Autor: Ana Oliveira
“Considerai e vede se há dor igual à minha, que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu no dia do furor da Sua ira. (…) As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a Tua fidelidade.” (Lamentações, 1.12-b; 3.22-23)
) Não raro, esquecemos que Deus nos tem na palma da Sua mão; isso pode acontecer quando esquecemos – também – das Promessas feitas por Ele. Sabemos o quão falíveis nós somos, e, nesse caso, muito justificadores das nossas condutas. Vivemos errando, mas temos sempre um versículo de consolação na ponta da língua, para lembrar e até cobrar a imensa Bondade do nosso Pai. O que fazer para não pensar em Deus como um Pai somente Misericordioso ou como um Pai Implacável?
Para um cristão autêntico, a própria consciência do erro já é um alerta do Espírito Santo. Ele está enfaticamente alertando “Não faça assim!”, mas, às vezes, parece inútil o alerta. Erro cometido, voltamos, “arrependidos”, e pedimos perdão – “Todo caminho é reto aos seus próprios olhos, mas o Senhor sonda os corações” (Provérbios, 21:2) e sabe quem está e quem não está arrependido. Baseado nisto, é prudente que estejamos atentos quanto à inutilidade desse joguinho que tentamos fazer com Ele.
Não há alívio! Não há versículo encorajador que “dê jeito”! “Eu não quero, mas peco” – é muito confortável gozar do acesso imediato ao Pai [Graça pura!], mas esse não nos é outorgado para servir de muleta para os nossos próprios erros, mas sob a condição sine qua non de que produzamos fruto digno do arrependimento professado (Lucas, 3.8), ou seja, todo aquele que se arrepende, passa, indiscutivelmente, a produzir fruto novo, e por eles é conhecido; “Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus, 7.16).
Por isso, precisamos também, inexoravelmente, temer o peso da mão de Deus, pois Ele não está jogando pingue-pongue conosco! “Ai, eu pequei! / Ah, Ele perdoa! / Ai, pequei de novo! / Ah, mas Ele é Misericordioso! / Não tem jeito… pequei outra vez! / Ah, mas não tem problema… a Sua misericórdia dura para sempre!”. Se essa tem sido a nossa “teologia”… desastrosamente enganados estamos: não é a do nosso Deus!
Trata-se aqui dos filhos de Deus – resgatados da morte eterna a preço de sangue inocente (Jesus). Por que é que agimos dessa maneira? Porque acreditamos, comodamente, que até isso Deus perdoa. Não é fácil? É só arrepender-se de tudo (até do que não conseguimos nos arrepender) e colocar nas mãos de Deus que Ele resolve. Ele sempre resolve. O que seria desse povo se as misericórdias do Senhor não se renovassem a cada manhã? (Lamentações, 3.23).
Talvez nós estejamos entendendo Deus numa concepção muito humanista. Seria ótimo se, por um minuto, pudéssemos ter a exata noção da inenarrável grandiosidade d’Ele; talvez, então, parássemos de agir como se Deus estivesse de plantão, à nossa disposição. É um erro coletivo, mas vivenciamos mais claramente a prerrogativa de ser filho querido do que a incumbência de servo submisso, e, definitivamente, não é isso o que Ele quer.
“Eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras. Eu repreendo e disciplino a quantos amo.” (Apocalipse, 2.23-b; 3.19).
Em Cristo,
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