Autor: Robinson Monteiro
“Muita gente tem um conceito distorcido de felicidade. O mais comum é vê-la como ausência completa de dor e como uma seqüência de momentos nos quais a pessoa se sente bem. É fácil preencher a vida com uma série de episódios efêmeros de bem-estar, como sair com os amigos ou beber um bom vinho. São diversões que podem trazer satisfação momentânea, mas na manhã seguinte a vida não estará melhor e não haverá como evitar que aconteçam coisas ruins”
Eu assino embaixo de tudo isto, mas não fui eu quem escreveu. O título e a citação estão nas páginas amarelas da revista Veja do dia 1º de março e fazem parte da entrevista do psicólogo americano Steven Hayes, que aos 57 anos é considerado um dos mais polêmicos de sua área.
A idéia prevalente nos dias de hoje e que virou até mote de igreja – “Pare de Sofrer” – é que o sofrimento deve ser evitado a todo custo, que o importante é tomar uma pílula, ou fugir do problema, ou entreter-se com algo que desvia a atenção etc. e então, ser “analgesicamente” feliz.
Talvez a idéia, especialmente no meio evangélico, veio como reação ao pensamento medieval masoquista que alçava ao altar das mais nobres virtudes qualquer sofrimento que nos fizesse semelhante ao calvário do Cristo.
Deus não criou o homem para sofrer, mas usa o sofrimento para re-criar o homem. As circunstâncias adversas são ferramentas freqüentes nas mãos de Deus, porque toda facilidade gera flacidez. Todavia, entender o sofrimento e a dor como vicários à semelhança do que sofreu Jesus é criar uma teologia estranha à Palavra de Deus. Ninguém sofre ou sofreu como Cristo, que nos substituiu como Cordeiro de Deus, que retira o pecado do mundo.
Quando sofremos, no entanto, entendemos melhor determinados propósitos de Deus que as circunstâncias benfazejas muitas vezes nos cegam para ver. Afinal de contas, quando tudo vai bem, quem vai prestar a devida atenção para as mudanças dos ventos e a tempestade que se avizinha?
Então, não fuja da dor. Também não busque a dor. Simplesmente a encare como um fato real e inevitável da vida. Lembre-se, porém, que você não está sozinho e que o final feliz é uma possibilidade concreta, quando se tem a melhor atitude como resposta à pior circunstância.
Jesus já dizia: “No mundo, tereis aflições, mas tende bom-ânimo: eu venci o mundo”, no mesmo espírito do salmista: “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem no amanhecer”.
Faça um comentário