Natal: a confraternização dos fracos

Autor: Jonathan Menezes




“Felizes são os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt. 5:3).

É difícil falar de fraqueza para um universo que supervaloriza a performance e a realização pessoal acima de todas as coisas, e que consagra uma velha casta, a qual sempre reaparece com novas facetas: os auto-suficientes. Sem questionar para onde e até onde vamos com este estilo de vida, aceitamos as regras e compulsões ditadas pela sociedade, que tende a eliminar de seu vocabulário palavras como vulnerabilidade, choro, dor, lamento e pobreza, e a destacar a supremacia dos mais fortes. Assim, nos tornamos seres que não abrem mão do controle de nossas vidas medíocres e alimentamos a simulação de uma fachada indelével.

Interessei-me de bom grado pela idéia de Henri Nouwen de “confraternização dos fracos”, pois ela preconiza uma possibilidade honesta e tremendamente humana, a saber a participação fraterna nas dificuldades uns dos outros, complementando e ajudando uns aos outros, visto que todos possuímos fraquezas de diferentes espécies. Isso é compaixão. Penso que esta idéia se aplica perfeitamente à celebração do natal, por duas razões. A primeira já foi delineada e aponta para a voz do mal na sociedade e na igreja, que nos condiciona a jamais demonstrarmos nossas fragilidades. A segunda diz respeito ao que o natal festeja: o nascimento na história do Deus que se fez gente, Jesus, e que encarnou a fragilidade, a dor, e a “desprezível” miséria da condição humana, desde a inglória manjedoura até a insuportável cruz, expondo sua total vulnerabilidade para queatravés de sua morte, encontrássemos vida. Inconcebível loucura, Maravilhosa Graça!

Portanto, natal é a confraternização de homens e mulheres que não têm vergonha de celebrar a vida, admitindo todas as suas incoerências e limitações,  reconhecendo sua pobreza, bebendo de seu próprio cálice, recebendo de Cristo o cálice da salvação e a revelação da face humana de um Deus que não se esconde atrás de um nome, de um título ou de um ofício, mas que se apresenta na completa vulnerabilidade de seu amor, para a redenção da criação, a qual perdeu a noção do que é o amor. Que neste natal, eu e você possamos despertar do sono e do cativeiro, num movimento de retorno a este Deus e a nossos irmãos e irmãs Nele.     

 

Jonathan Menezes

www.ejesus.com.br


Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*