Por uma Teologia de Esperança.

Autor: Wislanildo Franco




A pregação de Jesus Cristo nos arranca deste mundo, falando de um mundo conceitualmente diferente do nosso, e nos levando a ser diferentes do mundo, tornando-nos partícipes da paz.

O princípio da esperança estabelece que a fé é uma prioridade da vida, mas a esperança tem a primazia. A fé vem primeiro, depois a esperança, mas a fé deve expandir-se em esperança. A fé implica esperança, pois esta enfraquece sem fé. Assim como a fé em Cristo sem esperança, produz um conhecimento de Cristo passageiro e infrutífero.  A esperança implica a fé, pois esta sem aquela torna-se mera utopia, perdendo-se a dimensão teológica.

A experiência do A.T. é experiência de promessas, de expectativas e esperança, e com os profetas, esperança escatológica. Os fatos avançam no tempo diretamente para o objetivo da promessa. A revelação tem caracter promissor, justificando que as revelações de Deus são promessas abrindo horizontes históricos e escatológicos.

O escatológico é o futuro universal e radical. É universal porque se estende a todos os povos. É radical porque não é a vitória sobre a fome, a pobreza, a miséria e a injustiça, mas porque é um futuro que se estende além do limite da existência – um futuro para além da morte.

Do mesmo modo, o Evangelho não cumpre promessas, mas as ratifica, apontando para o futuro da salvação escatológica. O Evangelho é ratificação de promessas e ele mesmo é promessa aberta acerca do futuro de Cristo.

A escatologia cristã ultrapassa as promessas do A.T. e delas se diferencia na medida em que se fala de Cristo e seu futuro.. A escatologia cristã é cristologia em perspectiva escatológica.

A ressurreição de Cristo é ratificação de promessas, sendo universalizada e radicalizada na perspectiva escatológica – “promissio inquieta” – encontrando repouso na ressurreição dos mortos e na totalidade do novo ser.

A promessa gera a missão : “A pro-missio do Reino é o fundamento da missio do amor pelo mundo.” E “A missão é a esperança da fé em ação”.

A Igreja e o cristianismo estão marginalizados no mundo moderno. O cristianismo perdeu sua função de religião da sociedade. Mas a sociedade lhes pede que exerçam atividades sociais de alívio, incluindo-se a função de consolar diante da angústia existencial, de dar às pessoas no anonimato social secular, o sentido de pertença e o calor da fraternidade, de dar certezas em meio ao agnosticismo generalizado.

A comunidade cristã vive, não para si, mas de uma promessa, que descortina um horizonte esperançoso para toda a humanidade. , embora não seja a salvação do mundo, é um indicador do futuro para o mundo.

O objetivo de “Teologia da Esperança” é abrir no presente o futuro da justiça, da vida, do Reino de Deus e da liberdade do homem, em esperança. A garantia é a ressurreição de Cristo já acontecida – do presente de Cristo se extrapola o futuro do reino de Deus.

A esperança encontra fundamento na promessa de Deus e no futuro de Cristo. O Reino de Deus, objeto da esperança cristã é o Reino em que a morte será vencida. A escatologia cristã espera a ressurreição dos mortos, como “criação ex nihilo” da ressurreição prometida por Deus e garantida na ressurreição de Cristo. A esperança cristã é certeza confiante, mas não uma tranqüila segurança, e sim, um protesto contra a miséria, a injustiça, o pecado e a morte. A esperança está decidida a assumir com coragem “ a cruz da realidade”, sempre insatisfeita porque caminha em direção da promessa de Deus. 


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