Autor: Daniel Costa
Malaquias 4:6
O livro de Malaquias, segundo a maioria dos estudiosos, se compõe de quatro vaticínios muito sérios dados por Deus contra o seu povo. Um para cada um de seus capítulos. O primeiro contra a adoração vazia, o culto apenas litúrgico e sem vida (Ml 1:14); o segundo contra os falsos profetas, contra líderes e pastores infiéis (Ml 2:1-2); terceiro contra a falta de generosidade e fidelidade para com o investimento na obra da casa do Senhor (Ml 3: 8-9); e por fim, maldição contra a família sem amor, sobre a qual desejo falar. (Ml 4:6).
O que é importante perceber nessa afirmação é que essa maldição familiar não se trata de uma espécie de “carma”, de uma maldição hereditária, de algo espiritual que vem de fora para dentro da família, ao qual se está preso sem saber e que acaba determinando a história e o padrão da relação familiar que experimentamos. Segundo as Escrituras, trata-se de uma maldição construída a cada dia, a partir da atitude, do comportamento e das posturas que assumimos uns com os outros dentro de casa. Por isso, o profeta nos fala da necessidade de conversão. E essa conversão não é a conversão espiritual da alma a Deus, mas a conversão do coração, da alma ao outro com o qual construímos as nossas relações familiares. Isso nos leva as seguintes afirmações:
Primeiro – Toda família que vive num ambiente sem amor, constrói relações amaldiçoadas. Quando o profeta diz que é preciso se converter pai ao filho, filho ao pai, marido à esposa, esposa ao marido, é porque o coração se endureceu, se trancou em algum momento para o outro. Decidiu se desvincular e não amar mais. E não há nada que gere tanta doença do que famílias que vivem relacionamentos de indiferença, de frieza, de rancor, de mágoa e de ódio. Há dezenas de famílias marcadas com o signo dessa maldição neste momento. Filhos fragilizados, maridos angustiados, esposas deprimidas. Não se trata de maldição hereditária e muito menos de qualquer espécie de “encosto”, mas de uma maldição construída a cada dia a partir das palavras, das ofensas, das indiferenças e do tratamento que corações endurecidos oferecem ao outro dentro de casa.
Segundo – È possível mudar a historia de sua família, se de um lado a maldição é fruto de um coração endurecido. Ou seja, somos responsáveis por essa maldição familiar. Ela é fruto da nossa própria construção. Por outro lado, essa maldição se quebra através da conversão. A benção é fruto da nossa mudança de atitude e de comportamento com relação ao outro da nossa família. Por isso o texto diz da necessidade de que você precisa dar acesso, tornar o seu coração aberto, sensível, possível de ser tocado. Antes de querer que o outro mude, mude você de atitude com relação a ele. Se deixe conhecer e conheça, se deixe tocar e toque, se deixe amar e ame, se converta com relação ao seu marido, a sua esposa, a seus filhos, a seus pais.
Terceiro – Essa mudança não depende só de você. Creia que o que você não pode fazer Deus faz. Talvez você pense que depois de toda a história que você viveu, depois de acumular tanta mágoa, tanta decepção não é muito fácil se desarmar e dar acesso, se converter ao outro. Eu admito que não é fácil mesmo, que não basta querer. Por isso, o profeta diz que essa conversão familiar não é fruto da pura e simples vontade e do desejo de viver uma nova história familiar, mas de algo espiritual disponibilizado por Deus a nosso favor (Ml 4: 2 e 6): “Ele converterá o coração”. É uma conversão realizada e provocada ao mesmo tempo, onde eu me disponibilizo e Deus conduz o meu coração à mudança através desse campo minado das minhas emoções, lembranças, decepções e “machucados”, tornando possível em mim, apesar disso tudo que vivi, aquilo que jamais conseguiria sozinho – converter o meu coração de volta a minha família.
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