Livres da prática do pecado

Autor: Manoel do Carmo Filho




O capítulo três da primeira carta de João nos direciona para uma visão real das características essenciais de um filho legitimo de Deus. O autor introduz o assunto mostrando que nossa filiação divina é fruto do extremo amor de Deus por nós (IJo3:1). Não há palavras humanas equivalentes para expressar esse grande amor (Jo3:16). Por isso se vê uma explosão de louvor e espanto, por esse amor determinar o que somos agora e o que seremos no futuro. Os gnósticos (filósofos religiosos infiltrados no seio da igreja) com suas mentes distorcidas, eram capazes não apenas de fazer sua conduta pecaminosa parecer correta, mas também de confundir os crentes no que se refere a quem é filho de Deus e quem não é. Então João começa dizendo que o verdadeiro filho de Deus é aquele que à medida que é reconhecido por Deus, ele passa a ser rejeitado e perseguido pelo mundo (IJo3:1; Jo17:25; 1Co1:21). João já dissera anteriormente que a amizade do mundo é incompatível com o filho de Deus (IJo2:15-17) e isso leva conseqüentemente o crente a ser odiado e incompreendido pelo mundo. Jesus nos adverte a aceitar o fato que o mundo certamente nos odiará visto que Ele mesmo foi odiando e perseguido: "Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros…" (Jo15:18-20). Outra verdade sobre ser filho de Deus é que o filho de Deus é parecido com Cristo não na aparência mas na essência (IJo3:2). Todo aquele que se propõe a ser reconhecido como filho legitimo de Deus deve reconhecer que faz parte de um processo que nos torna mais e mais parecidos com Cristo. O texto mostra como será a ordem dos acontecimentos: Jesus aparecerá, depois O veremos como Ele é, e finalmente seremos semelhantes a Ele. Esse é o propósito eterno de Deus para nós. Sermos como Jesus é. Deus nos predestinou para sermos "conformes à imagem de seu Filho" (Rm8:29). O Espírito Santo trabalha em nós, nos transfigurando "de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor" (2Co3:18). A conseqüência natural de assimilarmos essa verdade é que a esperança de ser como Jesus dispõe o coração para buscarmos aqui e agora, uma vida de pureza moral (IJo3:3). Sermos a cada dia transformados como Jesus, será a única trava que nos impedirá vivermos patinado na lama e canalizarmos nosso tempo, vigor, pensamentos e energias para a prática do pecado (1Jo3:4). Finalmente, João nos mostra que alguém que é um filho de Deus legitimo não vive na prática do pecado (1Jo3:4-10). Aqueles que permanecem em Cristo (1Jo3:6; JO15:4,6,7,10) não podem viver na prática do pecado, por alguns motivos convincentes: Primeiro, Por causa da seriedade que devemos encarar o pecado. Muitas vezes nós subestimamos o poder destruidor do pecado, o encarando como mero "desvio de personalidade" ou como uma "fraqueza de temperamento", mas não como é definido na Palavra: a transgressão da lei (1Jo3:4).
Pecado é coisa séria, e seus efeitos são arrasadores. Pecado é errar o alvo estabelecido por Deus; é adikia (injustiça, falta de retidão), uma ativa e deliberada rebelião contra Deus, a violação consciente da Sua Santa Lei. Toda vez que cometemos pecado, nos afastamos de Deus, construímos uma trincheira de barreiras contra Ele e morremos espiritualmente. Pecado traz alienação e vergonha. Por isso o filho de Deus não vive pecando. Segundo, Por causa da extensão infinita do poder da obra de Cristo na cruz. João nos garante que o conhecimento e a devida apropriação da obra redentora de Cristo nos concede a vitória sobre o poder destruidor do pecado: "Sabeis também que Ele se manifestou para tirar os pecados, e Nele não existe pecado" (1Jo3:5). João Batista declarou que Jesus é O Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo1:29; Hb9:26). Ele levou nossos pecados sobre Si mesmo, suportando-os em Seu corpo (Is53;11,12; 1Pe2:24). E ao tirar o pecado dos homens, Ele mesmo estava sem pecado. Por isso, a impecabilidade de Jesus é sempre mencionada nas Escrituras em conexão com Sua obra de salvação, por fazer parte de Sua natureza essencial e eterna. No verso 8 temos mais um reforço para não vivermos na prática do pecado: "Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo"(1Jo3:9). Não importa o tamanho de nossas ofensas nem o quanto estamos acostumados com a prática do pecado. Temos a garantia que os intentos de nosso inimigo contra nossa vida são completamente destruídos pelo poder da cruz (Cl2;14-15). Terceiro e ultimo motivo para não vivermos pecando: Por causa da força da nossa nova natureza que se compraz e se realiza plenamente em fazer a vontade do Pai. Os filhos legítimos são gerados espiritualmente, pois o que permanece nele é a divina semente (1Jo3:9; 1Pe1:23). Os que são feitos filhos de Deus (Jo1:12), são co-participantes da natureza divina (2Pe1:4) e possuem um DNA celestial que é implantado em sua constituição genética espiritual com todas as informações do caráter do Pai. Portanto, cada filho de Deus tem em si o desejo, a vocação e a possibilidade de cumprir com a vontade do Pai, de amar os coisas da luz, de odiar as obras das trevas e se desviar do mal."Ora, esse não pode viver pecando, PORQUE É NASCIDO DE DEUS! (1Jo3:9). João conclui no verso dez afirmando a diferença que existe entre o filho de Deus e o filho do diabo. Amor e Justiça (1Jo2:10; 3:7), traços característicos do caráter do Pai são expressões naturais de quem é filho de Deus. Injustiça, viver na prática do pecado e ódio (1Jo3:7,8,10; 2:9) são claras manifestações de quem está jogando pelo anti-reino no time dos filhos do diabo. Com quem, diante da exposição de João, você se identifica mais? Você pode dizer hoje que é um autêntico filho de Deus?


Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*