Abrindo as covas onde caimos

Autor: José Mateus

Salmos 7.15

Quando cavamos uma cova teremos de entrar nela para que se torne funda. Se não entrarmos nela, logo deixaremos de alcançar o seu fundo, escavando desde o lado de cima da cova. Mas o homem orgulhoso, quando escava a própria cova, fala e fala, deixando seu próprio pecado escavar cada vez mais fundo, como que recusando-se a entrar nela, pois acha que a cova que sua língua desenfreada escava é para outros caírem nela. O que acontece de seguida é drástico demais para ser visto de perto, pois terá de se inclinar para dentro da cova mais e mais até que cai dentro dela apenas com o peso da gravidade duma mão de terra a ser levada para cima. Por essa razão, nenhum pecador se sustentará eternamente, pois acabará sempre por cair caso aprofunde a cova que faz sem parar em dado momento.

O pecado é sempre assim. Uma cova começa com a primeira mão de terra que causa um pequeno buraco no chão. O sexo desenfreado começa com imaginações e acaba com a vida normal de quem a ele se entrega, atraído pela sua concupiscência e desejos. Depois, em dado momento quando já nem retira prazer dele, mesmo assim mente e afirma que nada de melhor existe sobre a terra para se fazer. O alcoolismo começa sempre com uma gota de vinho e termina na desgraça, pois, pouco a pouco a cova vai ficando mais profunda e quanto mais depressa se bebe, tanto mais rápido se cai para dentro dela. A má-língua é outro mal incontrolável, o qual até exalta outros com o intuito de destruir a imagem de quem é seu motivo de amargura. A droga começa sempre com o primeiro cigarro que se fuma, o cancro do pulmão também e a ira de Deus virá sobre todos os viciados que cavam suas próprias covas dentro de si mesmos, ininterruptamente. Ou o pecador pára de escavar, ou cai eventualmente na cova que faz. É essa a ideia que retiramos deste Salmo, pois dita assim ainda: “Deus é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias. (12) Se o homem não se arrepender, Deus afiará a sua espada; armado e teso está o seu arco; (13) já preparou armas mortíferas, fazendo suas setas inflamadas. (14) Eis que o mau está com dores de perversidade; concedeu a malvadez, e dará à luz a falsidade. (15) Abre uma cova, aprofundando-a, e cai na cova que fez. (16) A sua malvadez recairá sobre a sua cabeça, e a sua violência descerá sobre o seu crânio”, Sal.7:11-16.

Mas porque acontece isto deste modo então? Ora vejamos.

A ira de Deus deixa o homem escavar sua própria cova, pois lemos que “Deus sente indignação todos os dias”. No livro de Romanos lemos ainda assim: “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundície, para serem os seus corpos desonrados entre si; (25) pois trocaram a verdade de Deus pela mentira e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém. (26) Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; (27) semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro. (28) E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm; (29) estando cheios de toda a injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, dolo, malignidade; (30) sendo murmuradores, detractores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais; (31) néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia; (32) os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam”, Rom.1:24-32.

Sabe porque razão os homens falam de mulheres arrogantemente? Não porque fizeram grande coisa alcançando a esposa do vizinho, mas antes porque a própria ira de Deus os entregou a que tal fizessem e “não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam”. Sabe porque falam mal uns dos outros e nunca controlam suas linguarudas afirmações contra uns e a favor de outros? Deus, que se ira todos os dias contra quem acha que pecado é bom, entrega tais pessoas à escavação de sua própria cova para que caiam nela eventualmente. Haverá alguém que ache que não tem como e porque parar de pecar, de cobiçar, de falar sem colocar umas rédeas em suas linguarudas suposições? Podemos estar perante um caso de quem está sob o efeito da própria ira de Deus, colhendo os frutos de Sua indignação! Quem nunca pára de pecar, estará entregue à ir de Deus, pois foi Deus quem o entregou ao pecado. Cabe ao pecador entregar-se a Jesus, parando de escavar mais e mais ainda colocando freios em seu pecado que corre com ele desalmadamente. O pecado é como andar de foguetão para o inferno: quem vai dentro dele, está parado lá dentro e acha que não está em alta velocidade em direção à destruição de sua própria alma lamacenta e iníqua. Quando andamos de autocarro, comboio ou avião, estamos sempre parados dentro deles. Do mesmo modo somos entregues ao comboio da morte caso Deus esteja irado um de nós. Mas será por parecer que estamos inertes, mas andando, que achamos que nunca chegaremos ao nosso fim? Toda gente tem noção clara que está sendo levado para a morte e nada fazem para reverter essa situação.

Jesus tem solução para seu problema, mas que o orgulhoso deixe de escavar e coloque toda a terra de novo onde tirou.

Um certo homem teve um sonho: Deus entregou-lhe um saco para que o carregasse até ao topo duma torre. Este homem, feliz por conseguir levar um saco cheio e tão leve até ao topo daquela torre, chegou lá acima quando Deus lhe pediu que abrisse o saco. Logo verificou porque razão o saco era leve – chegou mesmo a pensar que era um certo fardo leve que Jesus pusera sobre ele -viu que carregou muitas penas de aves dentro do saco e por essa razão era seu fardo leve. Logo, antes mesmo de se indignar, Jesus lhe pediu para agarrar em algumas penas e atirar ao vento. Depois de fazer isso uma e outra vez, Jesus pediu então que as recolhesse todas e as colocasse dentro do saco de novo. Ficou estupefacto com tal coisa e disse: “Mas, é impossível! O vento levou tudo para longe e nunca conseguirei recolhê-las de volta! Impossível Senhor!” Então Jesus lhe disse: “é isso que acontece com cada palavra que sai de tua boca contra teus irmãos, amigos ou mesmo inimigos – nunca voltarão atrás”. A má-língua é outro dos muitos pecados que as pessoas nunca se cansam de usar em seu favor quando escavam a cova que acham que é para alguém! Quaisquer maldizentes serão sempre vitimas, futuramente, de sua própria língua, “os quais maquinam maldades no coração; estão sempre projectando guerras. (3) Aguçaram as línguas como a serpente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios. (4) Guarda-me, ó Senhor, das mãos dos ímpios”, Sal.140:2-5.

“Os lábios do tolo entram em contendas e a sua boca clama por açoites. (Isto não quer dizer que o tolo entra em contendas, mas antes que quem entra em contendas é tolo). (7) A boca do tolo é a sua própria destruição e os seus lábios um laço para a sua alma. (8) As palavras do difamador são como bocados doces, que penetram até o íntimo das entranhas” Prov.18:6-8.

Vamos deixar de escavar covas onde Deus diz que vamos cair porque a ira assim determinou? “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”, Prov.28:13. Vem maldizente, coloca freios em tua língua e deixa de falar fácil. É preciso colocar a terra de volta na cova e tapá-la. Quem mais cairá numa cova encerrada? Aquele que roubava que trabalhe para poder dar agora – que aprenda a fazer o oposto. Todo aquele que mentia, que fale a verdade – parar de mentir apenas (o que ainda não será falar a verdade!), não cobrirá sua cova com terra de volta. Vamos, pois lemos nas Escrituras que “virá um Redentor aos que se desviarem da transgressão, diz o Senhor”, Is.59:20.

 

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