A Grande Comissão

Autor: Mitsuo Noyama

A humanidade nem sabe qual é a igreja que proclama com fidelidade as Boas Novas anunciadas por Jesus Cristo diante de tantas denominações cristãs. Muitas delas com propósitos de atender apenas anseios imediatos de pessoas ou grupos dominantes — seguindo os perigosos caminhos do bem comum — democráticas do ponto de vista institucional, mas nem sempre coerentes com a Palavra de Deus, pelo fato de admitir a exclusão. Sem dúvida, são igrejas do modelo digamos corporativo, onde a igreja institucional (visível),muito mais fortalecida, tende a sufocar a mística (invisível), quando esta é a essência daquela. Entendo ser salutar preservar as ricas tradições, mas preocupa-me o tradicionalismo.
Uma das primeiras conseqüências são as dissensões internas diante do surgimento dos dons de ministérios, envolvendo e capacitando a comunidade para o testemunho da Palavra, numa abundante alegria do crente pela 1ibertação dos dons espirituais para o cumprimento das ações evangelizadoras, pois: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4,11). Não poderia ser de outra forma, pois é versículo de chamamento para participação de todos as membros da Igreja, das responsabilidades dos convertidos para o fortalecimento das atividades missionárias.
Compartilho com as indagações do povo reavaliando sempre, em orações, meus procedimentos face às instruções de Jesus aos seus discípulos: “ide portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28, 9-20). É o texto conhecido como a “Grande Comissão”, que tem o propósito de convocar e encorajar os discípulos para testemunhar Jesus Cristo. Pois somos testemunhas convocadas. Não há opção, é obedecer ou não! “…ser-me eis testemunhas”(At 1,8).
Creio que a Igreja deve caminhar em comunhão acolhedora, que convida e aceita pessoas, atraindo e incorporando a todas com suas diferenças; pois são indispensáveis como órgãos do Corpo de Cristo para o pleno funcionamento do todo em harmonia, sob direcionamento da cabeça, Jesus Cristo: “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja…”(Col 1,18).
Portanto esta deve ser a tarefa prioritária das lideranças, seguindo os exemplos do profeta precursor, João Batista, a voz que clamava destemida, chamando para o arrependimento, ecoando no deserto, anunciando a presença do Mestre.
Sabemos o resultado maravilhoso do trabalho de João, que com abnegação, fidelidade e humildade, tão somente serviu, anunciando Jesus de forma eficiente afirmando: “não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias”(Jo1,36-37).
Sem dúvida alguma o exemplo de João deve ser seguido pelas lideranças e assim sermos proficientes para anunciar e apontar Cristo. Eis a grande missão!
O apóstolo Paulo em sua primeira Epístola aos Coríntios, nos versos iniciais, demonstra seu esforço e preocupação com o trabalho missionário, com as dificuldades que marcaram a caminhada da nascente Igreja de Cristo. Percebemos sua linha de ação com ênfase à união, deixando bem claro que a igreja não era de Paulo, Apolo ou Cefas, mas de Cristo, num combate direto ao personalismo e/ou círculos de exclusividade que propiciam o desenvolvimento da comunhão corporativa. A Bíblia nos alerta: “O pendor da carne dá para a morte, mas a do Espírito, para a vida e paz”(Rm 8,6).
Os desafios são muitos. Vencê-los é tarefa de todas as lideranças clericais e leigas, unidas em comunhão, capacitadas pelo Espírito Santo, para a colheita de bons frutos, de um novo tempo, que nos guia para a unidade em Cristo, com visão profética, quando as diferenças deverão ser equacionadas para que a resultante seja a liberdade no amor incondicional de Deus, que nos oferece os caminhos da vitória final por seu amado Filho Nosso Senhor Jesus Cristo.
Que Deus nos abençoe. Amém.  
 
* Rev. Mitsuo Noyama é Ministro Encarregado da Missão Lídia, em Santo André