Autor: Isaltino Gomes Coelho Filho
Marcelinho Carioca está em outra confusão. Acusou o jogador Ricardinho de ser “dedo-duro”e divulgou notícia falsa a respeito do colega. Ele teria sido agredido por outros, no vestiário. Isto criou um grande mal estar no Corínthians. Todos negaram e Marcelo se viu a descoberto, com a mentira divulgada.
Marcelinho é uma figura contraditória. Quando seu clube é campeão, ele estende uma faixa dizendo “Jesus, a vitória é tua”. Ao bater uma falta que redunda em gol, diz que foi Jesus que colocou a bola no ângulo. Mas seu testemunho atrapalha. Criou um grupo de pagode evangélico, que terminou porque brigou com os demais participantes. A “lavagem de roupa suja” em público foi muito desagradável. Foi eleito “o jogador mais odiado do Brasil”, com aval dos colegas, e recebeu o seguinte comentário de Rincón (flor pouco cheirosa): “Ele diz que é atleta de Cristo, mas parece atleta do demônio”. Já foi flagrado dando chutes pelas costas em adversários, cuspindo neles ou emitindo palavrões.
Não duvido da sua conversão e boa intenção. Acredito que realmente ele crê em Jesus e valoriza sua fé. Digo-o sinceramente e para não porem em minha boca o que eu não disse. Mas é uma pessoa mal orientada. A vida cristã é mais que retórica e exibição de faixas e cartazes. E é preciso diferenciar entre testemunho e busca de ibope. Colocar um adesivo com dizeres religiosos no carro, por exemplo, não significa um bom testemunho. Já vi motorista de carros com versículos bíblicos e declarações de fé colados no vidro fazendo gestos obscenos no trânsito. “Jesus é Senhor” convivendo com palavrões é um pouco estranho.
O caráter cristão se evidencia num temperamento dirigido pelo Espírito Santo. E isto não se padroniza nem se estereotipa. O cristão mostra a fé na convivência com os outros. Nas palavras, nos gestos, nas atitudes, enfim. Um cristão colérico, mentiroso, fofoqueiro, maldoso, rabugento, é algo incompreensível. Tiago foi feliz na sua declaração: “Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã” (Tg 1.26). A essência do cristianismo não é externa, e sim interna. É uma realidade interior, que domina a vida em todos os sentidos. Diz Romanos 14.17: “Porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo”. O reino não são externalidades. É realidade íntima, que rege a vida.
Evangelizar é diferente de fazer promoção ou marketing. É mostrar, por palavras e por atos, que Jesus Cristo salva, e nos dá um novo estilo de vida, proposto por Deus. É mostrar que o evangelho dá sentido e muda a vida. Não é promover um grupo ou uma pessoa, e sim mostrar Jesus. Quando o evangelista chama mais a atenção que o Salvador, o processo de evangelização falhou. E há um problema: se a pessoa cair, o testemunho vai abaixo, porque está centrado nela. Quando aponta para Jesus é diferente.
Marcelinho tem talento. E, creio sinceramente, tem fé na pessoa de Jesus. Mas, como muitos de nós, precisa deixar a vida ser dominada pelo Espírito de Deus.
De outro carioca, mas torcedor do S. Paulo,
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