Depressão

Autor: Hélio Hiller de Mesquita

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? (SI 42. 5)

Esta declaração solene encontra-se duas vezes no Salmo 42 e é repetida no Salmo 43.5.

Segundo os estudiosos da Bíblia, a expressão do hebraico traduzida em português como “estar abatido” significa literalmente “curvar-se até embaixo”, “sentar-se no chão como um pranteador”, e “inclinar-se totalmente em profundo gemido e lamento”.

Com estas palavras o salmista demonstra toda a sua tristeza e perturbação, compartilhando momentos de infelicidade e também as circunstâncias que estavam contribuindo para isso.

Creio que em todas as épocas e principalmente nos nossos dias muitas pessoas passam por experiências semelhantes às do escritor sacro.

Com freqüência chegam pessoas aos consultórios dos médicos, infelizes, desanimadas, sem alegria para nada. Freqüentemente cansadas, mas sem nenhuma doença física que pudesse explicar tais sintomas. Fatos da vida cotidiana que antes eram fonte de prazer, agora parecem não ter significado algum.

O rendimento das crianças cai, nesse contexto; o trabalho dos adultos cai muito, sendo novas fontes de angústia. Estes são alguns dos sintomas de um quadro clínico que hoje já está bem estudado e que os médicos e psicólogos chamam de depressão.

Vejamos agora alguns dos sintomas mais comuns associados aos estados depressivos. Quero enfatizar que um sintoma isoladamente não significa necessariamente que a pessoa tenha depressão. Muitos dos sintomas aqui citados ocorrem também em outras situações diferentes.

l. Tristeza – O mundo do paciente deprimido é negro e melancólico, totalmente sem significado, vazio e principalmente sem potencial aparente. Não há alegria. Pode haver variações durante o dia, na intensidade da sensação de tristeza. Apesar de a pessoa sentir-se melancólica, não é capaz de se compadecer ou de vivenciar o luto, por exemplo.
2. Sensação de Inutilidade – O paciente tem uma baixa consideração de si próprio. Sua auto-estima e seu auto-respeito são negativos. A pessoa acha-se incapaz para executar qualquer tarefa, e não vê perspectivas para si própria no seu campo de atuação. Ocorrem sentimentos de desvalia, de culpa excessiva, praticamente todos os dias. Não se trata simplesmente de uma auto-reprovação ou culpa por estar doente.
3. Sensação de Cansaço ou Astenia – A fadiga é um dos primeiros sintomas que aparecem na depressão. O paciente se apresenta desinteressado e com grande dificuldade para tomar qualquer tipo de iniciativa. Sente-se sem energia. É o que é chamado de adinamia. Recentemente tem sido descrito um quadro de cansaço chamado de síndrome da fadiga crônica. Tem sido atribuído como causa um vírus especifico, porém no diagnóstico diferencial, sem dúvida, a depressão deve ser considerada.
4. Diminuição da Capacidade de Concentração – O indivíduo tem dificuldade para manter a atenção e a queixa é de perda da memória. Entretanto, quando testes específicos de memória são aplicados, verifica-se que a memória em si é pouco comprometida, mas sim a capacidade de se concentrar por um período mais longo. Evidentemente que com isso o seu rendimento no trabalho e nos estudos cai muito e o paciente produz menos, tem menos criatividade. Ler uma página de um jornal ou de um livro até em baixo é um sacrifício.

Diz-se que a redução da capacidade de concentração é um dos últimos sintomas a melhorar, durante a recuperação na depressão.

5. Perda de Apetite – É comum o deprimido perder peso, porque com freqüência é preciso obrigá-lo a comer, mesmo seus alimentos favoritos. A comida fica sem sabor.
6. Dor Crônica – O paciente deprimido, principalmente se tiver distúrbio de sono associado, queixa-se de dores, mal localizadas, no corpo todo. Recentemente tem sido observado um quadro de dores musculares que se associam com freqüência à depressão, onde podemos encontrar uma série de pontos dolorosos espalhados pelo corpo. A investigação para algumas doenças orgânicas é negativa. Isso é conhecido na literatura médica como fibromialgia ou fibrosite. O medicamento de eleição para esse tipo de dor é um antidepressivo.
7. Distúrbio do Sono – Em cerca de 90%, os pacientes deprimidos apresentam algum tipo de distúrbio do sono. É comum esses pacientes terem um despertar precoce, e acordar de madrugada passa a ser uma regra. Pode haver também dificuldade de conciliar o sono, ou então Ter um padrão de sono fragmentado, com muitos despertares. É interessante que nesses casos os medicamentos hipnóticos ajudam pouco e podem até piorar a depressão no dia seguinte.
8. Ansiedade – Quase todos os pacientes deprimidos sofrem de ansiedade, e estes dois estados coexistem em graus variados. Em casos de depressão com predomínio de agitação, o componente ansioso é dominante, de modo que o paciente pode gemer, esfregando as mãos uma na outra, e andar de um lado para o outro sem parar. A agitação parece ser mais comum em pacientes deprimidos idosos. Em pacientes jovens é comum o retardo psicomotor e o indivíduo apresenta-se lento ou imóvel.
9. Indecisão ou Insegurança – Este é um dos sintomas que mais angustiam o paciente deprimido. As decisões mais simples podem parecer difíceis, dificultando ao paciente até levantar-se da cama de manhã e escovar os dentes para iniciar um novo dia.
10. Medo e Choro Fácil – Os pacientes deprimidos choram com facilidade. Muitos podem chorar durante várias horas e não saber explicar a razão do choro. Freqüentemente sentem muito medo, que pode ser acompanhado de uma sensação de morte iminente, taquicardia, sudorese, muita angústia que dura mais ou menos 15 a 30 minutos e ocorre em crises episódicas, geralmente sem um fator desencadeante, isso também é um fator de angustia. Esse fenômeno é chamado de agorafobia.
11. Diminuição do Impulso Sexual – A perda ou diminuição do líbido é um problema quase geral nos pacientes deprimidos. Com freqüência os homens perdem o interesse nas atividade sexuais. O mesmo ocorre com as mulheres.
12. Hipocondria – O paciente acha-se sempre doente e apresenta queixas vagas e variadas. Está sempre consultando vários médicos e fica revoltado quando os exames são normais. Esse tipo de sintoma às vezes pode ser resistente ao tratamento.
13. Irritabilidade – Os pacientes deprimidos têm uma tendência muito grande a se irritarem facilmente. Estão passivos e dependentes, e às vezes uma palavra mal colocada pode suscitar ira. Isso torna a convivência difícil. Pode-se imaginar, por exemplo, a dificuldade de relacionamento dentro da família, com o cônjuge e os filhos. É importante esse quadro ser reconhecido, para que as famílias possam então suportar o doente. Casos de separação de casais são comuns por falta de informação.
14. Redução da Capacidade de Experimentar Prazer-Anedonia – Nada atrai o interesse da pessoa deprimida. Nada é capaz de trazer-lhe prazer, mesmo seu “hobbie” predileto, ou atividades que antes lhe causavam satisfação.
15. Desesperança – O paciente deprimido não tem uma perspectiva para o futuro, o que é um fator de grande sofrimento. Quanto mais acentuado esse tipo de sintoma, mais perigoso é o risco de suicídio. Nesses casos é importante uma vigilância constante.
16. Suicídio – Este talvez seja um assunto considerado tabu. Durante centenas de anos as vitimas do suicídio não foram sepultadas em cemitérios cristãos. As pessoas que sofrem de depressão vêem a realidade da vida de modo distorcido, e não têm condições de fazer opções racionais, e têm uma perspectiva sombria da vida. Daí serem facilmente vulneráveis a idéias suicidas. É importante ressaltar que os cristãos não são imunes à depressão e ao suicídio, e mesmo os crentes piedosos podem chegar a esse extremo.

As Escrituras falam pouco sobre o suicídio. Descreveram quatro e provavelmente um quinto caso e não há maiores comentários. Em 1 Samuel há o relato do rei Saul que, derrotado numa batalha, com medo das criticas e zombarias, e a provável tortura de inimigos, jogou-se contra a ponta de sua espada. O seu escudeiro fez a mesma coisa, morrendo ao lado do seu patrão (2 Sm 31:4-6). Aitofel, conselheiro de Davi, enforcou-se (2Sm 17:23) . Judas Iscariotes, depois de jogar as 30 moedas de prata sobre o pavimento do templo, diante do sumo sacerdote e dos anciãos, preço da traição de Jesus, enforcou-se (mt 27:3-5).

O Quinto caso é o de Sansão. Não se sabe se pode ser considerado um suicídio. Sansão morreu quando provocou a queda do templo onde os filisteus festejavam, matando três mil homens e mulheres junto com ele mesmo (Jz 16.30).

CATEGORIA DE ENFERMIDADES DEPRESSIVAS

As enfermidades depressivas são atualmente divididas em duas categorias básicas:

1. Depressões Primárias – São desordens do humor que não estão associadas com qualquer outra forma de enfermidade psíquica ou física, nem com outras condições, como o alcoolismo, o homossexualismo ou coisas parecidas.
2. Depressões Secundárias – São aquelas que surgem no decorrer de enfermidade física, ou de problemas de ordem mental. Um amigo meu teve uma doença intestinal e teve que tratar também da depressão.

As depressões primárias costumam ainda ser divididas em bipolar e unipolar.

A depressão bipolar é aquela em que os sintomas da depressão se alternam com períodos de euforia, agitação, que os médicos chamam de mania.

A depressão unipolar é aquela depressão primária que só se apresenta com os sintomas da própria depressão.

Existem algumas teorias para explicar a depressão, mas a maioria fala da relação entre a perda de um objeto ou ente amado e a tendência para se desenvolver depressão. A doença é mais comum em pessoas que perderam, por exemplo, um dos pais, do que entre pessoas com os pais vivos. O luto infantil, ou seja, criança com menos de 10 anos que perdem o pai ou a mãe têm uma tendência maior para desenvolver depressão.

Um estudo mostrou que crianças pequenas, quando separadas de sua mãe, apresentam um quadro clínico em três fases. O primeiro é de protesto, o segundo de desesperança, e o terceiro de indiferença. Há também teorias puramente físicas, demonstrando que pelo menos em muitos casos, as pessoas deprimidas teriam um desequilíbrio entre algumas substâncias no cérebro, chamadas de neurotransmissoras.

É provável que essas teorias coexistam, pois na realidade elas não são opostas, nem se anulam mutuamente.

Devemos lembrar-nos que alguns fatores na vida facilitam a depressão, como por exemplo: um parto. O período pueral é mais propenso a desencadear episódio depressivo do que fora dele. Ainda não podemos esquecer que depressão também é comum em crianças e é uma das causas freqüentes de insucessos escolares.

TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Quero dizer, em primeiro lugar, que, apesar de os cristãos não serem imunes à depressão, a esperança do futuro glorioso dos salvos tem uma influência benéfica nesses casos. Já ouvi crentes dizerem que se não tivessem uma consciência muito grande da sua doença e uma convivência da paz de Deus teriam cometido suicídio.

O Dr. John White, psiquiatra, livre-docente da Universidade de Manitoba, membro de uma equipe pastoral de aconselhamento, diz. “Por mais significativas que sejam as causas físicas de nossas depressões, a compreensão das Escrituras, a esperança no Deus das Escrituras e uma conscientização de que nós, seres humanos, habitamos um mundo material e físico, são da máxima importância.”

O tratamento da depressão baseia-se em e três métodos: 1. Psicoterapia; 2.Farmacoterapia; 3.Eletrochoque.

I. PSICOTERAPIA – Geralmente é eficaz para depressões leves e moderadas. Nos casos de depressões leves, pode não haver necessidade de tomar remédio, e nesse caso a psicoterapia pode ser o único tratamento, e bons resultados podem ser obtidos.

O psicoterapeuta usa uma técnica em que ele ouve seu paciente, analisa e explica os seus sintomas, e desse modo vai tirando-lhe a angústia e a ansiedade, explorando cada possível fator envolvido.

Nesses casos, o aconselhamento pastoral pode ser uma arma poderosa na luta contra a depressão.

Já tive oportunidade de tratar de pastores com problema de depressão, e uma vez, recuperados, esses ministros puderam ser de grande valia para suas ovelhas.

O pastor, que conhece os fundamentos de psicologia e tem boas noções sobre o assunto depressão, pode em muitas ocasiões ajudar crentes e não crentes a saírem desses momentos angustiantes. Alem disso, o pastor pode aplicar ensinos bíblicos às necessidades espirituais do aconselhamento. É interessante por exemplo a leitura do capitulo 3 de Lamentações. O profeta, depois de descrever suas aflições, diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim, novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3.22-26).

No livro de Jó podemos também ter bons exemplos de quadro de depressão e um incentivo às pessoas deprimidas.

Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (SL 40:1).

Infelizmente tenho visto lideres evangélicos desinformados que atribuem aflições de suas ovelhas a pecados em sua vida. Isso piora mais ainda o problema. O pecado pode ser causa da depressão, como veremos mais tarde, mas nem sempre. Imaginem um servo fiel, deprimido por doença, ainda levar a culpa disso. É como se quiséssemos culpar o doente de ele ter tido uma pneumonia!

2. FARMACOTERAPIA – É o tratamento por medicamentos. Atualmente existem vários grupos de medicamentos anti-depressivos, com funções diferentes e, em alguns casos, específicos. Em casos mais graves, com risco de suicídio, o paciente pode ser internado, e nessas circunstâncias existem medicamentos que podem ser administrados por via endovenosa, com bons resultados.

O tratamento farmacológico pode ser acompanhado de psicoterapia e aconselhamento pastoral.

3. ELETROCHOQUE – É uma opção bastante eficaz para o tratamento de deprimidos refratários, principalmente com risco de suícidio.

Depois dessa visão panorâmica da depressão como problema médico, podemos incluir no nosso estudo uma visão espiritual. É interessante notar a freqüência com que o assunto é tratado nas Escrituras. Isso também nos leva à conclusão que é um problema muito comum e que parece Ter afligido o povo de Deus desde o principio, pois tanto o Antigo como o Novo Testamento tratam do assunto.

No livro de Gênesis, capitulo 37, encontramos o relato da venda de José aos ismaelitas como escravo, pelos seus irmãos. Tingiram a túnica de José com sangue de um cabrito e a levaram ao pai. Jacó a reconheceu imediatamente e acreditou que José tivesse sido devorado por alguma fera. A Bíblia relata essa tristeza imensa. “Então Jacó rasgou as suas vestes e pois saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos dias. E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado e disse: Na verdade com choro hei de descer para meu filho até o seol. Assim chorou seu pai” (Gn 37:34-35).

Em 2 Samuel 18 e 19, vemos a narrativa da morte de Absalão. Quando a noticia chegou a Davi, este chorou muito: “Eis que o rei está chorando e se lamentando por Absalão. Então a vitória se tornou naquele dia em tristeza para todo o povo, porque nesse dia o povo ouviu dizer: O rei está muito triste por causa do seu filho.”

Davi também sofreu muita angústia por causa do pecado e chegou a pedir a Deus que lhe restituísse a alegria da salvação.

O grande servo de Deus, Jó, certo dia, recebeu várias noticias ruins que falavam da perda de seus bens e da morte de seus filhos e filhas. Também foi colhido de um estado de depressão e chegou a amaldiçoar seu nascimento e lamentou a sua miséria: “Porque se dá luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte e ela não vem…” (Jó 3:20,21).

Certa vez Jesus foi chamado urgentemente para ir a Betânia, porque seu amigo Lázaro havia falecido. Quando chegou àquela casa, Maria, irmã de Lázaro, vendo-o, lançou-se-lhe aos pés. Jesus, quando a viu, e também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito e perturbou-se. Diz o texto que Jesus chorou! (Jo 11:35).

Há muitos outros exemplos de momentos de angústia, tristeza e aflição nos personagens da Bíblia. Esse tipo de sentimento não poupou a Jesus, que como homem também sentiu depressão.

Muitas vezes pensamos que os crentes são super homens, que são imunes a certos sentimentos, que são feitos de ferro.

A verdade é que somos também suscetíveis a esse tipo de sofrimento, e não precisamos envergonhar-nos disso, mas temos a oportunidade de procurar as causas e, mais ainda, temos uma ajuda que os incrédulos não têm.

Os crentes não precisam ficar angustiados; além da assistência médica necessária, podemos procurar aquele que pode consolar-nos. Teremos problemas e aflições, mas não precisamos ficar cabisbaixos. O apóstolo Paulo compreendeu bem isso e, escrevendo aos coríntios, teve uma posição bem prática: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.”

No Salmo 42.3, o salmista descreve o seu sentimento de angústia com lágrimas: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite.”

Muitas vezes derramamos lágrimas de alegria e regozijo, mas geralmente lágrima é tradução de angústia e tristeza. Mas Deus promete que ele nos enxugará toda lágrima (Ap 7.17).

A Bíblia repetidamente nos tem mostrado que o sofrimento faz parte de nossas vidas. Jesus nunca prometeu uma vida sem angústia. Ele mesmo disse: No mundo tereis aflições.”

A mesma Bíblia, porém, diz que o nosso sofrimento é transitório, e devemos regozijar-nos: “Regozijai-vos sempre no Senhor.”

O apóstolo Paulo enfatizou a transitoriedade do nosso sofrimento: “Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

Paulo também dá a entender que o sofrimento pode ser uma bênção: “Por que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória” (2Co 4.17).

O sofrimento é inerente ao ser humano, crente ou não, mas os cristãos verdadeiros têm uma esperança em Deus. O próprio Jesus declarou: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.”

A Bíblia ensina também que o sofrimento aperfeiçoa e nos aproxima de Deus, torna-nos mais sensíveis à sua voz.

Muitas vezes é o meio para que tenhamos comunhão com Deus. O escritor aos hebreus (Hb 2:10) diz ousadamente que era necessário que Jesus se aperfeiçoasse pelo sofrimento; naturalmente referindo-se à natureza humana do Mestre.

O apóstolo Pedro foi encarcerado e um dos pais da igreja, Clemente, escreveu no ano 96 que Pedro padeceu “não um ou dois, mas muitos tempos de angústia”. Esse mesmo Pedro escreveu: “E o Deus de toda a graça, que em Cristo nos chamou a sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer” (1 Pe 5:10). Não há dúvida que a fé de Pedro, Paulo e dos outros apóstolos foi confirmada no sofrimento.

Não podemos vencer a depressão sozinhos. No caso do doente, necessita de procurar o médico ou o pastor para aconselhamento de medicação necessária. Mas o conforto espiritual sem dúvida aliviará muito sofrimento. No Salmo 42:1, a alma do salmista, deprimida, anseia por Deus como o cervo anseia pelas correntes de águas. No versículo 2 ele continua: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!”

Uma grande ajuda para os nossos conflitos psíquicos e espirituais é sem dúvida saciar essa sede de Deus, ir ao seu encontro. Não estou só falando de salvação de almas, mas também dos crentes, com sede de Deus.

Pedro nos exorta a lançarmos sobre Jesus Cristo toda a nossa ansiedade (1 Pe 5:7).

Que as palavras do salmista sejam uma realidade em nossas vidas. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” (SL 46.1).

Dr. Hélio Hiller de Mesquita – Neurologista – IB de Araçatuba – SP.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*