Sacrifício x Comodismo

Autor: Gloecir Bianco

“Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21)
           
Ao ler o livro de Atos dos Apóstolos que narra cuidadosamente o desenvolvimento da igreja primitiva, deparei-me com uma pergunta: por quê os Cristãos de hoje não sofrem aquelas perseguições, açoites, prisões e até mortes narradas pelo evangelista Lucas? Será que é porque vivemos num mundo diferente daquele da narrativa? ou porque o cristianismo é aceito na maior parte do mundo e apenas nos países radicalmente muçulmanos, há a intolerância? Confesso que ainda estou intrigado. Outro fato que impressiona é a intripidez com que aqueles homens falavam de Jesus perante todos os homens, independentemente de credo, cor, raça ou cargo que eles exerciam.
O apóstolo Paulo, de forma profunda e arrojada, afirma em Filipenses que para ele “viver era Cristo”, de fato ninguém viveu mais Cristo do que Paulo. Quantas vezes ele foi preso, sofreu fragelos, perseguições, ameaças, para ele entretanto, “viver era Cristo” e se morresse estaria lucrando. O versículo 20 é também igualmente impressionante: “segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.”
Quantos de nós hoje podemos afirmar como Paulo, será que algum de nós podemos? Nosso país é livre, podemos louvar, adorar ao deus que escolhermos. É por isso que tantas crenças aparecem e crescem assustadoramente, até o satanismo tem lugar significativo em nosso país. É por isso que os evangélicos crescem em número, assustando outras denominações que ameaçam contra-atacar, afim de evitar a perda de fiéis.
Quantos dentre estes Cristãos estão em condições de afirmar e viver Cristo em seu dia a dia? Quantos foram verdadeiramente discipulados e estariam em condições e dispostos a morrer e ainda ver lucro nisto? Será que, “a ausência de perseguição ao cristianismo não advém do fato de estarem os cristãos instalados na sociedade, como parte do sistema, em processo permanente de autocensura e auto-inibição?” Será que “se os cristãos fossem mais coerentes e autênticos em sua fé, se fossem mais desafiadores e denunciadores, também não receberiam sua cota de sofrimento?”
Podemos imaginar “o que aconteceria se os cristãos questionassem com ousadia os ídolos, os cultos sincréticos, o carnaval, a indústria do vício e a improbidade administrativa. O que ocorreria? Não teríamos tanta paz…, não seríamos tão respeitados…”. Infelizmente, grande parte dos que se denominam cristãos estão intrincheirados em seus “mosteiros”, evitando se contaminar.

* Sitações entre aspas: Professor Robson Cavalcanti, bispo da Igreja Anglicana do Brasil, cientísta político em seu livro Cristianismo & Política

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*