Autor: Autor Desconhecido
A Doutrina de Lutero, em sua forma mais pura, encontra-se nos Artigos de Esmalcalde, os quais foram redigidos por ele para serem apresentados no Concílio de Mântua que havia sido convocado através de uma bula do Papa Paulo III para o ano de 1537. Mas o Concílio de Mântua nunca chegou a ser realiza-do. Houveram diversas prorrogações e mudanças de local de realização e o referido concílio, que foi realizado somente em 1545, é conhecido oficialmente como o Concílio de Trento.
1. DO PECADO
O Pecado originou-se de um só homem, Adão, por cuja desobediência todos os homens se tornaram pecadores, sujeitos à morte e ao diabo. A isso se chama pecado hereditário ou pecado capital. Esse pecado hereditário é a corrupção de tal maneira profunda e perniciosa da natureza, que razão alguma o compreende. Deve, ao contrário, ser crido com base na revelação da escritura.
2. DA LEI
A lei foi dada por Deus para refrear o pecado com ameaças e pelo temor do castigo, e com promessa e oferecimento da graça e do benefício. Tudo isso, porém, se malogrou por causa da maldade que o pecado operou no homem. A função ou virtude principal da lei é revelar o pecado hereditário com os frutos e tudo, e mostrar ao homem a que tremenda profundidade sua natureza caiu e quão abismalmente está corrompida.
3. DO ARREPENDIMENTO
O arrependimento verdadeiro nada mais é do que o discernimento do pecado, ou seja, ter o conhecimento do pecado, sentir contrição e pesar ou terror por causa do pecado e todavia crer ao mesmo tempo no evangelho e na absolvição, isto é, crer que o pecado foi perdoado e que por Cristo foi obtida a graça, fé essa que volta a consolar e serenar o coração.
4. DO EVANGELHO
O evangelho dá consolo e ajuda contra o pecado não de uma maneira, pois Deus é exuberantemente rico em sua graça. Primeiro mediante a palavra falada, em que é pregada a remissão dos pecados em todo o mundo. Em segundo lugar pelo batismo; em terceiro pelo santo sacramento do altar (Comunhão ou Santa Ceia); em quarto mediante o poder das chaves e também pela mútua assistência e consolo dos irmãos.
5. DO BATISMO
O Batismo outra coisa não é senão a palavra de Deus na água, ordenado por sua instituição e, por isso, cremos que as crianças devem ser batizadas pois elas também pertencem à redenção prometida, que se realizou através de Cristo, e a igreja a elas deve administrá-lo.
6. DO SACRAMENTO DO ALTAR
Cremos que pão e vinho na ceia são o verdadeiro corpo e sangue de Cristo, confome foi por ele instituído, e que isto é administrado e recebido não somente por cristãos piedosos mas também por cristãos ímpios. Sustentamos também que ambos, pão e vinho, devem ser dados aos cristãos que forem receber esta comunhão do corpo e do sangue de Cristo e que a transubstanciação, o fato de ensinarem que pão e vinho abandonam ou perdem sua substância natural ficando apenas a aparência e cor do pão e do vinho, não é verdadeira. Pois harmoniza-se perfeitamente com a Escritura que o pão e o vinho estejam e permaneçam presentes.
7. DAS CHAVES
As chaves são um ofício e poder dado à igreja por Cristo para ligar e desligar os pecados, não só os pecados grosseiros e bem conhecidos, mas também os sutis, secretos, que apenas Deus discerne.
8. DA CONFISSÃO
Visto que a absolvição ou poder das chaves, que Cristo instituiu no evangelho, também é auxílio e consolo contra o pecado e a má consciência, por isso de forma nenhuma se deve permitir que a confissão ou absolvição caia em desuso na igreja . Mas quanto à enumeração dos pecados deve deixar-se ao arbítrio de cada qual decidir o que quer ou não enumerar. E, nessas partes, que dizem respeito à palavra falada, externa, é preciso permanecer com firmeza nisso que Deus a ninguém dá o seu Espírito ou a graça a não ser por intermédio da palavra exterior precedente ou com ela.
9. DA EXCOMUNHÃO
A excomunhão verdadeira, cristã, consiste em privar pecadores manifestos e obstinados do sacramento ou outra comunicação ( qualquer tipo de contato oficial ou qualquer comunicação oficial) da igreja, até que se emendem e evitem o pecado.
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