Diálogo com um decepcionado: Nietzsche, Deus e a religião

Autor: Jonathan Menezes





1. Quem foi Nietzsche?

Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo e filólogo alemão, nascido em 15 de Outubro de 1844 em Röcken, uma localidade próxima de Leipzig. Ele era filho e neto de pastores (“pastores alemães”), portanto, nasceu no seio do protestantismo. Quando criança, seus colegas de escola o chamavam de “pequeno pastor”, devido a esse legado. Na juventude, ele se especializou em grego, alemão, latim, em estudos bíblicos, até que foi se dedicar aos estudos de teologia e filosofia, em Bonn. Porém, influenciado por seu dileto professor Ritschl, foi para Leipzig e resolveu largar essa formação e partir para os estudos em filologia (sua principal formação). Considerava a filologia não apenas como história e estudo das formas literárias, mas como estudo das instituições e das idéias ou pensamento.

O afastamento de seu berço original (o protestantismo) se evidenciou na vida de Nietzsche como “ruptura” por meio da leitura de filósofos como Fichte e Arthur Schopenhauer, e de poetas como Hölderlin e Lord Byron. A partir de então, ele começa a encontrar asilo no ateísmo e numa leitura da existência como tragédia (coisa que teve a ver também com sua leitura dos gregos). Ao longo de seus 66 anos de existência, até sua morte em 1900, Nietzsche escreveu muitas obras, poemas e cartas. Dentre as mais conhecidas estão: “O nascimento da tragédia” (1871), “Humano, demasiado humano” (1878), “A gaia ciência” (1881), “Assim falou Zaratrusta” (1883), “Além do bem e do mal” (1885), “Genealogia da moral” (1887), “Crepúsculo dos ídolos” (1888) e “O Anticristo” (1888).

Hoje, Nietzsche é conhecido dentro e fora dos ambientes acadêmicos como um cético inveterado e ateu, severo crítico do cristianismo, que declarou a “morte de Deus”. Não tem como querer perscrutar as razões que levaram Nietzsche a tomar tais posições sem querer dar uma de analista extemporâneo ou psicólogo com paciente “no além”. Não tem como analisar psicologicamente um morto. E mesmo que fosse corpo presente, só Deus pode abrir os corações e julgar os segredos humanos. Logo, o que temos são pistas, rastros, pegadas, indícios, a partir do que ele escreveu. Nesse sentido, a qual Deus Nietzsche refere como “morto”? Que tipos de representações de Deus lhe foram projetadas pelos cristãos de sua época? Minha intenção aqui é buscar esses indícios em suas considerações sobre a religião e vida religiosa nas obras “Humano Demasiado Humano” e “O Anticristo”.

1. O cristianismo é a religião do Dogma e o desastre do homem

Pra gente essa não é nenhuma novidade. Ah, e daí? Isso é coisa constantiniana, reformada, contra-reformada, e das ortodoxias posteriores, luterana e puritana. A compreensão é básica, mas não menos escandalosa. Foi um dos pontos nevrálgicos de distanciamento desse filósofo de sua matriz cristã. Um dos problemas centrais no pensamento de Nietzcshe diz respeito à verdade. O que é a verdade? De onde ela provém? A esse respeito, ele escreveu um ensaio em 1873, que denominou “Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral”. Isto, pois, a “verdade” proclamada ainda em seu tempo era a verdade da metafísica (no campo das ciências naturais e do espírito) e a verdade moral (pelo cristianismo). Se a verdade não está nem na metafísica e nem na moral cristã, onde está ou em quem? Para Nietzsche, a verdade pode ser vista como:

Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismo, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, aparecem a um povo sólidas, canônicas, obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas (Nietzsche, 1978, p. 49).

A verdade, da filosofia, do cristianismo, para ele, jamais poderia ser conhecida como Verdade, porque sempre é fruto de uma compreensão ou olhares parciais, de uma transformação de Deus pelo homem e no homem (antropomorfismo), das palavras pelo homem, sempre imaginando que com essa manipulação possa representar as coisas tais como são. Mas não. O que se produz não passa de metáfora (semelhança ou reflexo da coisa) ou metonímia (outra palavra para a coisa), mas nunca a coisa em si. Assim, dogmas não são verdades de Deus, embora se lhes atribuam tal valor; o cristão, por mais que conheça a Jesus (caminho, verdade e vida) jamais poderá exprimir absolutamente essa verdade nas coisas que cria (dogmas, estruturas, instituições). Logo, a religião fala muito mais da forma humana que da forma de Deus. Por que será que Jesus não respondeu a Pilatos a tão crucial pergunta: “O que é a verdade”? Porque ele sabia que dar forma verbal à verdade, criando uma filosofia ou ideologia, seria o mesmo que matar a própria verdade. Diria tudo, menos “a verdade”.

Assim, ele aponta para si como sendo o Logos, o Verbo de Deus, a Verdade Encarnada, Vivida, Visceralmente experimentada. A verdade, conforme Jesus, não se conhece (cognitivamente), nem se representa ou se expressa (dogmaticamente), mas se experimenta, se vive e pronto. A verdade que Nietzsche critica é essa que afasta o próprio homem do caminho da verdade, embora nem o filósofo soubesse apontar “um caminho” sequer, mas sempre a via do paradoxo, da idiossincrasia da verdade humana: capenga, irreal, ilusória. A verdade é experimentada por ele como contradição e antítese dos caminhos do dogmatismo. Era difícil para quem se auto-intitulava “espírito livre” ser comandado pelas mordaças da verdade dogmática, aceitando passivamente o “julgamento”. Seu livro, O Anticristo, deve ser lido como o anticristo do cristão. Contra esses, ele afirma: “Ao fazerem Deus julgar, julgam eles próprios; ao glorificarem a Deus, glorificam a si próprios, ao exigirem precisamente as virtudes para as quais são aptos (…) na verdade fazem o que não podem deixar de fazer”, porque isso se constitui como mandamento, dever, ordem, obrigatoriedade.

O grande combate de Nietzsche em Humano, Demasiado Humano, não é a religiosidade em si, como categoria inata ao ser humano, mas a religião e seus dogmas que, ao apresentar-se como verdade, aprisionam o ser humano e matam a liberdade de expressar suas emoções ao indizível, em dar vazão às pulsões de incompletude que procedem do interior e não se completam com meras ritualidades do exterior. Nas palavras do filósofo, “nisto se percebe que os espíritos livres menos ponderados se chocam apenas com os dogmas, na realidade, e conhecem bem o encanto do sentimento religioso; é doloroso para eles perder este por causa daqueles” (2006, p. 93).

 

2. O cristianismo fala de amor, mas gera a imagem de um Deus algoz e sádico

O remédio do cristianismo para os males da humanidade é apontar a imagem de um Deus que é amor, consolo, abrigo. Mas, ao mesmo tempo, para que a coisa não seja assim tão gratuita, tão fácil, e para que haja a necessidade da religião, do re-ligare, ele precisa nutrir e propagar a existência da doença como mal moral inerente ao homem. Nesse sentido, o homem jamais se livrará do corpo desta morte e de suas intermináveis culpas escravizantes a menos que se renda ao remédio curador do cristianismo, expresso nos sacramentos, nos ritos, nas penitências e disciplinas. Como diz Nietzsche, “o cristianismo nasceu para aliviar o coração, mas agora deve primeiro oprimi-lo, para mais adiante poder aliviá-lo” (2006, p. 90).

Isso me faz lembrar do binômio prêmio-castigo, castigo-prêmio que se via na relação dos senhores de engenho com seus vassalos no período de escravidão negra no Brasil (séc. XVIII). Para não perder seu escravo, o Senhor devia dar alguns mimos e presentes de vez em quando para deixá-lo contente; por outro lado, se abrisse muito a guarda, o escravo poderia afrouxar na obediência; logo, o castigo também se fazia necessário a fim de que o escravo soubesse qual era o seu devido lugar, respeitando a autoridade do senhor. Na religião, a dinâmica é semelhante, mais do que pensamos. A violência e o abuso são simbólicos, quase imperceptíveis, mas tão danosos quanto os atentados ao físico, porque machuca a alma, o interior, e leva, muitas vezes, a uma viagem sem volta rumo à cela da angústia, depressão, loucura; ou a uma profunda decepção geradora de rupturas com a igreja e com o Deus que ela serve. Daqui surgem os “a-igrejeus” dos quais falou Caio Fábio.

Vejo, mesmo que de longe, Nietzsche muito mais como um a-igrejeu que como um a-teu. O Deus que ele rejeita e até “mata” não é o Deus vivo, mas o Deus que já nasceu morto, das mortíferas consciências e corações dos fariseus modernos. É o Deus da lei, da ira, do castigo, do juízo e da condenação. É o Deus-produto das mentes humanas mórbidas e achatadas pela idéia de justiça contra a maldade que lhe é própria e contra tudo o que sua consciência afetada transforma em maldade, até as coisas bonitas, dádivas de Deus, mas que justiça alguma, a não ser a justiça graciosa do Filho, poderia redimir. Esse Deus tinha que morrer mesmo. Nietzsche declara sua percepção da seguinte forma:

Deus; é porque olha nesse espelho claro que o seu ser lhe parece tão turvo, tão incomumente deformado. Depois o angustia o pensamento do mesmo ser, na medida em que este paira ante sua imaginação como a justiça punidora: em todas as vivências possíveis, grandes ou pequenas, acredita reconhecer a cólera e as ameaças dele, e mesmo pressentir os golpes de açoite de seu juiz e carrasco. Quem o ajudará nesse perigo, que, em vista de uma duração imensurável da pena, supera em atrocidade todos os outros terrores da imaginação? (Nietzsche, 2006, p. 94).

Logo, se essa idéia de Deus é geradora das mais cruéis e contraditórias mitigações da alma humana, a conclusão mais lógica para Nietzsche foi: “Acabando a idéia de Deus, acaba também o sentimento do ‘pecado’, da violação de preceitos divinos, da mácula numa criatura consagrada a Deus” (2006, p. 96). Não temos como simplesmente julgar a falta de “discernimento espiritual” de Nietzsche (como se soubéssemos de fato o que é isso) e fechar os olhos para a plausibilidade da questão. A maneira como concebemos, entendemos e nos relacionamos com Deus; as idéias e imagens que forjamos e apresentamos aos outros acerca Dele, serão determinantes para a maneira como elas o receberão, seja com gratidão e alegria, com tristeza, medo e decepção, ou com adagas a fim de apunhalar e “matar” Deus, extirpando-o de vez de suas vidas.

É triste, mas boa parte de nossa teologia ainda hoje é marcada por um quinhão apocalíptico e tenebroso, que faz com que as pessoas se sintam como “pecadores nas mãos de um Deus irado”, como é o título do célebre e lastimável sermão de meu “chará” Jonathan Edwards. Ele conclui esse sermão do modo mais ameaçador possível: “Portanto, todo aquele que está fora de Cristo agora se desperte e fuja da ira futura. A ira do Deus Todo-poderoso está pendendo agora indubitavelmente sobre grande parte desta congregação. Que todos fujam de Sodoma” (Edwards, 2005, p. 51). Diga-se de passagem, o terror e o maniqueísmo que se vê nessa pregação de Edwards se tornaram marcas indeléveis da prédica protestante que chega ao Brasil e se propaga em nosso contexto até hoje.

3. O cristianismo é inimigo do corpo, do humano e da vida

Uma das grandes vitórias do “Coisa-Ruim” em relação ao cristianismo está no fato dessa religião ser, em tese, a origem explicativa para a questão do prazer e, na prática, o meio mais eficaz de sua depreciação. Religião e prazer, nesse sentido, são antônimos, nunca se cruzam. No cristianismo, o corpo é apenas um instrumento imperfeito através do qual Deus quer que nossas almas elevadas sejam, por meio de muita abnegação, luta e auto-flagelação, levadas à perfeição cristã (John Wesley). Só que essa busca de perfeição, tantas vezes, é transformada em neurose de perfeição, de modo que o indivíduo vai sendo neuroticamente conduzido a uma vida de privações ao corpo, ao prazer (visto como maldição) e a ver as coisas naturais como profanas e rechaçáveis, dando valor apenas às coisas sobrenaturais.

Essa é uma outra questão crucial para a ruptura de Nietzsche com o cristianismo. Para ele, a religião da clemência, piedade, castigo, penitência, redenção, remissão de pecados, juízo final, etc., é um mundo de ficções. “Depois que o conceito ‘natureza’ foi inventado como contra-conceito para ‘Deus’, ‘natural’ tinha de ser a palavra para ‘reprovável’ – aquele inteiro mundo de ficções tem sua raiz no ódio contra o natural” (Nietzsche, 1978, p. 348). Mal sabia (porque mal havia sido informado pela igreja de seu tempo) que Deus não é inimigo do natural, mas criador e amante crônico de tudo o que é natural, a começar pelo ser humano. Afinal, Ele criou e com o propósito de amar. Como poderia Deus ser a antítese daquilo que foi formado à sua imagem e semelhança? O problema não está em Deus, que concedeu muitas coisas boas para que o homem delas gozasse, mas no próprio homem, cujo coração corrompido não soube utilizar com responsabilidade das dádivas proporcionadas por Deus, e no cristianismo, o qual, em função do mau-uso feito pelo homem, não apenas condenou os atos, como também as coisas em si (sexualidade, prazer, humanidade, natureza, etc.), que Deus havia declarado que eram “muitos boas” no Princípio.

Tudo isso, para Nietzsche, fez de Deus uma idéia a ser abolida, e do cristão, apenas um judeu de confissão ‘mais livre’ (Nietzsche, 1978, p. 355). Ele também critica essa tendência da igreja de seu tempo de açoitar, condenar, difamar e suspeitar de tudo o que fosse Humano, Demasiado Humano: “É fácil ver como os homens se tornam piores por qualificarem de mau o que é inevitavelmente natural e depois o sentirem sempre como tal. É artifício da religião, e dos metafísicos que querem o homem mau e pecador por natureza, suspeitar-lhe a natureza e assim torná-lo ele mesmo ruim: pois assim ele aprende a se perceber como ruim, já que não pode se despir do hábito da natureza” (Nietzsche, 2006, p. 102). A canção escrita por Moska e Zélia Duncan, Carne e Osso, pode ser vista como uma sugestiva crítica à matriz cristã de tratamento com tudo o que é matéria humana:

Alegria do pecado às vezes toma conta de mim. E é tão bom não ser divina. Me cobrir de humanidade me fascina e me aproxima do céu… E eu gosto de estar na terra cada vez mais. Minha boca se abre e espera o direito ainda que profano pro mundo ser sempre mais humano… Perfeição demais me agita os instintos. Quem se diz muito perfeito na certa encontrou um jeito, insosso! Pra não ser de carne e osso, pra não ser… Carne e Osso!

 

Esse jeito “insosso” é a meu ver o que muitos chamam de “santidade”. Mas quem disse que pra ser santo é preciso ser menos humano? O cristianismo, na certa. Agora, o direito de sermos sempre mais humanos não é profano, como diz a canção, e nem sagrado (do ponto de vista cristão), mas Divino ô cara pálida! Deus deseja que sejamos plenamente humanos, como foi seu Filho e nos cubramos de uma nova humanidade, não nova angelicalidade.

Considerações finais

A tese que defendo aqui, como já ficou perceptível, é a de que Nietzsche decepcionou-se mais com a igreja que com Deus, ou decepcionou-se com Deus, mormente, por causa da religião cristã, isto é, em função da forma como essa lhe apresentou a divindade. Alguns queridos irmãos nem sequer parariam um instante para ouvir o que ele teve a dizer, posto que já condenaram esse filósofo na fogueira de suas inquisições. Para muitos, Nietzsche morreu louco e às suas palavras não se pode dar crédito algum. A insanidade de Nietzsche foi real, como foram precoces alguns dos juízos “teológicos” que ele fez acerca de Cristo, de Paulo e da Palavra. A meu ver, em parte de sua obra, ele apresenta os argumentos equivocados, mas pelas razões certas. Basta lê-lo pra saber. Só que isso é o que menos fazem os cristãos, pois como foi dito, ele já está condenado, e ler Nietzsche também é visto como um ato herético por alguns. Todavia, nem a infantilidade e imprecisão de algumas concepções teológicas desse autor, muito menos sua suposta “loucura” nos outorga o direito de desprezar o que ele disse.

Afinal de contas, louco ou não, ele escreveu coisas muito sábias acerca das bestagens dos cristãos de seu tempo. Loucura, sabedoria; o que são, de fato, essas categorias? O que impede um Deus, que é visto como louco pelos “sábios” desse mundo, de amar e aceitar um filho perturbado, desorientado, mas que viveu à procura do caminho de retorno à casa do Pai, embora, acredito, ele mesmo nunca teria admitido isso em público? Podem até dizer que eu não entendi Nietzsche – aliás, essa é a frase mais repetida por seus “estudiosos”. Mas o fato é que Nietzsche não parece ter tido a pretensão de ser entendido. Ele era o paradoxo em pessoa, e, paradoxalmente, talvez essa tenha sido uma de suas principais virtudes. Há uma oração, traduzida por Leonardo Boff no livro Tempo de Transcendência (2000), cuja autoria é supostamente atribuída a Nietzsche, já no fim de sua vida. Seu título é “Oração ao Deus desconhecido”, e me fez pensar naquele verso de Eclesiastes: “Deus pôs a eternidade no coração do homem sem que este saiba as obras que Deus fez do princípio até fim” (Ec 3.11), e com a qual quero terminar essa reflexão:

Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo. A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar. Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras: “Ao Deus desconhecido”. Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos. Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo. Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo. Eu quero Te conhecer, desconhecido. Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida. Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti.

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

 



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