a Igreja é o Corpo de Cristo e não um indivíduo ou um grupo. Por outro lado, Jesus criou a Igreja para que nela e através dela aqueles eleitos que são trazidos à comunhão possam se relacionar entre si como membros do SEU Corpo. Sendo assim, não temos direito de escolher com qual parte do Corpo vamos nos relacionar, pois todos os membros fazem parte do Corpo.
Podemos fazer programações fantásticas, investir em aparelhagem de som de última geração, entregar aos visitantes os cartões mais bonitos, mas nada disso terá valor se não nos envolvermos pessoalmente uns com os outros. Pessoas são mais importantes do que programas, do que aparelhagem, do que cartões, do que coisas. Ninguém mais do que o próprio Senhor Jesus personificou esta verdade. Todos nós sentimos quando somos acolhidos e recebidos com amor ou não. Com certeza você tem opiniões sobre as pessoas, sobre aqueles que gostam de você, aqueles que, apesar de não terem um relacionamento mais próximo com você, têm consideração e o tratam com respeito e valor.
Como membros, deveríamos sempre nos colocar no lugar das pessoas que nos visitam, e avaliar como gostaríamos de ser recebidos se fôssemos nós no lugar delas. Se fôssemos a uma Igreja onde as pessoas passam por nós e nem nos olham no rosto, será que voltaríamos? Será que escolheríamos aquela Igreja para nos tornarmos membros dela? Será que sentiríamos o amor de Cristo por nós fluindo através daquela Igreja?
O apóstolo Paulo diz que somos “embaixadores” de Cristo. A função de um embaixador é representar aquele que o enviou no lugar onde somos colocados. Façamos então uma reflexão: Temos representado Cristo de maneira devida para com as pessoas que Deus coloca em nosso caminho? Podemos ser identificados como cristãos no contato que temos com as pessoas?
Que o nosso cartão de visitas possa ser a nossa simpatia, a nossa comunhão de amor em Cristo e a maneira como acolhemos aqueles que nos visitam para a glória de Deus!
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