Autor: Josiane Cristina Cremonizi Gonçales
Quem era mesmo aquela pessimista da Polyanna? Perguntou minha melhor amiga, em tom de brincadeira, em uma daquelas semanas em que o mundo parecia cair em cima de nossas cabeças e que nos sentíamos como Pedro, caminhando sobre as águas(cada uma com seus próprios problemas).
Bem, para quem gostava de ler no final da infância e início da adolescência não vai ser difícil lembrar que a Polyanna é aquela personagem que se esforçava ao máximo para ver o lado bom de tudo. Chamava esse exercício de “Jogo do Contente”.
Confesso que, quando li o romance, achava a “Pollyanna” irritantemente boazinha e ingênua. Relendo o livro, porém, pude notar a razão de ser da postura da menina: ela era filha de um Pastor missionário nos Estados Unidos e até posso dizer que esse é um livro cristão, mesmo que não tenha me parecido quando o li pela primeira vez.
O fato é que, hoje, temos, eu e essa minha melhor amiga, uma admiração imensa pela fictícia menina, que não se desanimava em momento algum e sempre procurava ver o lado bom de tudo, inclusive o das pessoas.
E Deus ministra em nossos corações que o “Jogo do Contente” tem um pouco (ou muito) de relação com o que Ele quer de nós, com o que a Sua própria palavra nos ensina.
Estar contente não significa, necessariamente, estar “pulando de alegria” quando algo ruim nos acontece, mas significa, em primeiro lugar, procurar as coisas boas nas circunstâncias e nas pessoas. Significa não permitir que nossos pensamentos se desviem para coisas ruins, que entristecem, e tirem o foco do nosso olhar da glória de Deus.
“Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, bom e direito. Pensem em coisas que sejam puras e agradáveis e detenham-se nas coisas boas e belas que há em outras pessoas. Pensem em todas as coisas pelas quais vocês possam louvar a Deus e alegrar-se com elas.” (Filipenses 4:8)
“Estejam sempre alegres, Permaneçam sempre em oração. Mantenha-se vigilante em tudo quanto faz e pensa. Permaneça fiel ao que é direito e Deus o abençoará e usará para ajudar aos outros” (I Timóteo 4:16)
Estar contente significa procurar o propósito de Deus em tudo o que nos acontece. Ter aquela consciência de que nada é por acaso e se contentar com o que Deus coloca em nossas vidas, inclusive, e, talvez, principalmente, com as lutas.
“Sejam sempre agradecidos, haja o que houver, porque esta é a vontade de Deus para com vocês que pertencem a Cristo Jesus” (I Tessalonicenses 5:16-18)
“Fiquem alegres com tudo quanto Deus está planejando para vocês. Sejam pacientes na dificuldade e sempre perseverantes na oração.” Romanos 12:12
Estar contente significa ter esperança de que, após um pouco de tribulação e de aprendermos o que Deus quer nos ensinar, o socorro virá. Acreditar nas promessas de Deus para essa e para a outra vida e agir como Elias, que agradeceu pelo milagre da chuva quando havia apenas um rastro de nuvens no céu.
Estar contente é se lembrar de que o choro pode durar uma noite, mas que o riso vem pela manhã, ainda que este amanhã, às vezes, só vá ocorrer na vida eterna.
Mas, como Deus é maravilhoso e perfeito, o jogo que Ele criou para nós é muito melhor que o solitário “Jogo do Contente” de Eleanor H. Porter. As orientações de esperança de Deus se baseiam em Suas promessas imutáveis e infalíveis, e na Sua agradável e sempre presente companhia.
Portanto, Deus nos pede e nos concede que oremos. Que estejamos pessoalmente diante do Criador do mundo, derramando sobre Ele todos os nossos anseios, todos os nossos problemas, mesmo aqueles que pareçam insignificantes ou, por outro lado, impossíveis de resolver. Para Deus não existe fácil ou difícil, apenas sim ou não.
“Não se cansem de orar; perseverem nisso; esperem pelas respostas de Deus lembrem-se de agradecerem quando elas vierem”
E acredito que Ele assim o faça para que, olhando em nossos olhos, Ele possa orientar nossas orações, colocando sonhos em nossos corações e nos possibilitando força e consolo para os momentos de dificuldade.
“Mas o Senhor é fiel; Ele fará vocês fortes e os guardará dos ataques satânicos de toda espécie” (II Tessalonicenses 3:3)
Certamente citei pouquíssimos da grande quantidade de versículos que tratam da alegria e da paz que Deus nos dá. Segundo uma querida irmã, muito experiente no Jogo do Contente de Deus, haveria 365 “tendes bom ânimo” na Bíblia (1 para cada dia do ano) e mais de 800 “alegrai-vos”.
Mesmo assim, nunca é demais lembrar que Deus tem preparado para nós um mundo onde não mais haverá sofrimento, apenas a plenitude da alegria de Sua presença. Enquanto isso, e tendo isso em vista, brincar do jogo do contente de Deus significa mais do que ver o mundo excessivamente cor-de-rosa, significa não ouvir os cochichos de desânimo, que não provêm de Deus, e acreditar e vivenciar a capacitação que Ele nos concede para que estejamos em luta e em vitória, por nossas e por outras vidas.
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