Autor: Rev. Naamã Mendes
Muitos pais têm dificuldades de relacionamento com os seus filhos por não compreenderem muito bem o que ocorre com a moçada, que às vezes é tomada de desânimo e de irresponsabilidade, outras vezes de indiferença, podendo se tornar violenta. Por que isso acontece? O que os pais devem fazer?
A atual sociedade sobrevive por meio da prestação de serviços. Não se trabalha para viver, mas vive-se para trabalhar. Entre tantas outras atribuições está a tendência da família de delegar a educação dos filhos à escola, à igreja e até à televisão, que os intertêm nas horas vagas com programas nem sempre comprometidos com valores ético-morais. Atualmente, a família propriamente dita educa pouco suas próprias crianças. Na verdade, esse delegar acaba se constituindo por um jogo de empurra. O pai atribui a responsabilidade de educar os filhos à mãe, ambos atribuem a responsabilidade ao colégio. O colégio, por sua vez, cobra da família a boa educação dos alunos e assim por diante. Quando uma instituição – família, escola etc., responsabiliza a outra pela educação das crianças e dos jovens, ela tenta se eximir dos deveres que lhes cabe em relação ao processo de educação como um todo, pois a educação, no sentido amplo, é um processo que deve ser vivenciado em todos os contextos da vida social de um indivíduo. Cuidar da educação de uma criança é cuidar do mundo, da nação e da sociedade na qual ela está inserida. Infelizmente, um dos sentimentos que caracteriza a sociedade pós-moderna é a indiferença. Nessa perspectiva egocêntrica, muitos adultos não se importam com mais nada, nem com os filhos e, muito menos com a sociedade da qual fazem parte.
A violência dos nossos dias está relacionada, entre outros aspectos, com a entrega que os pais fazem dos seus filhos aos meios de comunicação. A televisão mostra muito bem que a nossa sociedade valoriza certas formas de violência e de corrupção, posturas como: passar a perna no outro, ficar à frente do outro, levar vantagem em tudo etc. são valores veiculados das mais diversas formas, até mesmo por estratégias subjacentes aos inocentes desenhos animados. Isto está associado ao poder, sentimento inerente à ambição humana. Assim,como todas as crianças procuram construir sua identidade com base nos valores que a sociedade considera positivos, acabam assimilando a violência como natural, deixando a moral em segundo plano. Passar a ganhar do outro sempre, ser melhor do que o outro são posturas que geram uma sociedade competitiva ao extremo, o outro passa a ser visto como adversário e não como fonte de interatividade necessária para relação saudável do homem consigo mesmo e com a sociedade.
Outro fator que têm contribuído muito para o aumento da violência é o abandono dos jovens à sua própria sorte por parte dos pais. Ser jovem é maravilhoso, todos os velhos querem ser jovens, senão física, pelo menos espiritualmente. Nesse afã, não se mexe muito no mundo dos jovens, o adulto procura não interferir no contexto deles, deixando-os com suas músicas, com seus costumes, sem qualquer tipo de diálogo que possa conduzi-los a uma postura mais rigorosa com relação à pertinência e aos valores das coisas que fazem do seu mundo. Enfim, os jovens são abandonados à própria sorte. Isso significa que os jovens e adolescentes da atual sociedade não têm sido ‘tutelados’ pelos adultos. Esse fato pode desequilibrar os nossos jovens, levando-os a dramas interiores dos mais diversos contornos psicológicos e comportamentais. À proporção que eles crescem, desenvolvendo suas capacidades cognitivas, perceptuais, críticas, etc. começam a perceber que não têm futuro, não sabem bem de onde vieram, para onde vão, nem o que querem. Não obstante as inúmeras opções que o mundo acadêmico e tecnológico e cultural oferece, percebem a falta de utopia, perdem os sonhos e a esperança, ficam presos ao ‘aqui e agora’, sem acreditar na possibilidade de um mundo melhor.
Na verdade, nem jovens nem crianças são suficientemente orientadas pelos adultos e esse é um dos motivos pelo qual estão em crise, perdidos e apáticos. Muitas vezes, a violência é a conseqüência da vergonha e da incapacidade de assumir responsabilidades. A falta de perspectiva gera, entre outras conseqüências maléficas, a vergonha. Esse sentimento pode levar muitos jovens a serem violentos, como forma de suprimirem a incapacidade de alcançar a glória que lhes é exigida. Raciocinam: se eu busco a glória, a probabilidade de eu sentir vergonha é muito grande, pois o sucesso e a fama pouca gente alcança e às vezes de forma passageira. Não é de se estranhar que tantos meninos que fizeram sucesso precocemente acabaram mal como o Pequeno Polegar, O Pixote, o menino da série Esqueceram de Mim. Existem vários outros exemplos de crianças que muito cedo tiveram fama, mas por terem perdido a proteção paterna perderam a vida.
Os filhos precisam de amor, de proteção, de sombra e de disciplina. A Palavra de Deus ensina: eduque a criança no caminho em que deve andar e até o fim da vida não se desviará dele. Pais, corrijam os seus filhos enquanto eles têm idade para aprender, não os tratem de um jeito que faça com que eles fiquem irritados e revoltados com vocês. Pelo contrário, vocês devem criá-los com disciplina, pautada no amor e nos ensinamentos cristãos. (Provérbios e Efésios).
Que tal começar hoje a buscar a Deus e assim aprender como amar os filhos?
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