A busca da perfeição estética: obsessão ou simples vaidade?

Autor: Pastora Renata Balarini Coelho
É inegável a grande influência exercida pela mídia sobre as pessoas. Os meios de comunicação ditam a moda, os gostos, as regras comportamentais e até os valores que devem ser adotados. O fato é que a maior parte das pessoas, iludida pelo que é exposto pelos veículos de propaganda, acaba aceitando, resignada, tudo o que lhe é vendido. Atualmente, temo-nos deparado com um processo que vem sendo acentuado: a inversão dos valores éticos, morais e espirituais. Vivemos em um mundo onde a maioria das pessoas está voltada unicamente para o que lhe interessa. Homens e mulheres são individualistas, egoístas e procuram enclausurar-se em um mundo particular, buscando satisfazer suas vontades pessoais, solucionar seus próprios problemas e alimentar o ego. Assim, até mesmo muitos cristãos sentem-se perdidos e desorientados frente a tudo o que lhes tem sido mostrado de forma, muitas vezes, disfarçada e inofensiva.
Um dos assuntos que têm sido abordados com maior freqüência diz respeito à hipervalorização do corpo e dos atributos estéticos em detrimento da essência, do conteúdo e da vida espiritual. Hoje, somos bombardeados por cenas agressivas de sexo e nudez, exibidas constantemente e sem critério algum pela televisão, em sua guerra obsessiva pela audiência. Homens e mulheres disputam um lugar ao sol nas capas das revistas eróticas, explorando a intimidade de seu corpo em busca de fama, dinheiro e sucesso. A traição e o adultério têm sido temas freqüentes de programas de variedades, encarados, muitas vezes, como diversão ou ato natural e instintivo do ser humano. Há uma lamentável inversão de valores no mundo atual. Não é raro chegarem ao nosso conhecimento casos de artistas que dizem servir ao Senhor e, no entanto, exibem-se vulgarmente em revistas e programas de apelo sexual. Tudo isso tem feito com que o sexo seja banalizado, e as pessoas, coisificadas, isto é, reduzidas a objetos usados apenas para suprir carências e saciar desejos. Até as crianças são erotizadas prematuramente.
Desde tempos remotos, o homem se preocupa em cuidar de seu corpo. As pessoas sempre quiseram estar inseridas no padrão de beleza vigente. Nessa busca contínua da vaidade, passaram a adotar dietas balanceadas, exercícios físicos e cuidados específicos com a saúde, o que sempre foi de suma importância para manter uma vida longa e saudável. Entretanto, de uns tempos para cá, muitas delas, influenciadas pelas idéias vazias veiculadas pela mídia, têm procurado a beleza e a perfeição estética a qualquer custo, valendo-se de todos os recursos oferecidos pela medicina estética – terapias de rejuvenescimento, cirurgias, lipoaspirações, implantes de silicone, aplicações de ácidos etc.
A busca desenfreada do corpo perfeito tem feito com que estas pessoas deixem de lado áreas importantes da vida como o crescimento intelectual, cultural e espiritual. Na ânsia de exibir curvas meticulosamente esculpidas por bisturis, dietas desregradas e exercícios físicos sem limites, homens e mulheres apelam para atitudes vulgares e vestimentas inadequadas. Com isto, além de agredirem o próprio corpo, lançam mão de recursos baixos para atrair olhares do sexo oposto; passam a utilizar seus dotes estéticos como arma de sedução continuamente colocada à prova – como se o valor de cada um tivesse de ser confirmado pelos atributos corporais. Muitos desavisados deixam-se contaminar por tais excessos e dão vazão a sentimentos maléficos como a cobiça, a inveja e o ódio, que geram traição, adultério, depressão e assim por diante. São estes elementos capazes de destruir lares e casamentos.
Por outro lado, seria uma grande injustiça dizer que os recursos propostos pela medicina estética só têm desempenhado um papel negativo na vida das pessoas que os utilizam, pois muitas delas têm alcançado enorme satisfação com tais avanços. Por isso, a fim de conseguirmos obter respostas para muitas dúvidas que pairam em nossas mentes, devemos recorrer sempre à Palavra de Deus e verificar o que ela tem a nos dizer e aconselhar.
A Bíblia diz que nosso corpo é um invólucro, cuja função é abrigar dentro de si um espírito imortal; em outras palavras, nosso corpo é o templo sagrado onde habita o Espírito Santo de Deus conforme 1 Coríntios 3.16. Tendo esta importante função, é preciso que seja cuidado e mantido livre de agressões. O próprio rei Salomão diz sabiamente, em Provérbios 11.17, que o homem cruel perturba a sua própria carne. Se desejamos agir com sabedoria e agradar ao Senhor, é necessário que evitemos os excessos prejudiciais ao templo do Espírito Santo e procuremos cuidar dele com dedicação.
Claro que a vontade de Deus é que seus filhos cresçam em graça e formosura. Afinal, o capricho com a aparência é um dos traços da personalidade cristã. Assim sendo, as mulheres, principalmente, devem evitar ser desleixadas. Ao contrário, é preciso que cuidem da pele, do corpo e dos cabelos, fazendo uso de recursos como maquiagem, cremes, dietas saudáveis e atividade física moderada. Bom é que usem aparatos e trajes adequados, que não as vulgarizem. No entanto, é fundamental que, acima destes adornos utilizados para atrair seu companheiro, estejam o temor ao Senhor e as virtudes apreciadas por Deus – como santidade, paciência e meiguice -, que são de imenso valor se comparados com a beleza exterior, pois vão impedir que ela se corrompa pelos valores mundanos.
O mesmo procedimento deve ser usado pelo homem de Deus. Além de zelar pelo seu corpo, que é santuário do Espírito Santo, é necessário que mantenha constante comunhão com o Senhor, para que não cobice a beleza enganosa da mulher mundana, que procede vergonhosamente e sem razão de acordo com Provérbios 11.22. Pelo contrário, como servo de Deus, deve ter o intuito de guardar-se da contaminação mundana e reter os valores aprazíveis ao Senhor, tais como a honra, a fidelidade e o temor a Deus, tendo, além disso, a sabedoria de valorizar sua companheira e ser atraído por seu amor.
Se quisermos levar uma vida agradável a Deus, é preciso que, em todas as coisas, tenhamos moderação e constância, evitando o que é excessivo. Ao invés de tentarmos, incansavelmente, inserir-nos nos padrões de beleza e comportamento vigentes, agredindo nosso próprio corpo, busquemos filtrar tudo o que chega até nós, guardando apenas o que é bom, edificante e que se encontra confirmado na Palavra de Deus. Afinal, como disse o próprio Senhor Jesus, onde estiver o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração. Que nossos tesouros estejam nos lugares celestiais e não na vaidade fútil e exagerada.

Renata Balarini Coelho é bacharel em Letras, trabalha como tradutora e revisora para editoras evangélicas e é pastora da Igreja Casa de Oração Vivendo em Cristo, em São Paulo. Para contactá-la, escreva para o seguinte e-mail: rbalarini@yahoo.com.

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