Autor: Ashbell Simonton Rédua
No estudo da ética Presbiteriana, verificamos que a mesma está “profundamente impregnada da doutrina da Soberania de Deus”(1). É por isto que a Igreja Presbiteriana lança nas Escrituras Sagradas o seu fundamento. Um dos princípios da Reforma do Séc XVI é a Soberania da Palavra de Deus. “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática”.
“Os grandes pensadores, filósofos e intelectuais do passado, os da época calviniana, os posteriores a João Calvino, na França, na Holanda,na Inglaterra, na Escócia e em outros países, que tiveram uma ou outra convicção da natureza presbiteriana, assim como os santos homens que participaram da Assembléia de Westminster (de 1 de julho de 1646 a 22 fevereiro de 1649), procuraram inspiração na Fonte das Águas Vivas, a Bíblia Sagrada.
E, ao fim de muita busca, com a mente posta nas Escrituras – como a única regra de fé e prática – foram encontrar na chamada “Oração do Senhor” a estrutura de uma ética peculiar, sem desejo da denominação, tendo por modelo a conduta do próprio Senhor Jesus Cristo. Alí, nos quatros primeiros itens ensinados pelo divino Mestre aos apóstolos, em Mt 6:9-10, estão as quatro normas fundamentais do presbiterianismo” (2) Vamos examinar somente algumas facetas da primeira frase da Oração do Senhor, que está relacionada com o Culto de Louvor e Adoração à Deus.
Pai nosso que estás nos céus – esta expressão está relacionada com a ética do culto Racional, reconhecemos que a paternidade de Deus é um sublime privilégio, portanto reconhecendo isto, o presbiteriano: “Presta culto racional e não só emocional. Nada de exageros nos rituais. Nem gritos, nem gemidos que denunciem excitação. Nem atitudes ou gestos que possa significar estados emocionais que cheguem ao histerismo.
A emoção, muitas vezes, tem efeito apenas fisiológico: é um ato do corpo, diríamos.Sendo do corpo ela afeta o organismo humano e pode tornar-se irracional. Ela costuma indicar maus estados de saúde ou de adaptação ao meio. Como está ligada às tendências do próprio indivíduo, segundo ensina a psicologia, pode ser considerada algo egoísta. É passageira e, por ser assim, caracteriza personalidades inconstantes e inseguras. Na hora da excitação, sob a influência de imagens falsas – vistas ou imaginadas – busca pompa, aparato e barulho. Eleva o emocionado a gestos e posturas, expressões faciais e corporais, as mais variadas. Foi talvez pensando nisto que o filósofo Darwin, exagerando disse que certos gestos e atitudes do homem são lembranças do passado da raça humana.
Podemos então definir que as mãos postas, lembraria o antigo costume de os vencidos implorarem misericórdia aos vencedores. Não é verdade, mas é bem achado. O certo é que numerosas atitudes no culto são expressões meramente emocionais, sem a participação do Espírito do Adorador de Deus.
O Culto emocional rebaixa o Criador à condição da criatura. Martiriza a criatura com manifestações fora do natural. Tira-a da condição do comum dependente de Deus para coloca-lo em regiões artificiais, onde há carismas (do grego Karisma, que quer dizer: um dom, um favor, uma graça). Têm sido deste tipo diversos movimentos históricos como o dos Montanistas, no Séc II.Eles pregavam a imediata volta de Cristo e tinham costumes severíssimos. Desapareceram na voragem do tempo. Também os Irvinguistas da Inglaterra, seguidos de Edward Irving(1792 a 18345). Formaram uma igreja que dava muita ênfase aos dons, principalmente o da profecia e o de línguas.
Há uma parte do culto que deve falar ao coração. Mas a um coração controlado, equilibrada; não a um que se deixa vencer pela tremura, pelos gritos e choro.”(3)
No programa litúrgico o Culto é um encontro de Deus com o homem, é a comunhão do Adorado com o adorador, portanto o culto é Cristocêntrico na sua essência e Bibliocêntrico na sua expressão litúrgica. Portanto “o pastor cuidará para que o culto seja solene,respeitoso, altivo, bíblico, espiritual, edificante. Evitará, conforme a teologia de sua igreja, o pneumatismo, o antropocentrismo, o ecletismo, o psiquismo, o psictacismo, o glossolalismo, o coreografismo, a ritmopéia secular e a dicotomia entre o “culto jovem” ou o “culto velho”. O pastor pela liturgia, passará para a Igreja o princípio de que o corpo eclesial é uno, próprio, específico, espiritual, consensual, indivisível. O Ministro não há de se esquecer de nossos “Princípios de Liturgia”.(4)
Instrumentos musicais – devem serem usados com moderação, liturgicamente, evitando os ritmos quentes, próprios para clubes sociais, ou festas momescas. Os instrumentos, quando bem usados, tocados suavemente, ajudam a criar um ambiente devocional, meditativo e místico, criando o sentimento de que o celeste, pelas expressões cúlticas comunitárias, se faz presente no terrestre; o transcendente se insere no imanente. A música instrumental, com vocalização ou não, tem enorme poder místico.
A música que não leva o adorador a meditar, a louvar, a confessar, a consagrar-se não serve para a liturgia comunitária. O culto inclui o regozijo. O próprio Paulo recomenda; “Regozijai-vos sempre”. Não confundir, porém, a alegria espiritual, um gozo íntimo que não induz à dança, às coreografias sensuais ou rítmicas, mas a comunhão profunda com Deus, comas hilaridades carnais. Deus não aceita cultos orgíacos. A pentecostização da Igreja começa no culto. O pastor, supervisor da liturgia, tem de “cortar o mal pela raiz”.(5)
Concluindo quero afirmar que nós somos parte de uma cultura que supervaloriza o emocional, principalmente pôr causa do componente africano existente em nossa raça. Julgamos, então, que chorar, cair, emitir sons, ou ser possuído de determinados fenômenos é ter fé.
A nossa Confissão de Fé afirma: “O modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo e tão limitado pela Sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras” (6)
Notas:
(1) Martin, Francisco – PORQUE SOU PRESBITERIANO? – Casa Editora Presbiteriana, SP, 1985, pg 23
(2) Martins, op., cit, pp 23
(3) Martins, op., cit, pp 24
(4) Fiqueiredo, Onézio – Ministério e Administração de Igreja Local, publicado pela Secretaria de Imprensa e Literatura do Presbitério Casa verde, 2ª edição, SP, 1992, pg 03
(5) Figueirado, op, cit, pp 04.
(6) Confissão de Fé de Westermister, Capítulo XXI – Do Culto.
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