Antes que as rochas criem línguas

Autor: Deusdedit Ransam

No pleno  cumprimento de antiga profecia   que anunciava a    entrada triunfal  de Jesus em Jerusalém,   em meio à festa e  regozijo do populacho  para  fazê-lo   rei   da nação,   espécie de “Ave César” romano,    alguns fariseus  enciumados pela aclamação     se arvoraram em paladinos da ética, e  observaram a  Jesus que esse proceder dos seus “militantes”   contrariava frontalmente  as leis “eleitorais” vigentes,   devendo por isso mesmo se calar.
Os séculos se sucederam,   e  foram  incorporadas   no receituário do relacionamento humano, quem sabe,     tentativa  civilizadora  para fortalecer o convívio     entre as pessoas de forma ética.  Apesar da feliz e pertinaz  observação de Jesus a   “ilustres fariseus”, donos e defensores ferrenhos das posições absolutistas,   nem por isso   as rochas deixaram de se  consolidar a   criarem línguas, exatamente pela   postura dos   dissimuladores  da verdade.   Disse Jesus: “Eu afirmo a vocês que, se eles (os anunciadores da verdade) se calarem, as pedras gritarão”  (Lc 19.40).   

Transcorria o ano de 1961. No dia 13 de agosto, em pleno século XX, o mundo foi acordado   na madrugada daquele dia com o  início da construção   que se chamou mais  tarde de  Muro da Vergonha,   dividindo  a  Alemanhas em duas.    Com   66,5 km de extensão,  ao longo dos quais  se postavam  302 torres de observação, revitalizadas com  127 redes metálicas eletrificadas,  afora as  255 pistas de corrida para  que ferozes cães de guarda fizessem  ronda. Desse modo, os alemães do lado oriental viveram 28 anos de total separação dos seus irmãos do lado ocidental  pela Rússia comunista.

Seguiu-se,   desde então, um movimento  que perdurou por    vinte e oito anos, conhecido pelo  sugestivo  nome de    “A Revolução Sem Violência”. Esse movimento de cunho  pacifista, à moda da “entrada de Jerusalém”, repetiu-se. Chamou-se:    Leipzig.Por sinal,  na mesma cidade,  pátria da Reforma Protestante do Século XVI. No princípio,  era um  pequeno  grupo de evangélicos alemães que  se reunia em oração, às segunda-feiras,   despertando, inclusive,  sentimentos patrióticos no  povo. Pela  notoriedade,  o movimento alcançou   as  ruas da cidade contagiando demais localidades.  Um mês antes, em  9 de outubro de 1989,  mesmo  sob dura   ameaça do exército russo,  uma multidão tomou  as ruas daquela cidade histórica exigindo a reunificação  da Alemanha. Estava em andamento o fim da guerra fria,  e, em 9 de novembro de 1989, o Muro da Vergonha foi abaixo. As pedras falaram (clamaram), no dizer de Cristo, derrubando paralelamente  o domínio comunista do Oeste europeu.
Décadas  se passaram.  Em nossos dias, um grupo abnegado de   jovens    empunhando pincéis e latas de tintas  deixavam escritos   nas rochas e penedos das nossas estradas e  rodovias  a seguinte mensagem: “Cristo, a Única Esperança”.Essa mensagem se tornou conhecida, e cremos que muitos a leram e nela meditaram. Ninguém ficou de fora. Até mesmo a zona rural foi beneficiada ao terem  nas porteiras e árvores  a  mesma mensagem, inspiradas nas palavras de Jesus.

Como ilustração, entre tantos outros, num eloqüente testemunho sobre as “línguas das rochas”,  determinado  moço, cansado e fadigado pelo embate da dura liça da vida, no afã de resolver  rápido um furo formidável de caixa, aventurou-se no   pródigo comércio de aguardentes, contrariando  suas  convicções religiosas. Sob um toque do amor  misericordioso de Deus, “alheiamente” parou o carro para um leve descanso em trecho da estrada sombreada. Andar lento, pensativo,   olhar posto  no chão, ao levantar a fronte, bem em sua   frente, do outro lado da  estrada, num imenso  penedo, a mensagem redentora: “CRISTO, A ÚNICA ESPERANÇA”.   .Envergonhado diante de Deus,  atirou as  amostras da “branquinha”,   as quais  devem estar a essa altura circulando no espaço. Novamente,  as rochas criaram línguas e falaram poderosamente, restaurando comportamento e vida abundante só  em Cristo Jesus. Com certeza, muitos foram alvos da mesma mensagem, porque bem o disse o Senhor Jesus que as pedras haveriam da falar. E como falam!

Fato significativo deu-se  em duas oportunidades   com o próprio Senhor Jesus. A  primeira,   humilhante e difícil, desenrolou-se no monte chamado de Caveira, ou o da Crucificação. Recorrendo ao texto sagrado, sabe-se que Jesus foi levantado em uma cruz, bem no alto, para que todos pudessem vê-lo. No entanto, se viram e dele blasfemaram, não ouviram, com certeza, o clamor das línguas da rocha onde fora morto. Mais tarde,  levaram-no e  colocaram-no em um   sepulcro lavrado em uma rocha, e, no terceiro dia,  acompanhou-o a maior de todas as   mensagens pelas línguas das rochas: “Não está aqui; ressuscitou”! 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*