Igreja em missão

Autor: Ricardo da Mota Leite

Definir “Igreja” pode ser simples. Poderíamos, dogmaticamente, dizer que igreja consiste no número dos eleitos, reunidos num só “Corpo”, tendo Jesus Cristo como a “Cabeça”. Todavia, se pensarmos em “Igreja” não apenas de forma dogmática mais pragmática, talvez nos situaríamos sociologicamente e espiritualmente melhor. Entender igreja apenas de forma teórica leva-nos a mesmice e improdutibilidade. A teoria deve estar associada à prática para sua própria sobrevivência. Teoria sem prática perde-se na história ou, pior ainda, pode produzir  vaidade e ufanismo. Sim, a Igreja se denomina efetivamente à medida que vive, em missão, seu projeto original.
O corpo humano é um organismo que cresce e se fortalece conforme se movimenta. Certamente, também por isso, a metáfora é usada para definir o que é “Igreja”. Igreja é um corpo, que cresce e se fortalece quando se movimenta. A “missão” da igreja é o seu movimento, se movimentar é sua vocação. Conforme a ordem já dada pela “Cabeça”, o Corpo deve obedecer. O cumprimento de sua missão garantirá seu crescimento e fortalecimento. A missão foi claramente enfatizada, a saber: testemunhar. O testemunho, missão da igreja, é movido pelo amor, como movido pelo amor, foi Deus ao movimentar-se em encontro ao perdido.
A grande tentação da igreja é acomodar-se nos braços institucionais. As instituições religiosas, ainda que importantes, são apenas alguns dos instrumentos que podem ser usados no cumprimento da missão.  A institucionalização da igreja tem sido a grande falácia histórica e teológica que cumpre-nos combater. A instituição religiosa pode ser uma bênção de Deus se não viver voltada para si mesma e sim, para os outros.
A Igreja, Corpo de Cristo, em missão. Os membros desse corpo se reúnem com o objetivo de louvarem a Deus, exaltando a Jesus Cristo, e promovendo através do compartilhar dos dons, a edificação e fortalecimento uns dos outros. Assim, bem ajustado, o Corpo se fortalece e cresce. Os crentes vão sendo equipados e equipando uns aos outros, tendo como instrutor maior o Espírito Santo. Recebendo o poder do Espírito Santo, a igreja vai ao mundo testemunhar.
Com o ajuntamento dos crentes de forma organizada e ordeira, a comunidade dos santos se mobiliza em projetos de amor que sinalizam para  o mundo a missão da Igreja. O testemunho ao mundo se dá por meio da proclamação e da ação amorosa em direção ao perdido. A ação da Igreja salvará o perdido do poder do pecado, o libertará das opressões do Diabo, da miséria sócio-religiosa e o curará de suas enfermidades. Por sua vez, o neófito, deve integrar-se ao grupo dos remidos para que também viva em missão. Mas em qual instituição ele deverá se filiar? Bom, sua decisão será muito mais sociológica do que espiritual.
Não podemos é supervalorizar as instituições como sendo elas portadoras de um tipo de franquia do Reino de Deus.
Nosso grande desafio como membros da igreja, o Corpo de Cristo, é apenas testemunhar com fidelidade. Caso não façamos isso, acabaremos criando modismos, fazendo com que a instituição passe a ser um tipo de empresa prestadora de serviços “franqueados” e as pessoas como clientes vitimados de um sistema sociológico doentio. Aproveitar a “demanda de mercado” e explorar tais pessoas impondo-lhes taxas, seria muito leviano de nossa parte. Tão somente, cumpramos nossa missão, testemunhemos sobre Jesus.

Pastor da IPCentral – Uberlândia

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