Abra a porta para alguém

Autor: Isaltino Gomes Coelho Filho

No excelente livro Homens são de Israel, mulheres são de Moabe, Wakefield e Broisma fazem uma boa análise sobre o relacionamento homem e mulher. O livro segue uma linha discordante de outro, Homens são de Marte, mulheres são de Vênus. Os autores não se preocupam em refutar este livro, mas seus argumentos são mais consistentes, do ponto de vista cristão.
Em um dos capítulos os autores abordam a figura de Nabal, o grosseiro marido de Abigail. Citam o testemunho dado por um dos servos de Nabal: “Ele é um homem tão mau que ninguém consegue conversar com ele” (2Sm 25.17). Deve ser duro trabalhar para uma pessoa assim. Coitado do empregado que trabalha para um Nabal. Os autores comentam que muitos maridos não aprovariam as atitudes de Nabal, mas chegam perto, com a adoção de uma atitude “não espere que eu seja gentil”. A seguir, contam a história de Sam.
Sam achava que tratar bem as mulheres era ser efeminado. Fazia questão de ser “grosso” no trato com a esposa. Por isso, nunca abria a porta para sua esposa. Grosseiramente costumava dizer: “Ela não tem os braços quebrados. Ela mesma pode abri-la”. Um dia, a mulher de Sam faleceu (os autores não dizem se foi de desgosto) e pela primeira vez ele descobriu como amava a esposa.
No funeral, os homens levavam o caixão para carro fúnebre, perto do qual Sam estava. O agente funerário lhe pediu: “Abra a porta para ela, por favor”. Quando foi abrir a porta do carro, Sam teve um momento de lucidez. “Caiu a ficha”, como se diz. “Eu nunca abri a porta para ela em vida; agora, na sua morte, esta será a minha primeira e única vez”. E a seguir desatou a chorar, de remorso pelo seu espírito insensível.
Na sua vida você tem oportunidade de abrir a porta para muita gente. Não deixe para fazer isto quando a pessoa tiver falecido. Estando na Faculdade Teológica Batista de Brasília, em outubro, tive a oportunidade de rever o Pr. Júlio Borges de Macedo Filho. Deus me permitiu rever o colega após 11 anos. Dei-lhe um grande abraço. Disse-lhe como ele foi importante para mim, despertando-me o amor pela igreja local, estimulando a desenvolver uma filosofia de ministério, e pelas portas que me abriu. Júlio é um abridor de portas para os outros. Abriu-me porta, abriu-me os olhos, ensinou-me muitas coisas. Não agradecer nem reconhecer seria agir com Sam, fazer tarde demais.
Se você tem oportunidade de ser útil, seja. Se pode ser gentil com alguém, seja. Nunca seja um Nabal. Abra a porta para sua esposa. Para seus filhos. Para seus irmãos em Cristo. Você espera que seu pastor seja um abridor de portas para você? Tudo bem. Tente, um dia, abrir a porta para ele. Nunca pense que os outros, se não têm braços quebrados, podem fazer. Elas podem. Mas você também não tem braços quebrados. Pode abrir porta, beneficiar, marcar a vida de alguém.
Coitado de Sam! Coitado de Nabal! Coitado de quem nunca se esforça para ser agradável ou para ajudar alguém. Abrir a porta não é ser efeminado. E não abrir porta não é ser másculo. “Nabal” significa “insensato, tolo”. Quando Davi se dispôs a destruir Nabal por sua grossura, Abigail o procurou e lhe fez uma súplica: “porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele” (1Sm 25.25). As pessoas assim são vistas pelas demais como loucas, sem juízo. Abrir portas não é ser frouxo. Recusar-se a abrir não é sinal de firmeza. É ser insensato.
Abra a porta para alguém. Hoje. Amanhã pode ser inútil.

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