Autor: Juarez Marcondes Filho
Estamos sempre mudando. E em determinadas épocas chega a ser um desejo incontido. Queremos mudar determinados objetos da casa, quando não a própria casa. Almejamos mudar de carro. No fim do ano, com as comemorações natalinas, somos instados, pelo comércio, a mudar todo o nosso guarda-roupa; ai de quem não usa uma roupa nova no Ano Novo.
Mas, por mais mudanças que aconteçam conosco, efetivamente, podemos continuar os mesmos, ainda frágeis, precários, inseguros, com valores distorcidos, ameaçados de sermos engolidos pela nossa própria angústia. Mudança de verdade só Cristo pode operar em nós.
No Evangelho de João, capítulo 5, encontramos um relato muito interessante acerca de um paralítico que habitava em Jerusalém. Ele podia ser encontrado diariamente no local chamado “Porta das Ovelhas”, diante de um tanque de água, conhecido como “Betesda”, que quer dizer “casa de misericórdia”. Ali estava, lado a lado, com um grande número de enfermos.
Havia um crença de que, de quando em quando, um anjo vinha do céu e agitava as águas do tanque; assim, o primeiro enfermo que entrasse após a operação angelical era imediatamente curado. A vantagem sempre estava ao lado de cegos, surdos e mudos, contra os paralíticos, pelo simples fato de aqueles podiam até correr, enquanto estes sequer conseguiam andar. O resultado é que o paralítico, figura central desta história, já amargava seu estado de enfermidade havia 38 anos.
Até que Jesus o encontrou e lhe fez a clássica pergunta: “queres ser curado?” (v. 6). Em outras palavras: “você quer mudança de vida, mudança de verdade?” Muitos falam que anseiam por mudanças, mas no fundo querem, apenas, uma maquiagem, algo superficial, que atenda somente alguns interesses imediatos, mas que não afete o âmago do ser. É o desejo de mudar, mas de não mudar tanto assim.
Em princípio, a resposta do paralítico levou em consideração o que ele conhecia a respeito da possibilidade de cura, ou seja, ele não conseguia ser o primeiro a pular no tanque depois do anjo agitar as águas. É interessante que Jesus não entrou numa discussão com ele a respeito de sua fé tão precária; Cristo simplesmente o incitou à verdadeira fé.
Esta é a fé que transforma, provoca a verdadeira mudança, mudança do ser, que mexe com o íntimo da pessoa humana. Cristo convidou a levantar-se (v. 8). A primeira coisas que precisava acontecer com ele era sofrer uma mudança de posição. Ele havia ficado tanto tempo deitado que talvez nem soubesse o que significava ficar em pé. Mas ao ouvir a voz de comando de Cristo ele não titubeou, de um salto parou em pé.
Esta postura identifica-se perfeitamente com a nossa condição espiritual, pois, o pecado nos fez prostrados, submetidos à sua insanidade, tateando em trevas. Quando a luz de Cristo brilhou em nosso coração, fomos soerguidos pela misericórdia do Senhor. Deixamos o reino das trevas, para o Reino do Filho (Colossenses 1.13), nós que não éramos povo, fomos feitos povo de Deus (I Pedro 2.10).
A seguir Cristo determinou ao paralítico: “anda” (v. 8). De pouco valeria o ficar em pé se ele não se dispusesse a caminhar. Talvez um pouco inseguro nos primeiros passos, depois, mais firmado, e quem sabe, até correndo. É uma mudança da atitude. Somos desafiados pela Palavra de Deus a andarmos de acordo com o nosso chamado, com humildade, mansidão, longanimidade, etc. (Efésios 4.1-3).
Por fim, Jesus reencontrou o paralítico e fez a seguinte recomendação: “agora que você está curado, não peques mais, para que não te suceda coisa pior” (v. 14). Pior do que a enfermidade física é a enfermidade espiritual. Cristo queria ver nele uma mudança de propósito, de tal sorte que a sua vida não fosse mais para atender aos seus próprios interesses, e, sim, aos do Reino de Deus, vivendo para a sua glória.
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