A conquista do Império Romano

Autor: Bertil Ekström




Introdução
No fim do 1o século, a Igreja se encontrava num franco progresso, alcançando os diversos pontos do Império Romano – o período de 100 a 500 d.C. esta expansão continuou, pelo menos enquanto a Igreja era livre e não se comprometera ainda com o poder terreno. Estes 400 anos englobam extremos, como forte expansão e o retrocesso, a perseguição por parte dos imperadores romanos e o casamento” entre a igreja e o império.

1. Formas de expansão do evangelho no Império Romano
Várias formas de propagação do Evangelho contribuíram para a expansão nos dois primeiros séculos da era cristã:
1.1. A pregação e o ensino de evangelistas;
1.2. O testemunho pessoal dos crentes;
1.3. Tos de bondade e caridade;
1.4. A fé mostrada na perseguição e morte; e
1.5. O raciocínio intelectual dos primeiros apologistas.
Havia um forte entusiasmo por parte dos primeiros cristãos em levar a mensagem de Cristo a outros e em relatar sua experiência pessoal.
Os imperadores romanos podiam impedir reuniões em massa, mas o testemunho pessoal dado no dia – a – dia era impos­sível de controlar.

2. O Relacionamento entre a Igreja e o Império
Com o aumento do número de adeptos da fé cristã, a Igreja começou a ser incômoda para os governantes do Império. Perseguições foram as armas imperiais para liquidar com os cristãos. Paulo e Pedro sentiram o poder da perseguição já nos anos 64-67 quando foram martirizados. No ano de 81, sob o domínio de Dominicano, as perseguições se agravaram e perdu­raram por mais de dois séculos.
Imperadores como Décio, que reinou entre 249 e 251, e Diocleciano (284-305), fizeram tentativas de eliminar a Igreja de uma vez por todas. Mas, no meio de todas as perseguições, a Igreja cresceu e chegou, como citamos no capítulo anterior, a 8 milhões de adeptos em torno do ano 300.
Constantino ascendeu ao poder em 306 e, inicialmente, continuou a perseguição imposta por seus antecessores. Con­verteu-se, no entanto, ao Cristianismo e em 311 decretou a lei da tolerância e dois anos mais tarde a lei da igualdade, dando liberdade de religião no Império.
Foi, entretanto, o Imperador Teodósio, o Grande, que em 380 impôs uma lei que elevava a Igreja de Cristo ã religião oficial do Estado e que proibia os demais cultos religiosos dentro do Império.
Os interesses se misturaram e o imperador e o bispo prin­cipal, o metropolita, dividiam o poder, tanto na Igreja, como no Estado.

3. As Lutas contra as heresias
Numa Igreja que se expandia fortemente e que estava ainda em fase de estruturação, líderes de diversos tipos foram sur­gindo. As idéias sobre o Cânon Bíblico, especialmente o do Novo Testamento, ou sobre aspectos de liturgia, administração da Igreja, hierarquia eclesiástica, etc, divergiam. Centros teo­lógicos se estabeleceram em alguns pontos do Império e, geralmente, tinham sua linha a defender. As divergências entre o lado ocidental e o lado oriental se agravaram e levaram a uma divisão.
Para tentar manter um padrão apostólico quanto aos ensi­namentos básicos da Igreja, refutando hereges como Ano (faleceu cerca de 335) e antes dele Marcião (faleceu cerca de 160), concílios e sínodos eram organizados. Dois importantes concílios foram: Nicéia em 325 e Constantinopla em 381.

4. Personagens de destaque
Poderíamos mencionar muitas pessoas importantes nestes primeiros séculos do Cristianismo. Por exemplo, os “pais da Igreja” que defenderam a fé contra as heresias e se empenha­ram em conduz ir a Igreja conforme deixada pelos apóstolos. Vamos, todavia, destacar um personagem de cada século, que com sua coragem e testemunho, contribuiu para a obra missio­nária.
4.1. Policarpo (século II)
Bispo em Esmirna, discípulo de João, teve um ministé­rio de cerca de 50 anos como bispo. Foi martirizado, queimado numa estaca no ano de 156.
4.2. Perpétua (século III)
Juntou-se a um grupo de crentes em Cartago, no norte da África, que funcionava apesar da proibição do impe­rador. Presa, assim como os demais do grupo, foi con­denada à morte e após ter sofrido tortura psicológica e física, foi decapitada.
4.3. Ulfilas (311 a 383)
Um dos maiores missionários da Igreja Primitiva. Tra­balhou entre os godos (atual Romênia) durante 40 anos. Traduziu a Bíblia para a língua nativa dos godos tendo que, primeiramente, montar um alfabeto. Era ariano e deixou de incluir alguns livros do Antigo Testamento mas deixou um importante testemunho de coragem e persistência.
4.4. Patrício (cerca de 389 a 474)
Nascido na Escócia, filho de um sacerdote celta. Foi feito escravo quando tinha 16 anos de idade e levado à Irlanda. Escapou após 6 anos e passou 10 anos com sua família, sendo novamente aprisionado e levado à Fran­ça. Recuperou sua liberdade e voltou aos seus, mas desejou Fogo voltar aos “pagãos” para evangelizá-los. Preparou-se na França para depois viajar de novo à Irlanda. Ficou conhecido como o apóstolo da Irlanda onde fundou, calcula-se, 200 igrejas com mais de cem mil convertidos.
4.5. Columba (521 a 597)
Nascido na Irlanda, foi um dos mais famosos missioná­rios celtas. Não deve ser confundido com outro Colum­ba, mais frequentemente chamado Columbano, que viveu alguns anos mais tarde.
Columba estabeleceu um centro celta na ilha de lona, no litoral da Escócia, do qual fez sua base de trabalho. Além da vida monástica praticada em seu mosteiro com alto grau de piedade, ele primava pelo preparo de evangelistas que eram enviados para a Escócia a fim de pregarem o evangelho, construírem igrejas e estabe­lecerem novos mosteiros. O trabalho se estendeu por todo o país e posteriormente, também para outros paí­ses europeus.

5. O monasticismo e os celtas
O Monasticismo contribuiu fortemente para o movimento missionário, gerando grande parte dos missionários entre os séculos VI e XVIII. Surgido inicialmente no deserto do Egito com liderança leiga, ganhou adeptos em diferentes partes do Império dominado pela Igreja.
Os objetivos da vida monástica eram, principalmente, tra­balho, adoração, ascetismo, estudo, obediência e cooperativis­mo. Com o passar do tempo, deixou de ser unicamente voltado para dentro de si e ganhou um aspecto missionário. Um dos famosos reformadores do monasticismo foi Bene­dito de Núrsia (480 a 542 d.C.), conhecido como São Bento. Sua idéia era que o mosteiro deveria ter auto-suficiência eco­nômica e cria que era possível seguir o exemplo dos primeiros cristãos em Jerusalém, dividindo todas as coisas entre os mem­bros da comunidade.
O modelo adotado por São Bento foi seguido pela maioria dos mosteiros e ordens monásticas. Os celtas formaram a igreja monástica mais missionária. Sua origem estava no povo celta que no século VII a.C. vivia espalhado pela Europa. É provável que os gálatas eram de origem celta (compare as consoantes g-l-t e c-l-t). No século III da era cristã chegaram com o evangelho para a Bretanha fundando igrejas. Patrício, como vimos, vinha de uma tradição cristã celta. Características para a Igreja celta eram:
5.1. Uso do idioma nacional no trabalho missionário, tradu­zindo as Escrituras;
5.2. Zelo missionário e mobilidade no trabalho;
5.3. Piedade e austeridade;
 

Extraído do livro: História de Missões
Um Guia de estudo da história missionária
Autor: Bertil Ekström


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