Autor: Antonio Carlos Barro
Numa das novelas de Balzac, um cientista, insensível às lágrimas da esposa, comenta: “O que são lágrimas? Eu as analisei: Há um pouco de fosfato, de cálcio, cloreto de sódio, algum muco e certa quantidade de água”. Estas palavras podem ser ditas por um coração frio, alheio a dor e ao sofrimento do outro. Para os que choram e sofrem as lágrimas tem outra definição.
Lagrima parece ser uma coisa sagrada. Ela tem o poder de sensibilizar o outro, tem a propriedade curadora. As lágrimas derramadas são gotas abençoadoras que revelam o quanto somos frágeis e o quanto precisamos do amor e da bondade de Deus. Quem chora revela o seu interior, revela a sua humanidade. Que conforto saber que Jesus chorou!
As lágrimas são as chaves que abrem o caminho para Deus. Muitas vezes, sem forças para orar, a pessoa chora diante de Deus. Esta é a experiência do salmista: “Estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar em lágrimas a minha cama, inundo com elas o meu leito” (Salmo 6.6). Em outra parte ainda lemos: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite, porquanto se me diz constantemente: Onde está o teu Deus?” (Salmo 42.3).
Quem chora tem o privilégio de ser visto por Deus. Nada afasta mais de Deus do que o orgulho, a soberba e a dureza de coração. Mas aquele que derrama as lágrimas mostra toda a sua vulnerabilidade diante do Senhor e das circunstâncias. Por isso aprendemos com o profeta Isaías quando Deus diz: “Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas”. Que consolo saber que nos momentos mais cruciais, quando derramamos as muitas lágrimas, Deus está vendo.
Deus está vendo as lágrimas que derramamos quando recebemos a ingratidão em troca da bondade que oferecemos; das lágrimas quando fomos traídos; das lágrimas da perda irreparável de um ente querido; das lágrimas de arrependimento pelos erros cometidos. Sim, Deus vê as nossas lágrimas.
A maior das bênçãos, todavia, está reservada para a eternidade quando a promessa se cumprirá: “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”. Enquanto não chegar aquele dia, levemos ao Senhor todas as nossas dores, porque ele tem cuidado de nós.
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