Missões transculturais no século XXI

Autor: Esequias Soares

Como crentes responsáveis pela evangelização do mundo, precisamos conhecer o tipo de sociedade do séc. XXI, que será cada vez mais globalizada. O evangelho é uma mensagem globalizada, universal, para todos os povos. A situação de pobreza material e espiritual permanece atormentando os homens. 

As igrejas precisam reavaliar suas estratégias administrativas, os métodos de evangelização e de fazer missões diante dos modernos meios de comunicação.

O Cristianismo é transcultural, ou seja, o evangelho está acima das culturas. Concluímos que ainda há muitas terras para conquistar para Jesus, pois as estatísticas missionárias revelam o tamanho do nosso desafio.

INTRODUÇÃO

O terceiro milênio começou com 6 bilhões de habitantes e com 1.739 grupos étnicos no planeta. Os últimos dados estatísticos nos mostram que cerca de 33% dos moradores da terra ainda nunca ouviram falar de Jesus. O quadro é mais ou menos assim: 2 bilhões de pessoas seguem o Cristianismo, incluindo os cristãos nominais; 2 bilhões já ouviram falar de Jesus pelo menos uma vez e 2 bilhões nunca ouviram falar de Jesus. Que tipo de sociedade vamos encontrar no séc. XXI? Como alcançar essas etnias? É sobre isso que vamos estudar hoje.

I. PANORAMA MUNDIAL

1. O fenômeno da globalização. A globalização é um fenômeno curioso que nos dá a impressão de uma padronização das culturas mundiais. Depois da queda do Muro de Berlim, marcando o fim da Guerra Fria em 1989, a globalização, ou mundialização, vem ganhando espaço, dinamizada principalmente pelos modernos sistemas de comunicação. À parte os efeitos colaterais, como o desemprego, não devemos negar que essa nova ordem mundial tem facilitado muito a vida do homem. Isso facilita também a evangelização e as missões, pois o evangelho é também uma mensagem globalizada; é universal, portanto para todos os povos (Mc 16.15; Ef 2.14-19; Cl 3.11). 

2. Perfil do mundo globalizado. Os aeroportos internacionais seguem um mesmo padrão, para que você se sinta em casa em qualquer país. O sistema de shopping centers também está padronizado em todo o mundo. Você não terá muita dificuldade em comprar roupa em qualquer parte do mundo, ainda que não fale sequer uma palavra em outra língua. Também não morre de fome, o sistema “fast food” (comida rápida) está em qualquer parte do mundo. Parece que o mundo vai diminuindo à medida que o tempo passa. Além desse mundo globalizado e secularista que não quer saber de Jesus, há um outro mundo que não tem acesso à globalização, que igualmente precisa de Jesus. 

3. Os pobres do terceiro milênio. O número deles chega a mais de 800 milhões; mais 10% da população da terra, segundo dados recentes da ONU. Ninguém pode negar que há mais recursos no mundo de hoje do que no mundo antigo. Isso deveria melhorar o mundo, mas a humanidade continua na miséria moral e espiritual. Tanto ricos como pobres estão clamando pelo pão do céu. Só Jesus pode dar sentido à vida; só Ele pode dar ao homem a alegria de viver. Os tempos e as coisas mudam, mas o sofrimento permanece atormentando os homens.

II. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

1. O avanço dos meios de comunicação. Atualmente o homem pode estar virtualmente presente em toda a parte do planeta; pode estar conectado em rede, tanto na Internet, como em sua própria residência através do sistema celular de telefonia. Pode acessar um terminal eletrônico para movimentar sua conta bancária de qualquer parte do mundo. Esses avanços têm revolucionado as indústrias e alterado profundamente a vida da sociedade. Isso já estava no cronograma divino “e a ciência se multiplicará” (Dn 12.4). Em função desses avanços, as igrejas têm reavaliado suas estratégias administrativas, os métodos de evangelização e de fazer missões. 

2. Os meios de comunicação no plano de Deus. A Bíblia diz que as duas testemunhas mortas em Jerusalém serão vistas ao mesmo tempo pelos moradores da terra, como se fosse uma transmissão de imagens num noticiário (Ap 11.8-10). Na segunda vinda de Jesus, todo o olho o verá, até mesmo os judeus (Ap 1.7). Ora, se nem mesmo o sol pode ser visto ao mesmo tempo no Brasil e no Japão, como Jesus pode ser visto em toda a terra ao mesmo tempo? Ainda que não existisse uma explicação, poderíamos estar descansados: o poder de Deus é infinito (Sl 147.4,5). O certo é que a Bíblia está falando dos meios de comunicação dos últimos tempos.

3. Os meios de comunicação a serviço de Deus. Deus permitiu e deu sabedoria aos homens a fim de que produzissem tais recursos para a expansão do seu Reino, assim como os recursos dos dias apostólicos foram usados por eles e para o bem-estar da humanidade, como indica a expressão paulina: “Fiz-me de tudo para com todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” (v.22). Os recursos modernos são a maior ferramenta (em termos materiais, é claro) de que dispomos para a pregação do evangelho, pois permite que milhões de pessoas em todo o mundo ouçam ao mesmo tempo o evangelho: “a sua palavra corre velozmente” (Sl 147.15).

III. A TRANSCULTURAÇÃO

1. O Cristianismo e as culturas. O Cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas; sua mensagem, porém é universal. No dia do triunfo de Cristo e da Igreja, cada povo ou etnia se apresentará louvando a Deus na sua própria língua (Ap 5.9). Por isso o apóstolo Paulo disse que, sendo livre, se fez servo de todos, judeu para os judeus, sem lei para os sem lei (vv.19-22) a fim de ganhá-los para Jesus. Não é necessário destruir a cultura dessas 7.319 etnias para levá-las à fé cristã, porque o Cristianismo é transcultural. 

2. O respeito pelas outras culturas. Os missionários devem respeitar as culturas de cada povo. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isso em nada implicaria na salvação dos novos crentes; portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19,20). Convém lembrar que a importação de inovações para as nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança  espiritual. Muitas coisas não servem para a nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como igualmente esta pode não servir para outras etnias pela mesma razão.

IV. MUITAS TERRAS PARA CONQUISTAR PARA JESUS

1. Estatística missionária. Estamos iniciando o século XXI com 2.500 missionários transculturais brasileiros, de todas as denominações, em mais de 70 países de todos os continentes, com 13% deles na Janela 10/40. É muito pouco. No mundo todo, segundo dados do livro Intercessão Mundial, há 76.120 missionários protestantes estrangeiros num total de 138.492, incluídos os missionários que atuam em seus próprios países. Eis a  estatística desse mundo globalizado, com todos os recursos disponíveis. Isso mostra o tamanho do nosso desafio. Esse número pode crescer muito mais; basta cada líder seguir a ordem de Jesus (At 1.8), com o apoio espiritual e financeiro dos crentes. 

2. O exemplo do apóstolo Paulo. O apóstolo era um judeu rico e culto que sacrificou as tradições de seus antepassados, deixando tudo para a salvação do maior números possível de almas (Fp 3.5-8), pois considerava a salvação dos homens mais importante do que sua identificação cultural como judeu. Todos os meios lícitos são válidos para conquistar os pecadores para o reino de Deus. Paulo conhecia o mundo de sua geração e soube como conquistá-lo para Jesus. Aqui ele apresenta a receita; os princípios são os mesmos.

CONCLUSÃO

O Reino de Deus cresce à medida que os pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A Igreja é a única agência do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a mensagem do evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Veja a grande importância da evangelização. Com isso você está dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Esse trabalho proporciona crescimento espiritual, aumenta a experiência com o Senhor Jesus, além das bênçãos prometidas aos que corresponderem ao chamado do Mestre (Jo 15.16).
 
www.semipa.org.br

Extraído da Revista “Lições Bíblicas”
Jovens e Adultos – Lições do 3o. trimestre de 2000
CPAD – Casa Publicadora das Assembléias de Deus
 

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