Entre o pecado e o perdão

Autor: Paulo Rogério Petrizi

Não se passa diretamente do pecado ao perdão.  O perdão existe.  E ai de nós se ele não existisse.  O perdão retira um fardo de sobre as costas que ninguém suporta.  Só o perdão pode levantar a mão de Deus que pesa dia e noite sobre aquele que está em pecado.  O perdão acaba com o senso de culpa, com os pesadelos.  Com a agitação nervosa, com o sobressalto.  O perdão restaura a saúde e o bom humor.  O perdão devolve a alegria que o pecado roubou.
Mas há um problema muito sério, impossível de ser contornado.  É que entre o pecado e o perdão há uma passagem obrigatória que se chama arrependimento.  Deus não autoriza ninguém a falar em perdão sem falar antes em arrependimento.  Tanto  João Batista quanto Jesus iniciaram a sua pregação com este apelo: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 3:2, 4:17).  Quando a multidão, que estava em Jerusalém no dia de Pentecostes, perguntou aos apóstolos o que deveriam fazer frente à forte convicção de pecado que tomou conta dela, Pedro respondeu de imediato: arrependei-vos… (Atos 2:38).
Sem arrependimento o perdão não acontece.  Perdão sem arrependimento estimula o próximo pecado e gera cinismo.  Perdão sem arrependimento não cura ninguém, não transforma ninguém.  Perdão sem arrependimento não torna ninguém ex-assassino, ex-idólatra, ex-avarento, ex-adúltero, ex-sodomita.  Perdão sem arrependimento pode encher os templos religiosos mas não enche a Igreja do Deus Vivo.  Perdão sem arrependimento é uma blasfêmia contra a santidade de Deus.
 

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