Autor: Ágabo Borges de Sousa
Vivemos momentos desafiadores para a educação teológica e para a realidade evangélica no Brasil hoje. Muitas coisas mudaram nos últimos anos e muito ainda irá mudar nos próximos.
Por muito tempo, vivemos fechados em nossas necessidades internas, nos protegendo das influências da sociedade, que empurravam a Igreja a assumir posições ante seu contexto social.
Podemos lembrar da grande discussão sobre o “evangelho social”, quando perguntamos se a igreja deveria fazer ação social ou não. Hoje, é muito comum ver igrejas com escolas em suas dependências, fazendo algum trabalho de caráter assistencial, procurando atender as necessidade sociais, materiais e físicas do povo e não só as “espirituais”. Lembro-me ainda das discussões nos anos 80 e 90 sobre a possibilidade de reconhecimento dos cursos de teologia, acabando com a dependência da filosofia, como nos impunha o Decreto Lei 1.051/68. Hoje, mesmo que alguns ainda resistam, este ponto se tornou matéria vencida, pois já há orientação do MEC para a regulamentação dos cursos superiores de Teologia.
Mas despontam novos desafios e devemos estar alertas, para que não sejamos pegos de surpresa, como muitos têm sido no transcurso da história.
Discute-se hoje a regulamentação da “profissão de Pastor”. Considerando a realidade vivida hoje no Brasil, com a facilidade de tornar-se pastor – tanto que alguns não querem mais este título e sim, bispos ou apóstolos – a sociedade sente necessidade de proteger-se de indivíduos despreparados para esta atividade, compreendendo trazer eles, grande prejuízo às pessoas, famílias e outras estruturas sociais, afetando inclusive ao sistema econômico.
Dentro de algum tempo – creio que não muito longo – a profissão de pastor será oficialmente regulamentada, exigindo deste profissional uma formação adequada, obviamente em um curso de Teologia devidamente autorizado.
Por certo esta nova realidade que desponta no horizonte trará mudanças para as Igrejas, que terão que adequar a sua autonomia às leis do Estado, bem como as Ordens de Pastores, Batistas, que não terão como se isentar da responsabilidade com a lei.
O evangelho cresce, mas cresce também a cobrança social, por isso devemos ter claro diante de nós o ministério que nos está proposto. Devemos olhar essa nova constelação sem perder o foco do nosso compromisso. Mesmo que façam de nossa vocação uma profissão, não podemos deixar que a atividade ministerial perca a mística do chamado de Deus. Devemos manter este elemento fundamental para o exercício do ministério, olhando-o como o autor da carta a Timóteo:
“Dou graças àquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, porque me julgou fiel, pondo-me no seu ministério.” I Tm 1,12.
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