Autor: Luiz Vanderley V. de Lima
Não sei, mas parece que eu mudava com mais facilidade antes. Agora parece que já estou muito engessado em minhas formas de ser. Quase todas as decisões atuais que tomei quanto a mudanças foram frustradas. Ainda não desisti, mas está difícil realizá-las. Deixe-me falar apenas de algumas dessas frustradas decisões.
Havia decidido não me aborrecer mais com gente que “se acha”. Refiro-me àquelas pessoas que se sentem e se vêem melhores que a gente e nos tratam como se fôssemos desprezíveis. “Eu não vou mais me estressar com elas”, decidi. Mas, não consegui. Nas últimas vezes que me encontrei com pessoas assim fiquei irado, chateado mesmo. E olha que eu até admiro algumas delas, mas me surpreendi ao ver como são imaturas em suas relações. Que gente difícil de conviver! Será difícil achar um sentimento mais imbecil, mais tolo e mais injustificável do que este de nos acharmos melhores que alguém. Mas, é igualmente tolo e uma perda de tempo ficar chateado com gente assim. Afinal, isto vai acontecer ainda muitas vezes. A lição que tiro é a de que quem perde mesmo é quem trata aos outros deste modo, pois somente afasta e acabará se isolando por se tornar tão desagradável. Isto reforçou em mim o quanto é maravilhoso estar ao lado de gente simples e gentil, que nos concede um sorriso fácil, que nos deixa claro o quanto lhe valemos. Que alegria estar com gente que se alegra com a gente. Estas valem à pena, mas as outras…
Também havia decidido que pessoas grossas e hostis não iriam me aborrecer mais. Esforcei-me à beça, mas dei com os burros n´água. Há alguns dias fiquei a noite quase toda sem dormir porque fui tratado de modo deseducado – grosso mesmo. Bem, tal afetação não se daria se eu não admirasse o insultante. Outra vez foi um de meus admiráveis que me frustrou. Será que o problema esta em admirar pessoas? Não creio, embora de fato, a expectativa seja a mãe de toda frustração. Neste caso, a lição é a de que devo admirar sem idealizar, sem criar expectativas fantasiosas. Afinal, nossa humanidade não é mesmo assim? Capaz de atos admiráveis aqui, mas catastróficos ali? Mas, é claro: que coisa boa é estar com gente que sempre nos trata com doçura. Este é o melhor tipo de gente: que vê ao outro como alguém que precisa e merece ser muito bem tratado. Deus me deu o privilégio de conviver todos os dias com uma pessoa que trata a todos assim. Perto dela todos se sentem uma jóia de grande valor, simplesmente porque nos vê e trata com digna valia. Uma grande lição: até os grossos e rudes podem ser ‘quebrados’ se tratados terna, honrosa e amorosamente. Preciso me lembrar disto e jamais desistir deles.
Afinal, Jesus não desistiu de mim mesmo quando eu perdidamente “me achava”. Era um tolo que se pensava ser alguma coisa. Com toda minha rudeza e beligerância, Ele insistiu e insiste em me amar – docemente amar, mantendo Seu interminável ânimo para comigo. Quantas vezes pensei que se eu fosse Ele já teria desistido de mim. Mas Ele é assim: não desiste, pois Seu amor tudo espera, jamais acaba. Preciso me lembrar disto quando encontrar-me com os que “se acham”, com os hostis, pois devem servir-me como um espelho do amor com o qual Jesus incansavelmente me tem abraçado. Jesus não desiste, não, nem de mim e nem de você. Isso não muda.
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