Como encontrar a mulher perfeita

Autor: Naamã Mendes
Finalmente ele encontrou a mulher perfeita, havia uma harmonia indescritível entre a sua face delicada e as proporções das demais partes do seu corpo. Nada era exagerado, os músculos eram suficientemente delicados, mas suavemente perceptíveis e delineados, cobertos por uma pele suave e levemente bronzeada. Sua postura era sensual e ao mesmo tempo imponente e respeitosa, impondo reverência e admiração.
O seu olhar parecia perdido, mas em harmonia com o sorriso enigmático, parecia transmitir uma expectativa e um convite respeitoso à esperança. A mulher era mesmo perfeita, havia, porém, um detalhe importantíssimo, seu admirador podia contemplá-la, tocá-la, abraçá-la, mas não poderia ser feliz com ela, porque a mulher era uma estátua que ele mesmo esculpira e por quem ele se apaixonara perdidamente e na qual ele havia investido toda sua a capacidade artística, para fazer dela a mulher perfeita.
Essa história é parte da mitologia grega, conhecida como a mulher de Pigmalião. Sua temática aborda uma característica do comportamento humano muito comum: a idealização do outro e a nossa incapacidade de fazer do outro aquilo que sonhamos.
Grande parte dos relacionamentos conjugais são construídos nessa perspectiva. Idealizamos o marido perfeito ou a esposa perfeita e lutamos para fazer deles aquilo que sonhamos ser o ideal. Essa mesma forma de pensar e de agir ocorre com relação aos filhos, aos pais ou a outras pessoas com as quais travamos laços emocionais.
O conflito da nossa relação com o outro se dá interiormente, por causa da nossa reconhecida incapacidade de transformá-lo. Assim, por não sermos capazes de efetivamente idealizarmos o outro segundo os nossos parâmetros e os nossos valores, nos tornamos infelizes e frustrados. Inconscientemente, queremos esculpir no outro aquilo que nós idealizamos. Todavia, em função de cada indivíduo ter sua identidade constituída de aptidões, talentos e valores próprios, o sofrimento e o desgaste se instala em ambos os lados. Por parte do escultor, porque esculpir exige muito esforço mental, emocional e físico, e por parte de quem está sendo esculpido, porque, em se tratando de gente, tirar as sobras, os defeitos, as arestas, produz opressão, dor e angústia. Geralmente, o resultado é frustrante, conflituoso e, na maioria das vezes, termina na desistência de um em relação ao outro, o que implica em solidão e isolamento, mesmo que as pessoas vivam próximas uma das outras.
Segue abaixo algumas da instruções que a Palavra de Deus nos dá, quando vivemos a luta entre o real e o que idealizamos em relação às pessoas com quais convivemos.
Primeiro – A Bíblia nos ensina a olhar para nós mesmos e assumirmos as nossas imperfeições, limitações, esse processo nos leva a compreendermos que somos pecadores e, portanto, imperfeitos.
Segundo – A Bíblia nos ensina que, apesar de sermos pecadores, imperfeitos e limitados, Deus nos ama tanto que deu o seu único filho para que através dele tenhamos o perdão absoluto de todos os nossos erros e pecados. Isso quer dizer que, ao crermos em Jesus, somos aceitos por Deus com todas as nossas imperfeições.
Terceiro – A Bíblia ensina que, não obstantes as nossas falhas, se somos plenamente aceitos por Deus, devemos, do mesmo modo, aceitar e perdoar os seres humanos com as suas limitações. À luz da Bíblia, essa postura de aceitação é constituída de atributos e dons espirituais tais como: perdão, amor, paciência, longanimidade misericórdia , entre outros predicados inerentes à pessoa de Jesus.
Quarto – A Bíblia ensina, entretanto, que amar implica não apenas em aceitação passiva do outro, mas também em responsabilidade, no sentido de, através do convívio, gerarmos interativamente crescimento e maturidade mútua, por meio do exercício do perdão e do amor.
Portanto, não vamos nos embrutecer porque as pessoas com as quais convivemos não são aquilo que idealizamos. Lembremos que, ao crermos em Cristo, somos aceitos por Ele em toda a nossa plenitude. Lembremos também que o nosso aperfeiçoamento é construído com base nas coisas que aprendemos ao nos relacionarmos com Jesus. Assim, nós também devemos ser fontes de aperfeiçoamento das pessoas com as quais convivemos. Devemos aceitar com humildade o fato de que não somos capazes de mudar as pessoas, mas podemos ser instrumentos usados por Deus para aperfeiçoá-las. Para o Deus Eterno controlar a mente de um rei é tão fácil como dirigir a correnteza de um rio. ( Prov. 21:1).

Rev. Naamã Mendes é pastor na 1ª IPI em Maringá há 19 anos, escritor, conferencista, autor do livro “Igreja Lugar de Vida” prêmio ABEC/95, e atual presidente da OPEM – Ordem dos Pastores Evangélicos de Maringá.

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