A Última Semana

Autor: Juarez Marcondes Filho

A vida terrena de Jesus foi breve; pouco mais de 30 anos. As informações a seu respeito estão concentradas no período do seu ministério, cerca de 3 anos. Mas decisivo foi o que aconteceu na última semana. Enquanto os Evangelhos sinóticos narram os 30 primeiros anos de Jesus em apenas 2 capítulos, o Evangelho de João usa 10 capítulos para relatar os fatos que tiveram lugar nesta última semana.
A marca inicial é a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mateus 21.1-9; Marcos 11.1-10; Lucas 19.28-38; João 12.12-19). Não era a primeira vez que Jesus se dirigia para Jerusalém; sempre acompanhou as festividades do calendário judaico; e, agora, mais uma vez, ia para a celebração da Páscoa. Mas desta vez tudo seria diferente, a começar do seu ingresso. Numerosa multidão foi recepcioná-lo, e de um modo inusitado: estendendo vestes e ramos pelo caminho por onde Jesus passava, montado num humilde jumentinho emprestado. Eis ai, a origem do Domingo de Ramos, que celebramos nesta data.
O que se seguiu pode ser resumido da seguinte maneira: a) discussões com autoridades religiosas; b) últimas preleções com os discípulos; c) o caminho do Calvário até a Ressurreição. Foi uma agenda muito cheia.
No ítem discussões, Jesus passou a ter um tom mais forte, demonstrando severo juízo para com aqueles que foram chamados para recebê-lo e, efetivamente o rejeitaram (João 1.11). Os sinóticos registram o episódio da figueira sem fruto, as parábolas dos lavradores maus, das bodas, e a polêmica com os saduceus; Mateus é o único a registrar a parábola dos 2 filhos, numa clara referência aos que assumem o compromisso com Deus, mas não cumprem.
No tocante ao ensino, é nesta derradeira semana que Jesus profere dois grandes discursos: o chamado sermão profético (Mateus 24-25) e o discurso da despedida (João 14-17). No primeiro, Jesus joga luzes sobre um futuro remoto, numa perspectiva escatológica; no último, a sua palavra é de advertência e encorajamento, finalizando com o apelo à unidade para o cumprimento da missão.
Mas eis que é chegado o tempo, e o caminho do Calvário se torna inevitável. Contrariando o parecer comum, Jesus afirmou: “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (João 15.13). Em obediência ao Pai e por amor aos seus amigos, Jesus se dispõe a derramar o seu precioso sangue, que nos purifica de nossos pecados.
A agonia do Getsêmani, a prisão, o comparecimento perante o Sinédrio e, depois, perante o governador da província, Pilatos, a humilhação e o desprezo, tudo culminou com a crucificação. Longa caminhada que se esgota no Lugar da Caveira, pelo formato da rocha; este é o significado da expressão “Gólgota”. O registro bíblico nos dá conta de que desde o meio-dia até às três horas da tarde houve trevas sobre toda a terra. E nem poderia ser diferente. Jamais houve hora mais tenebrosa do que esta.
Exatamente ao cabo deste tempo, Jesus expirou. Foi sepultado. E uma guarda especial foi destacada para vigiar sua sepultura. Que semana esta última semana! Rememoremos com intensidade cada passo desta jornada, para podermos alcançar ao seu final a inauguração de um novo tempo, com a manhã da ressurreição.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*