Autor: Germanio Bender
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é presente de Deus” (Efésios 2.8)
Esta palavra foi muito importante para os Reformadores do século XVI, especialmente para Martim Lutero. Isso porque naquele tempo as pessoas achavam que poderiam conquistar, merecer e alcançar a salvação por meio de suas obras. Estas obras poderiam consistir desde a compra de indulgências, “cartas de salvação” vendidas pela igreja, até fazer peregrinações para Jerusalém com o objetivo de livrar a cidade santa do domínio dos turcos. Pelo estudo da Bíblia, Lutero e outros descobriram que não é possível agradar a Deus e nem alcançar a salvação pelos nossos esforços humanos, por maiores que eles sejam. Os reformadores encontraram na Bíblia, em passagens como a nossa, argumentos para esta re-descoberta, que eles passaram a defender e divulgar com muita coragem e convicção.
Mais de 500 anos já se passaram desde o tempo em que os Reformadores anunciaram esta mensagem libertadora. Mas o que aconteceu? Vivemos num tempo em que muitos ainda pensam conseguir os favores de Deus mediante obras e méritos de nossa parte. Há igrejas que oferecem a salvação divina mediante sacrifícios exigidos da parte de seus membros (“clientes”?) ou freqüentadores. Estes sacrifícios podem consistir desde o dinheiro que damos à Igreja, até vigílias e peregrinações a lugares “santos”, como pagamento de promessas e outras obras. Será que chegou o tempo de uma nova “reforma” na igreja? Acredito que a Palavra da Bíblia citada acima é um desafio enorme para os nossos tempos. Meditemos com sinceridade sobre ela.
Todos nós, se formos sinceros conosco mesmos, sabemos que nada temos e nada fazemos para merecer a misericórdia, o perdão e a salvação de Deus. Falhamos e pecamos diariamente contra a Sua palavra, não amamos a Deus e nem confiamos nele acima de todas as coisas. Também não conseguimos amar o nosso próximo como a nós mesmos. Mas esta realidade não deve fazer-nos desesperar. Pelo contrário, o reconhecimento da nossa situação deve levar-nos de volta à comunhão com Deus, à confiança no seu amor para conosco e à aceitação do perdão que Ele nos oferece por meio de Seu filho Jesus. Tudo isso está a nossa disposição. É a grande oferta, um enorme presente de Deus. E podemos tomar conta disso tudo por meio da fé em Cristo. Isto é o que chamamos de “graça de Deus”.
Para ilustrar o que estamos falando, quero contar uma história muito interessante. O rei italiano Umberto I viveu nos anos de 1844-1900. Conta-se que certo dia o ministro da justiça enviou-lhe um pedido de um preso, que fora condenado a vinte anos de prisão. O preso pedia que fosse perdoado e liberto da prisão. Debaixo desse pedido de clemência, o ministro tinha escrito o seu parecer: “Graça impossível, deixar na prisão”.
O rei leu com atenção o pedido do preso e também a anotação do ministro da justiça. Pegou a caneta, riscou a vírgula atrás da palavra “impossível” e recuou-a uma palavra, colocando-a depois da palavra “graça”. Então a frase ficou assim: “Graça, impossível deixar na prisão”. Abaixo ele escreveu: “Estou de acordo” e assinou a petição. Com isso o condenado foi atendido e liberto da prisão.
Esta é a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, a boa nova que ele nos traz sempre de novo e que foi o centro da pregação do reformador Martim Lutero. Deixemos de lado o orgulho e a presunção de que merecemos algo da parte de Deus. Ele nos dá tudo de graça e especialmente a salvação por meio da fé em Cristo. Assim como a libertação do condenado acima mencionado foi pura misericórdia do rei, assim também a nossa libertação e salvação é pura graça de Deus e nunca mérito nosso. Deixemo-nos presentear por aquilo que é o mais precioso para Deus: perdão, vida nova e salvação. Sejamos instrumentos dessa boa mensagem para as pessoas do nosso tempo. Um grande abraço!
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