Autor: Marcos Batista
Foi trágico o que aconteceu na Escola de Beslan, na Ossetia do Norte, na Rússia. Até as últimas notícias eram 374 mortos, a maioria crianças. Meu Deus. Tudo em protesto para a retirada das tropas russas da Tchetchênia. A expressão do presidente Vladimir Putim mostra o quanto todos nós, principalmente eles, ficamos abalados. O reconhecimento de impotência diante do terrorismo. Estamos todos de luto…
Não quero discutir aqui as motivações desse ato cruel e criminoso. Não tenho competência para discutir políticamente o assunto. Acho até que todo ser humano precisa ter uma causa pela qual deva viver e morrer, se não tiver não tem nada. Mas questiono, é claro, a maneira como o ser humano “defende seus ideais” – com terrorismo nem pensar.
Conversei com vários evangélicos sobre o fato e ouvi comentários como “é…o mundo lá fora está ruim..”,
“ainda bem que não somos daqui e que Jesus está voltando”, que mundo lá fora? Aprendemos a dizer que a Igreja está no mundo mas não é do mundo. Não poderíamos reconhecer que a igreja não é do mundo mas está no mundo!?!?!?
Essas atitudes revelam mais do que falta de interesse com o que acontece lá fora da igreja, mostra, também, falta de cuidado com o que acontece dentro.
Digo isto porque conheci na minha infância outro tipo de terrorismo, não na escola de Bestan, mas, na Escola Dominical. Onde o Deus que eu conheci era tirano, castigava, deixava pessoas doentes para puní-las e fazia parcerias com pessoas que “dublavam” uma vida de santidade. O terrorismo que eu conheci era o legalismo.
A mesma escola que dizia a meus pais “ensina a criança no caminho em que deve andar…” era a mesma que ensinava sobre um deus (minúsculo mesmo) que vigiava os seres humanos e que estava esperando ansiosamente o dia de pedir contas. Esse deus tinha até uma “polícia do reino” a SS (super santos) que fazia ronda e levava pessoas ao Conselho (sinédrio). Eu via acontecer com os adultos e as professoras diziam: “viram o que aconteceu com fulano? Foi a mão de deus…”
Precisamos rever o que tem sido ensinado sobre Deus nas nossas escolas dominicais.
Ontem meus filho mais velho, 17 anos, saiu com a namorada, foram ao cinema. Acho que foram ver “Olga”, irônicamente um filme que mostra terrorismo e briga pelo poder. Na minha igreja da infância não poderia. O meu mais novo, 15 anos, furou a orelha (para horror de alguns). Os amiguinhos de uma outra igreja perguntaram: “Você agora é do mundo?”, ele respondeu: “É eu moro aqui no planeta…”
Falei dos meus filhos porque os conheço bem, são mais crentes do que eu. Amam a Jesus e vivem a fé e a devoção com leveza. Apaixonam-se por causas sociais.
Preguei numa igreja a pouco tempo e a atração do culto foi um menininho de uns 5 anos que, de terno e voz segura, citou, de cor, versículos bíblicos e suas referências, e fazia até um comentário sobre cada texto. Foram mais de dez ao todo. Um fenômeno, excelente memória. Ao fim do culto fui conversar com ele, cumprimentá-lo e perguntei se ele jogava bola, se gostava de brincar de carrinhos, etc…. a resposta foi: “Não gosto de nada desse mundo!” Ele só tem 5 anos. Tem uma memória excelente, um grande potencial. Imaginem a igreja tem um menino assim sob seu poder…
Temos uma escola para cuidar. O terrorismo insiste em invadir. Nessa luta não dá para negociar. A única estratégia é ensinar o Evangelho da Graça, e o amor de um Deus que é Amor e que ama os seres humanos. Temos uma causa para viver e morrer, a causa do Reino de Deus. O Evangelho todo para o homem todo. Somos convocados a tomar parte nesta santa conspiração do Reino, salvar pessoas. Nossa arma, a Bíblia, nossa ideologia, o Evangelho. Nossa motivação o Amor.
Com terrorismo, nem pensar…
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