Autor: John R. Stott
Há dois princípios particulares que Paulo desenvolve em sua carta aos Romanos, Cap. 14, os quais, combinados, são aplicáveis a todas as igrejas e em todos os tempos.
O primeiro é o princípio da Fé. Tudo deve ser feito a partir da Fé
( Rom 14:23). E, de novo, “cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente” (14:5). Por conseguinte, temos necessidade de educar nossas consciências pela Palavra de Deus, de forma que nos tornemos fortes na Fé, assimilando convicções e assim crescendo na liberdade cristã.
O segundo é o princípio do Amor. Tudo deve ser feito de acordo com o Amor, (14:15). Devemos nos lembrar que os cristãos são diferentes uns dos outros, e, especialmente, considerar que eles são irmãos e irmãs por quem Cristo morreu, portanto devemos honrá-los, não desprezá-los, servi-los e não ofendê-los, e, especialmente, respeitar suas consciências.
Uma área na qual esta distinção entre Fé e Amor deve existir é na separação do que é essencial e não essencial na doutrina Cristã e na sua prática. Embora não seja sempre fácil distingui-las, um guia seguro é considerar como essenciais as verdades sobre as quais a Escritura fala com muita clareza, e devem ser consideradas como não essenciais aquelas sobre as quais, cristãos, igualmente bíblicos e ansiosos em obedecer e entender as Escrituras, sempre chegam a diferentes conclusões.
O verdadeiro princípio da tolerância é que uma igreja deve guardar os fundamentos da fé, e, ao mesmo tempo, permitir diferenças de opinião e de interpretação em assuntos secundários, especialmente ritos e cerimônias. Nas verdades fundamentais, então, a Fé é primordial, e não podemos alegar o Amor como desculpa para negar a fé essencial. Nas não fundamentais, entretanto, o Amor é primordial, e não podemos nos apegar ao zelo pela fé como desculpa para falta de amor. A Fé instrui a nossa própria consciência; o Amor respeita a consciência dos outros. A Fé nos dá liberdade; o Amor limita o seu exercício. Ninguém colocou melhor estes conceitos que Rupert Meldenius (suposto pseudônimo de Richard Baxter):
Nas essenciais, unidade; Nas não essenciais, liberdade; Em tudo, caridade.
(Tradução livre, por Leôncio Menezes, de trecho extraido de The Message of Romans, da série ” The Bible Speaks Today”, Leicester: IVP, 1994, pg. 374, Dr. John R. Stott.)
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