Autor: Ézio Martins Lima
“Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo!” (João 16.33 – NVI)
Desde tenra idade aprendemos que as aflições são inerentes à existência… As formas pelas quais sofremos aflições mudam no decorrer dos anos, mas a realidade é que em todas as fases de nossa existência somos afligidos… As aflições roubam-nos a paz e nos tornam conscientes de que não estamos no controle das circunstâncias externas à nossa vida. Somos afligidos porque as pessoas nos frustram, porque as coisas se perdem ou são roubadas, porque fatores críticos exógenos acontecem… Somos, assim, literalmente atingidos pelas aflições da vida e, por isso, alguns acabam por concebê-la como um constante tormento! “Viver é sofrer”, “Depois da tempestade, vem outra tempestade ainda maior”… São algumas frases que acabam se tornando o jargão das vítimas das aflições ,resultantes dos embates da vida!
Ora, Jesus não nos diz que não teremos aflições, lutas e embates… O ensino de Jesus não é alienado das vicissitudes inerentes à existência. O ensino de Jesus não nos tira da realidade, não espiritualiza o sofrimento, nem tampouco faz dos Seus seguidores super-homens/super-mulheres, que passam pela vida como que vivendo em um “conto de fadas”…
O diferencial do ensino de Jesus principia no fato de que Deus, na Sua Soberania, torna-se carne, caminha pelas estradas empoeiradas da Palestina, e culmina na morte sangrenta na cruz do Gólgota. Deus se fez carne, mas não nega a humanidade! Por quê? Porque “(…) Deus não quer que nossa vida seja meramente espiritual; Ele quer que nossa espiritualidade seja verdadeiramente humana”. (James Houston)
Mas o capítulo das aflições não termina quando descobrimos que elas existem, e que por elas passamos e por elas iremos passar… Para aprender tal fato não é necessário escola, senão a própria existência… Afinal, todos conhecem a casa do sofrimento, e mesmo sem querer, vez ou outra todos os seres humanos a visitam…
O capítulo das aflições assume nova perspectiva,não quando delas tomamos consciência, mas quando conhecemos Aquele que venceu o mundo. Porque o Senhor Jesus venceu o mundo, ao contrário de nos desesperarmos, somos chamados a renovar o ânimo, a esperança, os sonhos, a alegria…! Não é algo que acontece do lado de fora… Não são as aflições que deixam de existir. Algo, contudo, acontece dentro daquele que crê (I Jo 5.4). Uma nova disposição mental, uma nova forma de encarar as circunstâncias, uma nova maneira de conceber e re-agir… Tal fato não se explica como fruto de um certo “sentimento religioso” capaz de amortecer a dor. É uma certeza alimentada pela convicção e sustentada pelo próprio poder de Deus. É uma disposição coerente e consciente de avaliar a vida pelo ponto de vista da fé, sem ignorar as circunstâncias. É a esperança que traz ordem ao caos. E esperança só é real em Cristo, pois em Cristo, “A esperança encontra não apenas um consolo para o sofrimento, mas também o protesto da divina promessa contra o sofrimento” (J. Moltmann).
Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Brasília
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