Autor: B. B. Warfield (1911)
Por vezes dizem-nos que a justificação pela fé está "fora de moda". Seria lamentável, se fosse verdade. O que isso significaria é que o caminho da salvação estaria fechado e nenhuma "via de comunicação" existiria sobre as barreiras impostas. Não existe justificação para indivíduos pecaminosos excepto pela fé. As obras de um indivíduo pecaminoso serão, com certeza, tão pecaminosas quanto ele é, e nada pode ser construído por cima delas a não ser a condenação. Onde é que ele pode buscar obras sobre as quais pode encontrar esperança da justificação excepto nas de Outro? A sua esperança de justificação é, lembremo-nos, ser declarado justo por Deus. Pode Deus declará-lo justo excepto na base de obras que são justas? E onde é que um indivíduo pode encontrar obras que são justas? Não as suas, certamente; pois, não é ele um pecador e as suas obras tão pecaminosas quanto ele? Assim, ele precisa de ir ao exterior de si próprio para encontrar obras que possa oferecer a Deus como sendo justas. E onde é que ele encontrará essas obras excepto em Cristo? Ou como as fará como sendo as suas próprias obras excepto pela fé em Cristo?
A Justificação pela Fé, como vemos, não deve ser posta em contradição à Justificação pelas Obras. É somente posta em contradição à justificação pelas nossas próprias obras. Aquela é a Justificação pelas Obras de Cristo. Assim sendo, a questão fundamental é saber se podemos esperar o favor de Deus sobre a base do que fazemos ou somente na base do que Cristo faz por nós. Se esperarmos sermos recebidos na base do que fazemos – é o que chamamos justificação pelas obras; se for na base do que Cristo faz por nós – é o que chamamos justificação pela fé. A Justificação pela Fé significa, por assim dizer, que olhamos para Cristo e somente para Ele para salvação, e vimos a Deus reclamando a morte e justiça de Cristo como a base da nossa esperança de termos o Seu favor. Se a Justificação pela Fé está fora de moda, isso quer dizer que a salvação através de Cristo está também fora de moda. Não nos resta nada, nesse caso, do que cada homem deva fazer o seu melhor para se salvar a si próprio.
A Justificação pela Fé não significa, portanto, salvação por acreditar em coisas ao invés de fazer o que está certo. Significa implorar os méritos de Cristo diante do trono da Graça ao invés de defender os nossos próprios méritos. Pode ser bom acreditar em coisas, mas fazer o que está certo é certamente bom. O problema de defender os nossos próprios méritos diante de Deus não é que eles não fossem aceitáveis diante dEle. O problema é que não possuímos qualquer mérito que possamos defender diante de Deus. Adão, antes da queda, tinha os seus próprios méritos e porque tinha mérito próprio era, na sua própria pessoa, aceitável diante de Deus. Ele não precisava de Outro que estivesse entre ele e Deus, de Alguém cujos méritos fossem reclamados. Logo, não se fala da sua justificação pela fé. Mas nós não somos como Adão antes da queda; somos pecadores e não possuímos qualquer mérito próprio. Se temos que ser justificados terá então de ser na base dos méritos de Outro, méritos esses que podem ser tornados nossos pela fé. É por essa razão que Deus enviou o seu Filho único para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Isto é a Justificação pela Fé. Justificação pela Fé não nem mais nem menos que obter a vida eterna crendo em Cristo. Se a Justificação pela Fé está fora de moda, então a salvação através de Cristo também está fora de moda. E como não há nenhum outro nome debaixo do céu, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos, se a salvação através de Cristo está fora de moda, então a própria salvação está fora de moda. Certamente que num mundo de indivíduos pecaminosos, precisando de salvação, seria lamentável
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