Autor: José Ildo Swartele de Mello
Amor, que leva a amizade e a identificar-se com simpatia, mostrando verdadeiro interesse é a chave para a evangelização. Às vezes, somos apressados demais em falar do evangelho para pessoas que ainda não estão prontas para nos ouvir. Presenciei uma cena, um tanto grotesca, da tentativa de uma irmã de evangelizar um jovem dentro de um ônibus. A senhora falava em alto e bom som para um jovem que se mostrava profundamente incomodado e constrangido com aquela conversa, tanto que ele havia se voltado para a janela dando as costas para a mulher que, insensível a ele, continuava disparando destrambelhadamente num ataque de pura verborragia em sua descuidada tentativa de cumprir a sua parte na Grande Comissão. Não basta falar, é preciso primeiro conquistar a atenção. É preciso cativar com amor e simpatia, assim como Jesus fez, pois Ele não pregou o Evangelho lá dos altos céus, mas seu amor o levou a descer a Terra para se identificar conosco e estar próximo, mostrando verdadeiro amor e conquistando nossa amizade e confiança. Aprendemos muito sobre evangelização quando observamos como foi que Jesus abordou a mulher samaritana (Jo 4). Repare, que Ele não chegou despejando um caminhão de boas novas, pois Ele bem sabia que a mulher tinha muitos preconceitos devido aos conflitos dos judeus com os samaritanos. A atitude de Jesus foi, em primeiro lugar, uma atitude simpática e surpreendente na direção da quebra de tais barreiras e preconceitos. Isto mostra que Jesus sabia se comunicar com sensibilidade. Você nunca vai ver um exemplo de Jesus falando a pessoas desinteressadas. Ele “não joga pérolas aos porcos” (Mt 7.6), ou seja, Ele não desperdiça palavras. Antes de comunicar é preciso primeiro cativar a atenção. E é preciso lidar com sensibilidade e sabedoria com as barreiras e preconceitos entre o comunicador e a pessoa que está sendo evangelizada. Paulo, em Atenas (At 17), mostra também muita sabedoria e sensibilidade em sua tentativa de evangelizar os gregos. Estando no Areópago repleto de ídolos pagãos, ele anuncia o Evangelho a todos, chamando a atenção para um altar que ali se encontrava ao “Deus Desconhecido”, passando a falar em nome deste tal Deus Desconhecido do panteão grego, apresentando-o como Jesus Cristo. É interessante notar também que Paulo chega a mencionar uma frase de um filósofo grego. Ele sabia estabelecer pontes do conhecido para o desconhecido, como fez Jesus também falando a partir da água conhecida para uma água que a mulher samaritana não conhecia. Paulo, também, a semelhança de Jesus, era sensível a audiência, pois, quando percebeu que os gregos já não mostravam mais interesse na mensagem, não ficou insistindo como quem gosta de “dar murro em ponta de faca”. Amor, amizade, sensibilidade e respeito são fundamentais para o evangelista. Ansiedade e nervosismo só fazem é atrapalhar. A Evangelização é como uma plantação que se dá por etapas: primeiro é preciso preparar o terreno, depois se planta a semente, e o serviço não para por aí, pois regar é também muito fundamental e ter paciência para colher apenas quando estiver maduro. Alguém pode objetar dizendo que tem experiência de ter sido bem sucedido num ato de evangelização praticamente instantânea, ao que eu responderia que poderia bem ser o caso de que este alguém, que fora tão rapidamente evangelizado, já ter sido abordado num estágio maduro, estando pronto para a fase da colheita. Algum devem ter preparado a terra anteriormente, talvez outros foram os que plantaram a semente e outros tantos os que estiveram regando com cuidado para que alguém possa chegar, por fim, a ter a alegria de colher para o Reino de Deus. Daí, a grande importância de se evangelizar com sabedoria e sensibilidade para que se possa discernir em que fase do processo uma pessoa está.
Agora, existe também o perigo do outro extremo, ou seja, de, em nome do respeito pelo outro e da sensibilidade, o sujeito cristão se sentir intimidado, permanecendo imóvel e calado na sua ação evangelizadora. Pois, “o cristão que não tentar cristianizar o seu ambiente é fajuto”. É certo que mesmo usando de sabedoria e sensibilidade nem sempre seremos bem sucedidos, como vimos no exemplo de Paulo no Areópago. Mas não devemos temer tal rejeição e nem ficarmos paralisados em nossa missão. Não devemos também permitir que o temor da rejeição esteja em nossa mente na hora de evangelizarmos alguém. Devemos agir com mais confiança e esperança de sucesso assim como aquele que planta espera um dia colher. Nossa ação evangelizadora precisa ser feita com alegre e paciente esperança sem afobamentos, ansiedades, temores e nervosismo oriundo de um coração inseguro. Devemos saber que esta obra não de nossa única e exclusiva responsabilidade, pois Paulo plantou, Apolo regou e acima de tudo e de todos, é preciso sempre lembrar, que é Deus quem dá o crescimento! (1 Coríntios 3:6)
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