Autor: Djalma Albuquerque
Eu entendo que há seminários e seminários. Isso depende muito da visão da instituição, da liderança, da formação dos professores, do currículo oferecido e outras coisas mais.
Fico a pensar que após quatro anos de estudos pagando o seminário com muito sacrifício, chego finalmente a liderança de uma igreja ou campo missionário. Há uma grande alegria, pois um sonho tornou-se realidade. Porém rapidamente começo a me deparar com situações que nunca ouvi falar, circunstâncias nas quais não fui treinado ou orientado. E logo me sinto perdido e muito confuso. Sem ter ninguém a quem recorrer, tomo muitas decisões e muitas delas são erradas, trazendo conseqüências tremendas para o reino de Deus.
Outro aspecto interessante é: Será que todos os que estão no seminário são vocacionados? Como podemos descobrir a diferença? Os que não são vocacionados estão recebendo o mesmo treinamento que os vocacionados?
Que formação os professores dos seminários possuem? Que tipo de resultado ministeriais esses professores já conquistaram? Isto é: São aprovados?
Que alvos e metas os seminários possuem? Formar bons obreiros, mas de que tipo? Como o caráter dos alunos vocacionados e não vocacionados têm sido trabalhado? Que tipo de obreiro estamos formando quando livros da biblioteca somem, mensalidades permanecem atrasadas por um longo tempo, até mesmo após o término do curso e o obreiro agora “consagrado” a pastor ou missionário(a), esquece sua responsabilidade? Formandos que só tem chamada para uma capital ou cidade grande, onde todos os recursos estão disponíveis e há excesso de obreiros sem igreja? Como entender um seminário que forma 50 alunos e muitos deles não conseguem enxergar além da cidade de Campo Grande?
Será que estou exagerando? Um certo formando disse para mim alguns anos atrás, quando fora convidado para assumir um trabalho em uma cidade do interior de Mato Grosso do Sul: “essa cidade eu não quero, não é para mim, eu quero é uma igreja boa.”
Eu acredito no ensino de qualidade quando os seminários se propõem a realizar um trabalho sério. Veja algumas sugestões abaixo, fruto da consulta da APMB – Associação dos Professores de Missões do Brasil, realizada em março de 2001, em Petrópolis – RJ.
Levantar as necessidades:
Participação dos aprendizes em identificar e dizer as suas expectativas da aprendizagem;
Segurança no ambiente e no processo de aprendizagem;
Um relacionamento seguro entre o professor e o aprendiz, para o bem da aprendizagem e o desenvolvimento do aprendiz;
Bastante cuidado na seqüência e no reforço do conteúdo da matéria;
Praxis: atividade com reflexão, isto é, aprender por fazer;
Respeitar o aprendiz como sujeito de seu próprio processo de aprendizagem;
Em cada lição, procurar incluir os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores: idéias, sentimentos e atividades (ações);
A lição deveria incluir uma aplicação imediata da aprendizagem;
Os papeis do aprendiz e do professor estão sempre em desenvolvimento, mas com suas funções bem definidas;
Trabalho em equipe e o bom uso de grupos pequenos é fundamental para um diálogo significante;
É importante ter engajamento (envolvimento) dos aprendizes no que eles estão aprendendo; e
Prestação de “contas”: como eles sabem que sabem.
Eu creio e oro para que os seminários comecem o mais breve possível a suprir as verdadeiras necessidades dos alunos. E como resultado disso, que as igrejas possam desfrutar de obreiros capazes de unir e multiplicar ao invés de dividir o rebanho do Senhor. Obreiros que aprendam a permanecer em igrejas o tempo suficiente para desenvolver relacionamentos e ministérios profícuos, com resultados que impactam as comunidades locais. Que sejam bênçãos ao invés de vexame, crescimento ao invés de ignorância, caráter exemplar ao invés de tristemunho.
Pr. Djalma Albuquerque é ministro de missões da PIB – Campo Grande / MS
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