Grandes mentiras

Autor: Juarez Marcondes Filho

Este espaço é reservado para o anúncio da verdade, a verdade do Evangelho. Por isso não vamos proclamar nenhuma mentira, mas alertar para as grandes mentiras na evangelização. Vamos a elas:

Há pessoas que não precisam se converter. De tão boas que são, corre-se o risco de perturbá-las. Pode ser aquele amigo tão querido, sempre pronto para ajudar, disponível, um primor de pessoa; ou alguém cuja conduta é irrepreensível, possuindo um comportamento ético invejável; de fato, invejável a muito crente que deveria rever o seu procedimento à luz de tal exemplo. Assim sendo, a conversão de tais pessoas é quase um acessório, praticamente desnecessária.

Vamos incluir nesta lista, os nossos filhos. Afinal, foram criados no seio da Igreja, freqüentam a vida da comunidade, têm uma boa noção do propósito de Deus, tanto que os consideramos virtualmente crentes. Por isso, achamos totalmente despiciente qualquer esforço evangelizador na direção deles; afinal, aquela semente vai vingar por si só.

Só para não esquecer: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). E mais: “não há justo, nem um sequer” (Romanos 3.10) que possa abrir mão de uma experiência pessoal com o Salvador. Não vamos confundir bondade e ética com vida nova em Cristo Jesus.

Há pessoas que Deus não pode transformar. Enquanto a primeira das mentiras torna a conversão opcional, esta a torna seletiva; e o critério de seleção é nossa atribuição. Na verdade, ela revela a nossa incredulidade no poder de Deus (Romanos 1.16). Aqui, manifestamos a nossa incerteza quanto à real conversão de determinados tipos que, de antemão, já marginalizamos. Nisto nos achamos em antiga companhia: os religiosos que cercavam a Jesus não podiam admitir que meretrizes e publicanos pudessem chegar ao Reino de Deus.

A conversão é uma obra do Espírito de Deus no coração do homem, movida exclusivamente pela misericórdia. “Assim não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Romanos 9.16). Daí a loucura do Evangelho alcançar o coração do criminoso, do drogado, da prostituta, tanto quanto a alma do cético ou do cidadão honesto.

Há crentes que não têm o dom da evangelização. Mais do que uma mentira, trata-se de uma desculpa. É verdade, nem todo crente acha-se habilitado a enfrentar um imenso auditório e proferir um sermão evangelístico. Mas quem não pode ser portador de um convite para ouvir tal sermão? Quem não se acha em condições de levar um folheto ao um transeunte? Quem não pode emprestar sua atenção ao vizinho ou parente que deseja abrir o coração, possibilitando o compartilhar do Evangelho?

Evangelizar não tem a ver com dom, senão com um imperativo – “Ide”. De fato, Deus concedeu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Efésios 4.11) que possuem uma especificidade capacitada por um dom espiritual. Porém, o serviço que edifica a Igreja é realizado por todos os crentes (Efésios 4.12); e tudo o que fazemos na Igreja tem por objetivo a evangelização dos povos.

O mundo se converterá independente do ministério da Igreja. Também, não deixa de ser uma desculpa, mas que revela o descaso. Não devemos tentar o Senhor nosso Deus (Mateus 4.7). Não podemos deixar as pedras clamarem, pois é pela Igreja que a multiforme sabedoria de Deus será conhecida dos principados e potestades (Efésios 3.10).

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